Formação no aftermarket: défice ou evolução constante?

Será que o aftermarket automóvel independente enfrenta um défice de formação? Quais as áreas mais críticas? Fomos ouvir o que dizem os players do setor.
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O pós-venda automóvel independente enfrenta um défice de formação? Ou será que a qualificação dos profissionais tem acompanhado a evolução tecnológica e as exigências do mercado?

Reunimos a perspetiva de vários responsáveis de empresas do setor para compreender o panorama atual e os desafios que se colocam no aftermarket automóvel independente.

Para o bilstein group, a formação no setor está mais presente do que nunca e com uma oferta crescente de qualidade. “Entendemos que a formação existe em quantidade e, sobretudo, em qualidade”, adianta.

“Temos várias entidades, estatais e privadas, que há muitos anos operam nesta área e têm formado centenas de profissionais. Os temas são cada vez mais atuais e direcionados às camadas jovens, fomentando o interesse pelo setor”, afirma a empresa.

De acordo com o bilstein group, a formação técnica está a tornar-se mais especializada e credível, acompanhando as necessidades das oficinas. Além das entidades exclusivamente dedicadas à formação, praticamente todas as empresas de distribuição de peças oferecem cursos e especializações para apoiar os seus clientes do setor oficinal.

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“A formação existe e deve estar cada vez mais disponível. O que sentimos, na verdade, é um défice de mão de obra, um problema transversal a vários setores de atividade. Fomentar o espírito dinâmico e trabalhador é essencial para reforçar a presença industrial nacional”, reforça o grupo.

Desafios da qualificação

Já para Vítor Santos, responsável técnico da BASF, o défice de formação está mais centrado em áreas específicas, como a colisão e a repintura. “No caso da área da chapa, praticamente não há formação e, na repintura, são, sobretudo, os grandes players que assumem essa responsabilidade”, revela.

“Alguns gestores ainda veem a formação como uma perda de tempo, mas investir na qualificação contínua é fundamental para a competitividade e motivação dos colaboradores”, defende. A BASF, consciente desta necessidade, está a implementar um plano de formação ambicioso para 2025.

Para o projeto GoRepair, liderado por Raul Santos, a formação é essencial para garantir a sustentabilidade das oficinas mais pequenas e independentes.

“Cada vez mais, vemos oficinas que não estão preparadas para a evolução do mercado e do parque automóvel. A formação torna-se fundamental para que não desapareçam com o tempo”, alerta.

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O projeto procura dar oportunidades iguais a todas as oficinas que queiram integrar a rede, promovendo um espírito de comunidade e preparação para o futuro.

Já Edmundo Costa, diretor de projeto e compras da Cetrus, considera que parte do problema está na perceção dos empresários. “Há uma oferta formativa considerável, mas é preciso encará-la como um investimento e não como um custo. Só assim as empresas estarão preparadas para os desafios constantes do setor”, sublinha ao Check-up.

Necessidade de atualização

Para Flávio Menino, do Grupo Autozitânia, o principal desafio é a falta de formação qualificada e certificada, especialmente nas áreas de eletrificação, tecnologias avançadas de diagnóstico e gestão de oficina adaptada às novas realidades tecnológicas.

“A velocidade vertiginosa das mudanças tecnológicas exige conhecimentos sólidos e atualizados. Sem formação qualificada, o setor enfrentará sérias dificuldades”, afirma.

Na LIQUI MOLY, Cláudio Delicado partilha a visão de que a formação tem evoluído, mas o trabalho nunca está concluído. “O mercado exige, cada vez mais, qualidade e preparação técnica, tanto em produtos como em processos. Estamos atentos às novas exigências, incluindo os veículos elétricos e combustíveis sintéticos. A formação faz parte do nosso compromisso com parceiros e clientes”, garante.

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Para Pedro Lebre, administrador da Motorbus, o problema não está na oferta de formação, mas na falta de recursos humanos qualificados. “A nossa responsabilidade é contrariar esta realidade, proporcionando horas de formação contínua aos nossos clientes para aprofundar conhecimentos e garantir a qualidade dos serviços prestados”, afirma.

A formação no aftermarket automóvel independente permanece um desafio complexo e dinâmico. Se, por um lado, as empresas destacam a evolução e a oferta crescente, por outro, a falta de mão de obra qualificada e a resistência de alguns gestores em investir na capacitação são obstáculos significativos.

Com o ritmo acelerado das transformações tecnológicas, cabe ao setor encontrar um equilíbrio entre oferta formativa e procura por profissionais aptos a enfrentar os desafios do futuro. O artigo completo sobre este tema será publicado no suplemento Check-up, na revista Carros & Motores, no próximo dia 27 de março.

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