“Por que razão cresce o aftermarket?”

Vivemos um ciclo verdadeiramente extraordinário de crescimento, quer quando falamos de aftermarket de ligeiros, quer quando falamos de aftermarket de pesados.

Em junho de 2020, respondi a um jornalista que a crise que estávamos a viver iria favorecer as marcas premium e que o nosso setor sairia reforçado. Tinha a mais profunda convicção disto. Por isso, disse-o. Mas, passados quase cinco anos, tenho de confessar que a realidade, felizmente, foi ainda melhor do que a minha expectativa quando o disse.

Vivemos um ciclo verdadeiramente extraordinário de crescimento, quer quando falamos de aftermarket de ligeiros, quer quando falamos de aftermarket de pesados. Mas a questão que se coloca é: por que razão cresce o aftermarket?

Há diversas razões para esta tendência de crescimento dos últimos anos, das quais destaco seis. Primeira: porque o país está maior! Quando digo maior, naturalmente refiro-me à população que cresceu nos últimos anos fruto da imigração e que faz com que a economia portuguesa seja, também hoje, maior do que no princípio da década.

Segunda: porque as alterações climáticas nos têm favorecido! Tratando-se de um drama com consequências inimagináveis, o que é certo é que as alterações climáticas nos têm favorecido, o nosso turismo continua em alta e os maravilhosos raios de sol que temos durante todo o ano fazem com que o setor do turismo contribua cada vez mais favoravelmente para a economia portuguesa.

Em 2023, o setor contribuiu com 19,1% do PIB, posicionando Portugal como o quinto país do mundo com maior dependência económica do turismo, segundo o WTTC – World Travel & Tourism Council.

"Em junho de 2020, respondi a um jornalista que a crise que estávamos a viver iria favorecer as marcas premium e que o nosso setor sairia reforçado. Tinha a mais profunda convicção disto. Por isso, disse-o. Mas, passados quase cinco anos, tenho de confessar que a realidade, felizmente, foi ainda melhor do que a minha expectativa quando o disse"

Terceira: porque levamos décadas de fundos europeus! Temos de continuar a agradecer à União Europeia. São décadas e décadas de fundos europeus, dos quais não posso deixar de destacar o PRR – Plano de Recuperação e Resiliência pós-covid, com mais de 20 mil milhões de euros a financiar infraestruturas, digitalização, saúde e ambiente (só é pena não ter uma contribuição mais forte para o setor privado).

Quarta: porque a inflação ajudou! Por um lado, a injeção de fundos na economia tem este efeito. Por outro, e na sequência de tudo aquilo que já tivemos a oportunidade de viver esta década, também já fomos confrontados com um cenário de inflação, que com a nossa flexibilidade soubemos gerir.

Quinta: porque tem havido concentração! Apesar de odiada por muitos, a concentração tem trazido ganhos de eficiência notáveis nos principais players de aftermarket portugueses, que se refletem no mercado com mais ética, profissionalismo, rigor, digitalização e competitividade, com efeitos muito positivos para o crescimento a médio/longo prazo.

Sexta: porque o parque automóvel continua a envelhecer! A incerteza que se vive na indústria automóvel, com as acelerações e desacelerações de tecnologias, tem resultado no adiamento de investimentos na hora de substituir o automóvel. E, naturalmente, que um parque envelhecido nos favorece.

Até quando crescerá o aftermarket?

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