Lá dentro, o tempo parou. Ferramentas gastas, velhos manuais e a crença inabalável de que “sempre se fez assim”. O mundo avança, os carros mudam, mas há quem continue a olhar para a parede, onde as sombras dos carburadores de outrora ainda parecem reais.
O problema é que, tal como no mito original, o progresso não perdoa quem recusa a luz do conhecimento. Cá fora, os veículos elétricos não têm correias de distribuição e os motores de combustão, que ainda “resistem”, são, agora, dominados por eletrónica avançada. E não falemos dos veículos elétricos e da revolução que encerram em si mesmos.
Quem sai da “oficina-caverna” e investe na formação, descobre um novo mundo cheio de desafios, mas, também, pleno de oportunidades. Quem se recusa a sair, bom… corre o risco de ser um profissional do Paleolítico num mundo de Inteligência Artificial.
Há algo de trágico nesta resistência ao saber. Imagine-se um pré-histórico vestido de fato-de-macaco a olhar para um veículo elétrico como se fosse um meteorito prestes a extinguir a sua espécie.
“A formação não é uma opção para os fracos, mas uma obrigação e um superpoder para os inteligentes. E se há algo pior do que ficar para trás, é não perceber que o ‘comboio’ já passou”
Jorge Flores, Fundador e Editor Check-up Media
“Isto não tem motor! Isto não faz barulho! Isto não pode ser um carro!” – vocifera ele, enquanto tenta encontrar a vareta do óleo que já não existe. E a verdade é que o meteoro já caiu. A eletrificação, a digitalização e a crescente complexidade dos automóveis não são ameaças futuras – são o presente.
Claro que a experiência conta. O problema é achar que esta é uma vacina contra a obsolescência. Não é. Hoje, um mecânico (ou um profissional do aftermarket) sem formação é como um filósofo que se recusa a ler – cedo ou tarde, o mercado deixá-lo-á para trás.
A formação não é uma opção para os fracos, mas uma obrigação e um superpoder para os inteligentes. E se há algo pior do que ficar para trás, é não perceber que o “comboio” já passou.
Mas existe uma saída da caverna. Está nas formações técnicas, nos workshops, nas certificações e na atualização constante – e a palavra constante não é um pormenor. É um caminho de aprendizagem que separa os profissionais preparados dos sobreviventes do passado.
A escolha é simples: evoluir ou tornar-se numa relíquia num mundo que já seguiu em frente. O mito da “oficina-caverna” pode ter um final feliz. Mas só para quem decide abrir os olhos.