“O mercado de carros usados em Portugal enfrenta desafios de transparência, uma vez que vários veículos apresentam adulterações do conta-quilómetros. O último estudo da carVertical revela que um carro com quilometragem adulterada pode ser vendido por um valor inflacionado em 21”, começa por dar conta o comunicado.
“Significa isto que muitos portugueses acabam por pagar a mais pelos veículos usados, sem saberem que estão a ser vítimas deste tipo de fraude. O preço de carros com quilometragem adulterada varia em diferentes países”, acrescenta.
Segundo a carVertical, “os condutores preferem carros com baixa quilometragem na expectativa de que estejam em melhor estado e não necessitem de grandes reparações”.
E vai mais longe: “Pode ser difícil encontrar um comprador para um veículo com elevada quilometragem, a menos que o seu preço seja significativamente mais baixo. É, por isso, que vendedores fraudulentos alteram a quilometragem dos carros, inflacionando, artificialmente, os seus valores e obtendo mais lucro”.
Em média, os carros com quilometragem adulterada registam um aumento assombroso da sua valorização, podendo chegar aos 21%. O que significa que os condutores portugueses podem pagar um quinto a mais do que o valor real de um veículo, perdendo, assim, milhares de euros.
As piores situações encontram-se no Reino Unido (29%), em Itália (29%) e na Lituânia (25%), onde o aumento médio do valor é o mais elevado entre os 15 países inquiridos.
A Ucrânia (17%), a Polónia (19%) e a Roménia (20%) encontram-se no outro lado do espectro. No entanto, estes números não deixam de ser elevados, o que sugere que estas práticas fraudulentas poderão manter a sua popularidade nos próximos tempos.
Mais recente = maiores perdas
No que diz respeito à adulteração do conta-quilómetros, a idade do carro está fortemente relacionada com o potencial impacto financeiro num comprador. No caso de um veículo com 15 anos que tenha quilometragem alterada, é de salientar que esta fraude pode inflacionar o valor do veículo em 27% (média).
“Para colocar isto em perspetiva, por cada 100 mil km falsificados no conta-quilómetros, o comprador pode gastar, involuntariamente, cerca de €2.000 a mais. Assim, se o conta-quilómetros indicar um valor falsificado de 200 mil km em vez dos seus reais 400 mil km, o comprador pode acabar por gastar €4.000 a mais por esse automóvel”, pode ler-se.
Embora este aumento de preço possa parecer excessivo para um modelo de 2008, estes valores são calculados na plataforma da carVertical, onde os utilizadores costumam verificar mais veículos de gama superior e menos automóveis de classe económica.
“Quanto mais caro for um carro com quilometragem adulterada, mais dinheiro um comprador acabará por perder. Isto salienta a importância de uma verificação do historial antes de comprar um veículo. Caso contrário, pode ser demasiado tarde e obter um reembolso do vendedor pode ser complicado”, afirma Matas Buzelis, especialista em automóveis e diretor de comunicação da carVertical.
Adulteração varia com a marca
As diferentes marcas de automóveis reagem de forma diferente às alterações no conta-quilómetros. O aumento do valor pode variar entre 15% nos automóveis Mazda e Dacia e 27% nos modelos Land Rover.
Os condutores podem gastar até €2.200 a mais por cada 100 mil km adulterados quando compram um Opel. No entanto, outras marcas podem trazer ainda maiores prejuízos financeiros.
Os compradores da Renault podem perder até €2.300 por cada 100 mil km adulterados, os da Nissan €2.700, os da Škoda €4.200 euros e os da Toyota €5.000.
Quem adquire veículos de qualidade superior perde mais dinheiro a cada 100 mil km adulterados: Audi (€6.000), Volkswagen (€4.500), BMW (€7.000) e Mercedes-Benz (€10.600).
O impacto da fraude de quilometragem no valor de um carro pode variar significativamente, com certas marcas de automóveis e grupos etários a sofrerem perdas financeiras mais acentuadas.
Para os compradores em Portugal e no estrangeiro, efetuar uma verificação completa do historial continua a ser um passo fundamental na proteção contra as armadilhas potencialmente dispendiosas da adulteração do conta-quilómetros.
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