Foi um autêntico dia de treino. A 16 de novembro, a Academia GTeam realizou mais uma formação. Ricardo Sousa, product manager e formador certificado da Gonçalteam, foi quem “conduziu” os nove participantes pela ação dedicada a geometria automóvel.
Por que razão é tão importante o alinhamento de direção nos veículos? “À direção, são atribuídas várias características: segurança, suavidade, precisão e irreversibilidade. Se o sistema funcionar corretamente, esses recursos ajudam o condutor a dirigir o veículo segundo as suas necessidades”, começou por enquadrar Ricardo Sousa.
A aula teórica iniciou-se com a abordagem ao princípio de Ackerman. “Para que um veículo percorra uma curva, é necessário respeitar uma condição geométrica, conhecida como o princípio de Ackerman, que explica que, quando um veículo gira em todos os eixos das rodas, tal deve ocorrer no mesmo ponto, a que chamamos de centro instantâneo de rotação”, afirmou.
E exibiu uma imagem, na qual a roda que ficava para dentro na curva apertada fechava-se mais do que a roda do lado de fora. “Visto de outra forma, numa curva apertada, cada uma das rodas diretrizes fecha-se de forma diferente”, disse. E mostrou, de seguida, vários exemplos de ângulos, explicando o trapézio de Jeantaud e o diagrama de Jeantaud.
Mecânica primária, exemplos de direções, ângulo de saída, ângulo combinado ou incluso, ângulo de avanço ou caster, camber/sopé, raio de arrastamento, momento de arrastamento e fatores que alteram o raio de arrastamento foram outros temas abordados, com o formador a interagir com os formandos através da colocação de perguntas, da elaboração de esquemas no quadro e do visionamento de vídeos.
Depois componente teórica da manhã, a parte da tarde foi dedicada ao alinhamento de direção num chassis ligeiro com equipamento HPA-FAIP, marca representada pela Gonçalteam. A partilha de experiências e a boa disposição entre os formandos, que foram divididos em equipas por uma questão de organização, foram as tónicas dominantes da ação.
Criada em 2017, a Academia GTeam realizará, até final deste ano, mais quatro ações formativas. A saber: uma nova em geometria automóvel; PassThru; Security Gateway/FCA; baterias.
Setor cheio de mitos
A formação do dia 16 de novembro abordou o alinhamento de direção e as tecnologias aplicadas a esse procedimento que já estão a ser utilizadas nas viaturas, como, por exemplo, o ADAS, que tem muita influência na eletrónica dos veículos atuais. “Desvios de direção, calibração de radares e colunas de direção elétricas foram alguns dos temas abordados nesta ação”, frisou Ricardo Sousa.
“Uma das causas pelas quais nos temos batido ao longo dos anos está relacionada com a formação dos profissionais. Adquirir um equipamento não basta, por melhor que ele seja. É preciso conhecer a fundo o tema, como foi o caso da geometria nesta ação, para se tirar o melhor proveito da máquina e prestar um serviço de excelência ao cliente”, acrescentou.
Segundo explicou, “a principal dificuldade que identifico nos formandos é que têm pouco acesso à informação correta. É muito fácil obter informação na Internet, mas nem sempre está correta. Existem muitos mitos. O setor dos pneus está, aliás, cheio de mitos, criados por desconhecimento”.
E foi mais longe: “As pessoas que frequentam as nossas ações conseguem mudar muito dentro das suas organizações. Acabam com os mitos. O alinhamento de direção está relacionado com matemática, física e geometria, não com mitos nem ‘ses’. O que fazemos é desmistificar conceitos errados utilizando a componente prática das nossas formações, para que as pessoas entendam e consigam explicar o que aprendem. A pouco e pouco, temos conseguido colocar empresas a trabalhar de forma homogénea, com qualidade e em que todo o processo é certificado”.
A componente prática da formação é, por isso, essencial. “Nesta ação, os formandos alinharam direções com um chassis ligeiro de treino e equipamento HPA-FAIP, através do qual conseguiram recriar qualquer modelo de veículo. Sem sujarem as mãos, constataram de que forma estava o veículo assente na estrada, chegando, por vezes, à conclusão que não tinha nada a ver com os ajustes que faziam nas suas oficinas”, revelou Ricardo Sousa.
“A componente prática serve para se recriarem automóveis, ver como eles assentam na estrada e entendê-los. Sem a pressão do cliente e ou a importância de se estar certo ou errado, uma vez que os formandos estão todos a aprender”, acrescentou.
E concluiu: “Outro dos exercícios passou por idealizar um determinado modelo de automóvel, sem acesso a dados. No final, foi curioso ver como alguns formandos acertaram em vários pontos”.
Arte do conhecimento
António Gonçalves, diretor-geral da Gonçalteam, começou por explicar ao Check-up a importância da formação, um dos “cartões de visita” da empresa que lidera: “O importante, para nós, é que o mercado seja verdadeiro, ou seja, que saiba aquilo que está a fazer. Quanto mais informação técnica idónea a pessoa tiver, mais facilmente conseguirá realizar um trabalho bem feito. E o nosso papel enquanto empresa de referência no mercado, é precisamente isso: espalhar a informação em vez de fechá-la em determinados círculos”.
Segundo disse, “o que pretendemos é que a pessoa entenda que tem uma boa ferramenta e que pode utilizá-la melhor se tiver formação. E esta, regra geral, não é dada por quem comercializa os equipamentos. Normalmente, quem vende as máquinas diz apenas para que servem os botões. Quase ninguém se preocupa com aquilo que é o conhecimento da arte”.
A Gonçalteam faz exatamente o inverso. “Nas ações de formação que realizamos, como esta de geometria automóvel, não falamos da nossa marca, que não é nem melhor nem pior do que as outras. Achamos que isso não é importante. A Academia GTeam não tem uma vocação mercantilista. Os vendedores da Gonçalteam vendem os produtos e os formadores da Academia GTeam dão formação nesta área de negócio. Claro que se ambas as partes se conjugarem, tanto melhor. Mas não é essa a nossa intenção quando estamos a dar formação”, esclareceu.
E foi mais longe: “Por isso, é que não oferecemos formações, faturamo-las. E são raras as empresas que não repetem, por diversas vezes, as formações. Nesta ação de geometria automóvel, tivemos duas pessoas que nem máquinas têm nas suas organizações e que nunca alinharão direções. Quiseram participar porque tiveram conhecimento que aquilo que a Academia GTeam faz é especial e diferente. Não foi a primeira vez que tal aconteceu”.
“Vim a esta ação para estar melhor informado acerca das garantias dos pneus, de modo a ter maior credibilidade junto dos clientes e, também, para me defender de problemas que possam surgir. Achei a formação muito completa. A parte prática foi a que mais gostei, já que pude mexer no chassis de um automóvel”José GarridoAguesport
“Já tinha participado numa formação em equilíbrio com o Ricardo Sousa. Gosto muito dos exemplos práticos que ele dá, que são simples e visualizáveis. Além disso, é bastante didático e muito eficaz. Como trabalho mais na parte comercial do ramo dos pneus, faltava-me esta componente técnica, até para ter maior poder de argumentação junto dos clientes do retalho automóvel”Ricardo RodriguesAguesport
“Já fazia montagem de pneus e alinhamento de direções, mas não me considerava uma pessoa altamente qualificada para alinhamentos. Saí desta formação com mais conhecimentos. Aprendi coisas que não sabia na área da geometria automóvel. Foi muito bom”Ricardo PedroNuno Pratas Automóveis
“Foi a primeira vez que vim à Academia GTeam. Já fazia alinhamentos, mas resolvi participar para aprender mais sobre geometria automóvel. A informação que recolhi nesta ação vai servir para melhorar as minhas competências profissionais. Vou partilhá-la com os meus colegas”Hugo SantosPneus Pinto & Pinto
“Faço de tudo um pouco na empresa. Parte administrativa, montagem de pneus, alinhamentos, atendimento ao cliente… Esta formação é essencial para quem trabalha no setor dos pneus e quer saber mais sobre geometria automóvel. Num ramo que tem muita concorrência, como o dos pneus, é indispensável o pessoal qualificado, até para nos diferenciarmos das outras empresas”Tiago SerroVirgílio S. Fonseca e Arminda Fonseca
“Esta formação foi extremamente importante porque facultou-me conhecimentos técnicos que não tinha. Também já fazia alinhamentos. Mas não basta seguir os passos que a máquina nos indica. É preciso compreendê-los para prestar um serviço melhor ao cliente. Todos os colaboradores das empresas do ramo, mesmo os seus proprietários, deviam frequentar estas ações”Décio InácioVirgílio S. Fonseca e Arminda Fonseca
“Vim a esta formação com o intuito de aprender um pouco mais, principalmente a parte teórica, uma vez que já há algum tempo que faço intervenções em viaturas. Hoje, uma casa de pneus tem de passar muita confiança ao cliente e tem de estar apta a responder a qualquer questão que lhe seja colocada. Saí daqui mais culto do que quando entrei”João MuachoPneus Auto Muacho
“A formação foi boa. Saí com mais conhecimento, principalmente os relacionados com aspetos técnicos. O formador foi cinco estrelas, mostrando sempre grande nível de interatividade com os formandos. Gostei bastante da experiência e fiquei com mais bases para aperfeiçoar aquilo que faço no dia a dia da casa de pneus onde trabalho”Francisco BaltasarPneus Cagarrinho (SN Pneus)
“Foi muito útil esta ação de formação. Apesar de já alinhar direções há vários anos, a componente teórica preencheu algumas lacunas que tinha no que diz respeito ao esclarecimento de processos que julgava que estava a fazer bem e que, afinal, fiquei a saber que não”Paulo LopesComip (David dos Pneus)
António Gonçalves afirmou ainda que o core business da formação é passar informação e fazer com que a pessoa tire o maior proveito do equipamento que tem, independentemente da marca. “As nossas formações não existem para vender máquinas. Para isso, temos ações específicas e dispomos de um departamento para tal”, reforçou.
E sobre a origem da formação? “Quando começámos a vender equipamentos, achámos que devíamos passar informação técnica idónea aos operadores do setor. Foi, por isso, que arrancámos com as ações de formação em 2014, cerca de três anos antes da Academia GTeam ter sido criada. Damos formação (certificada pelo IEFP) in house mas, também, nos deslocamos a instituições académicas, centros de formação e empresas para a realização de ações”, revelou.
Mais: “Inclusivamente, já fomos ao país vizinho dar formação a pedido de algumas marcas. O propósito é sempre o mesmo: passar informação técnica idónea e fazer com que a pessoa possa tirar o maior proveito da máquina que tem, independentemente da marca. Vários formandos que participaram nas nossas ações nunca nos compraram sequer um remendo”, confidenciou.
“As nossas formações são para todos os que queiram aprender, sejam ou não clientes da Gonçalteam. Nas ações formativas que realizamos, não falamos de equipamentos, mas de processos. E, isto, todas as empresas deviam fazer, em prol de uma maior qualificação do setor”, concluiu.
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