Os dias parecem pequenos para a atividade da Xpeças. Quando o Check-up chegou à loja, em Nelas, encontrou Francisco Sampaio, responsável pela empresa, a atender cliente atrás de cliente, pedindo desculpa pelo constante adiar da entrevista.
“Desculpem, nem sempre é assim”, dizia à nossa equipa, atrapalhado, enquanto conciliava várias tarefas num registo que mostra bem a intensidade do dia a dia numa loja que rapidamente se tornou referência local. Fundada em 2020, durante a pandemia, a Xpeças nasceu da experiência de Francisco Sampaio no setor e do desejo de gerir o negócio à sua maneira.
Visão da comunidade
“Abri a loja em 2020. Já era empregado do mesmo setor aqui na terra e, quando esta loja ficou disponível, comprei-a. Aumentei o stock e remodelei à minha maneira”, recorda Francisco Sampaio.
A decisão de avançar para o próprio negócio foi impulsionada por encorajamento de terceiros: “Algumas pessoas próximas disseram-me: ‘Não sei do que estás à espera’. Isso deu-me força”, afirma.
A Xpeças ocupa, atualmente, 200 m² na loja principal, complementada por um armazém de 400 m² na zona industrial. Paralelamente, Francisco Sampaio desenvolveu uma área de programações de chaves e centralinas, que começou como hobby e se expandiu.
Conta, hoje, com 124 mil referências de peças ativas. O volume de clientes é elevado e inclui tanto consumidores finais como oficinas. Gerir tudo sozinho é exigente, mas Francisco Sampaio acredita que a entrada na comunidade GoShop vem responder a essa necessidade.
“O GoShop é um projeto de visão. Vou entrar agora na comunidade. Há cerca de um mês comecei a experimentar. Já era cliente Romafe na área industrial e continuo a ser. Na parte automóvel, trabalho há um ano, sempre com a Romafe. Esta adesão permite-nos oferecer aos clientes produtos que, enquanto pequenos, não conseguimos, e, também, aceder a formações importantes”, explica.
Aposta nas oficinas
A maneira de estar no mercado do grupo também conquistou Francisco Sampaio: “Gosto muito da filosofia da Romafe. Têm o foco certo: venda exclusiva à revenda. Hoje, o que existe mais é quem venda à direita e à esquerda. Isso elimina-nos da sequência”, confidencia.
Segundo Francisco Sampaio, a GoShop representa mais do que apoio logístico: “Espero apoio na parte das oficinas, nos programas, mas vejo isto como um ‘concílio’ de ideias e soluções. É uma oportunidade para desenvolver projetos”, sublinha.
O contacto de Francisco Sampaio com o setor automóvel é quase hereditário. “O meu avô já trabalhava no negócio das peças há 50 anos, passou para o meu tio e eu fui empregado. Sempre recusou aderir a um grupo. O meu tio dizia que nunca faria parte de um, mas eu acho que é a melhor decisão”.
E, nos últimos anos, a evolução do mercado tornou a presença em grupos ainda mais relevante: “Os grupos existentes desenvolveram-se, outros foram criados. Começamos a ser os pequenos da sequência. Ou não ganhamos nada ou temos de estar acompanhados”, assegura.
Reforçar portefólio
A primeira experiência de Francisco Sampaio nas reuniões da GoShop deixou-o confiante: “Já presenciei uma reunião e gostei. Estão presentes em várias zonas do país, do Porto a Lisboa. É um encontro de ideias e soluções”, enfatiza.
No portefólio da loja, há marcas que se destacam: “Kamoka é uma grande cartada. Já trabalhávamos com eles, mas têm surpreendido até a própria equipa. É um produto que os clientes gostam: experimentam e querem mais. Depois, há todas as outras gamas, que completam o nosso portefólio”, diz.
Quanto à evolução para veículos elétricos, a abordagem é cautelosa: “Não vai ser uma realidade nos tempos próximos. Portugal não está preparado. Não vejo uma ficha de carregamento em cada canto e os custos são elevados. A nível profissional, a evolução está cá. Procurei logo onde comprar carregadores, mas ter stock ainda não faz sentido”, explica Francisco Sampaio ao Check-up.
Crescer e inovar
Quanto aos próximos passos na GoShop, a estratégia é cautelosa, mas ambiciosa: “Vamos formalizar o acordo em breve. Quero chegar mais às oficinas e acredito que há possibilidade de alargar o negócio nesse setor. Mas a ideia é ir com calma. A casa cresceu 140% nos últimos cinco anos”, confidencia o responsável da empresa de Nelas.
Na Xpeças, a entrada na comunidade GoShop é uma vantagem comercial, sim, mas também uma “resposta estratégica à exigência de um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico”, refere.
Para Francisco Sampaio, que durante anos geriu sozinho todos os aspetos do negócio, esta parceria representa a “oportunidade de crescer, inovar e oferecer mais aos seus clientes”.
