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“Em momento algum na história da DAYCO se assumiu algo como eterno”, afirma Ricardo Caldas

Com duas décadas de know-how em peças, Ricardo Caldas é o “rosto” da DAYCO em Portugal. Nesta entrevista, o sales manager aborda passado, presente e futuro.
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Ricardo Caldas, 46 anos, licenciado em Engenharia e Gestão Industrial pela Universidade do Minho, conta já no seu currículo com duas décadas de experiência na área das peças. Adepto incondicional de Fórmula 1, adora viajar e sorri cada vez que pensa naquilo que mais o orgulha: os dois filhos.

À DAYCO, Ricardo Caldas chegou há cinco anos e meio para revitalizar a marca, que se encontrava a precisar de nova energia. A sua função não era fácil, mas a convicção inabalável e o grande espírito de resiliência do sales manager Portugal permitiram-lhe recolocar a DAYCO no “roteiro” do aftermarket.

Calmo, com um discurso pausado e senhor de uma grande honestidade intelectual, Ricardo Caldas falou de tudo nesta entrevista, a começar pelos 118 anos de história da DAYCO e a terminar no incontornável tema da eletrificação do automóvel.

Como é pertencer a uma marca que celebra, em 2023, 118 anos de existência, como é o caso da DAYCO, que nasceu no estado norte-americano do Ohio como fabricante de borracha? Transmite-lhe algum sentimento especial?

Sem dúvida. É, de facto, um orgulho enorme pertencer a uma marca que tem tantos anos. Em média, uma empresa portuguesa só dura 25 anos. Ter 118 anos no caso da DAYCO, é um feito que demonstra que a marca tem já um enorme histórico, sendo uma referência a nível mundial.

Qual a característica que mais aprecia na DAYCO e onde considera que a marca mais prima pela diferença?

 Considero que o mais relevante na marca DAYCO é, indiscutivelmente, o seu know-how em equipamento de origem, ou seja, ser fabricante de primeiro equipamento. É este o principal fator que explica o sucesso da marca. É, aliás, dessa forma que ela é conhecida no mercado.

O facto de a DAYCO ser fabricante de sistemas de transmissão para os setores automóvel, industrial e de aftermarket é o “segredo” da sua longevidade?

Sim, não tenho dúvida nenhuma que isso também ajuda. O facto de a marca ser fabricante para todos os negócios e aplicações, desde o setor automóvel ao industrial, contribui para essa longevidade.

A diversificação do negócio é benéfica para a marca. Motos, barcos, indústria, automóvel… A DAYCO tem know-how e capacidade de resposta para todas as necessidades do mercado.

“Nada é mais essencial ao progresso humano do que o movimento”. Esta frase da DAYCO legitima a atividade que a empresa tem a nível mundial?

Check-up Media Ricardo Caldas DAYCO 2

Legitima pois. A DAYCO está presente em tudo aquilo que é transmissão de potência e transmissão de movimento. É um orgulho para a marca contribuir para o desenvolvimento que aconteceu no mundo nos últimos 100 anos.

“Nenhuma empresa entende melhor o poder da resistência do que a DAYCO, que, apesar das dificuldades enfrentadas, saiu mais forte e mais resistente”. O que quer dizer concretamente a marca quando profere esta afirmação?

Vivemos todos, de facto, um período muito complicado num passado recente. Primeiro, com a pandemia. Depois, com o início da guerra na Ucrânia. Mas é precisamente nestes momentos mais difíceis que se fica a conhecer quem são os melhores e quem está melhor preparado.

Nesse aspeto, a DAYCO mostrou realmente que está à altura das dificuldades que aconteceram no mundo, que foram por demais evidentes e muito discutidas por todos.

É verdade que a DAYCO acabou por sair mais fortalecida depois desses acontecimentos, que ainda estamos a viver e dos quais sofremos ainda as consequências.

A DAYCO está, hoje, presente em mais de 40 localizações espalhadas por 22 países e dispõe de mais de 4.500 colaboradores, estando a sua sede mundial do aftermarket localizada em Itália, onde conta com quatro fábricas. Ainda há espaço para crescer?

Sim, ainda existe espaço para a marca crescer. Aliás, nos últimos dois anos, a DAYCO registou um enorme crescimento da procura na Europa.

Check-up Media Ricardo Caldas DAYCO 3

Mais: nesse período, a DAYCO reforçou a capacidade produtiva dessas quatro fábricas em Itália. Tal demonstra que existe procura e prova que continuam a existir oportunidades para a marca crescer.

E no nosso país, desde que ano está a marca presente e como se processa o negócio?

A DAYCO está presente há, sensivelmente, 20 anos em Portugal. E funciona como todas as marcas de aftermarket de uma forma geral. Tem como clientes os melhores distribuidores do mercado português, que fazem, de alguma forma, o stock pela marca em Portugal, vendendo a oficinas e retalhistas (não a clientes finais, uma vez que a distribuição é um produto demasiado técnico).

É fácil ser-se sales manager Portugal da DAYCO ou a tarefa é extremamente exigente?

Diria que tarefas fáceis não existem. Creio que ninguém poderá dizer que tem uma tarefa fácil. A minha missão também não é complicadíssima, mas é verdade que é preciso gerir a relação com os clientes, acompanhá-los e dar resposta às suas necessidades.

É preciso estar-se muito atento ao mercado e à concorrência para, de alguma forma, estar na linha da frente daquilo que são as necessidades do mercado.

Ainda existe quota de mercado para a DAYCO conquistar no nosso país?

Existe, sem dúvida. A DAYCO é uma marca muito importante, que tem negócio no automóvel e no camião.

Portanto, a marca é fornecedora de equipamento de origem, quer nos ligeiros, quer nos pesados. O que lhe permite abrir o leque de soluções e dispor de uma oferta de produto diversificada.

No caso do aftermarket, a DAYCO também está presente nos dois segmentos. Não tenho dúvida nenhuma de que continua a haver possibilidade de crescimento da marca em Portugal, com mais facilidade nos ligeiros, uma vez que o mercado é muito maior do que o dos pesados, embora nestes também exista espaço para crescer.

Qual a característica que mais valoriza em quem consigo trabalha, sejam colaboradores ou parceiros?

A honestidade e a franqueza. Quando somos confrontados com uma circunstância, seja ela qual for, agir com franqueza e frontalidade é meio caminho andado para se resolverem as situações que possam surgir.

A DAYCO é, hoje, uma marca mais virada para primeiro equipamento ou para mercado de reposição? Por outras palavras, que percentagem reúne cada um destes “segmentos” na sua atividade global?

Segundo dados de que dispomos à escala mundial, neste momento o mercado automóvel divide-se entre 50% para primeiro equipamento e 50% para reposição. A DAYCO vende na Austrália, produz e vende na Ásia, nos EUA (onde nasceu), produz e vende na América do Sul.

É verdade que um em cada dois automóveis novos na Europa está equipado com correia de distribuição DAYCO e que um em cada cinco automóveis novos na Europa inclui um tensor de correia DAYCO? Que qualidades destaca nestes componentes?

Isso é algo que sempre procurei reforçar desde que entrei para a DAYCO, há cinco anos e meio. A minha convicção é que o mercado não tinha consciência disso.

Diria que as marcas proliferam, hoje, de tal maneira no mercado, que ninguém sabe bem quem é que faz o quê na própria distribuição (menos ainda nas oficinas).

Procurei sempre focar-me muito nessa ideia, na correia de distribuição no caso da DAYCO (o produto “bandeira” da marca), que é produzida em Itália para o aftermarket e que é conhecida pelo mercado como a melhor da sua categoria.

Depois, a marca tem ainda os componentes mecânicos. A DAYCO também fabrica tensores e polies de cambota para primeiro equipamento (a distribuição não é uma peça única, antes um conjunto de componentes que têm de estar montados com absoluto rigor, caso contrário o sistema não funcionará bem).

Aliar a melhor correia de distribuição do mercado à sua tensão correta de funcionamento é, digamos assim, um mundo perfeito. O alargamento do nosso portefólio de produtos tem sido um reflexo da tendência do mercado.

Até há pouco tempo, vendia a marca DAYCO como especialista em distribuição (que é e continuará a ser).

Check-up Media Ricardo Caldas DAYCO 4

Mas, de facto, temos vindo a alargar a nossa oferta a outro tipo de produtos, como termóstatos, rolamentos de roda e, mais recentemente, direção e suspensão.

Apesar da DAYCO ser especialista em distribuição, não pode deixar de acompanhar as tendências do setor. Beneficiando até pelo brand awareness que tem.

A DAYCO dispõe de algumas patentes industriais exclusivas, como, por exemplo, as correias de distribuição HT, que têm o lado interior branco devido a presença da película de PTFE…

 Precisamente. É mais um sinónimo da grandeza industrial da marca e do know-how de uma empresa com mais de 100 anos de história. O que nos remete para a primeira questão. A DAYCO desenvolve, de origem, soluções para os fabricantes de motores.

Cada vez mais, há uma procura incessante pela eficiência mecânica e pela redução de consumo e emissões. A necessidade de desenvolver componentes cada vez mais eficientes faz com que tenhamos, de facto, produtos exclusivos no mercado.

Nem tudo o que a empresa produz ostenta o símbolo da DAYCO, uma vez que fabricamos, também, para outras marcas, mas são exclusivos industriais da DAYCO.

As correias de distribuição HT são um exemplo, mas existem outras patentes industriais, como a “friction wheel” (tensor com veio excêntrico que ativa e desativa a bomba de água para regular o seu funcionamento apenas quando é necessário).

As correias banhadas a óleo (“Belt-in-Oil”) também foram desenvolvidas pela DAYCO para a Ford há uns anos e, hoje, são aplicadas em modelos do Groupe PSA/Stellantis e Grupo VAG. Esta solução surgiu fruto da necessidade de reduzir o atrito e de otimização mecânica.

Check-up Media Ricardo Caldas DAYCO 5

No final de 2022, a DAYCO lançou 100 novas referências no mercado, tendo os termóstatos, os kits de rolamentos de roda e as bombas de água elétricas sido dos produtos mais recentes, sem esquecer as ferramentas próprias. Será a sua gama uma espécie de universo em expansão?

Diria que sim. Confesso que até nem costumo destacar muito esse facto na imprensa, uma vez que a entrada de produtos novos na oferta da marca é uma constante.

A minha principal preocupação é antecipar a chegada dos novos artigos junto dos clientes. A DAYCO está, permanentemente, a lançar novas referências no mercado, fruto da evolução da indústria automóvel.

Considera que a DAYCO está mais do que preparada para a eletrificação total da indústria automóvel, sem esquecer os veículos híbridos, até porque a empresa desenvolveu há pouco tempo um sistema BSG 48V?

A DAYCO dispõe de uma área de investigação e desenvolvimento que está a dedicar-se aos veículos híbridos. Em tudo o que diga respeito a movimento, como até aqui, a marca terá sempre uma palavra a dizer.

Se pensarmos um pouco mais a prazo, se o veículo híbrido será o futuro, aí já tenho alguma dúvida, que é, no fundo, a que existe, hoje, no mercado e que ninguém consegue responder: o que será o automóvel daqui a 20 anos?

A reinvenção das marcas foi sempre uma realidade. Em momento algum na história da DAYCO se assumiu algo como eterno. Claro que a eletrificação total é um desafio, mas é um desafio para todos.

A eletrificação do automóvel é irreversível, mas nunca será uma tecnologia única no mercado. Por outro lado, será algo gradual (já está a ser) e nunca de forma abrupta. A sociedade europeia, hoje, não está preparada para o aparecimento do carro elétrico em massa.

Estando a DAYCO a estudar soluções de transmissão de potência híbrida e a alargar a sua gama de produtos, de alguma forma vai-se adaptando à realidade que esperamos a longo prazo. Mas ainda teremos pela frente muitos anos de veículos de combustão interna e híbridos no parque automóvel circulante.

Embora os fabricantes de equipamento de origem já comecem a sentir os efeitos da eletrificação, precisamente nas equipas de conceção e desenvolvimento. E “voltam-se” mais para o aftermarket.

Mas o aparecimento dos veículos elétricos em larga escala e com “peso” relevante no parque circulante será sempre numa perspetiva nunca inferior a 20/25 anos.

 

 

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