Uma estrela elétrica numa constelação de clássicos

Conduzimos um Mercedes EQE 350+ no II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos. Uma estrela elétrica numa constelação de 40 modelos da marca com mais de 30 anos.

Raras vezes – porventura, nunca – ao longo da sua mais do que centenária história, a Mercedes-Benz inverteu, desta forma, a ordem natural do tempo. Aconteceu no II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos, que conseguiu a proeza de colocar 40 modelos da marca com mais de 30 anos a seguir uma “estrela elétrica” pelas várias estradas municipais da Área Metropolitana do Porto e da região do Tâmega e Sousa.

Um detalhe: ao volante dessa “estrela elétrica”, um Mercedes EQE 50+ (disponibilizado pela Soc. Com. C. Santos), seguia o Check-up, tendo a seu lado Luís Lousada, um dos organizadores do evento, de roadbook na mão, outro “clássico eterno” deste tipo de iniciativas.

O passeio, organizado em parceria com a Motorbest Tours e que contou com o apoio institucional do Mercedes-Benz Club Portugal, arrancou na manhã de sábado dia 23 de setembro. O grupo reuniu-se nas instalações do concessionário na Maia, junto ao aeroporto do Porto, e, depois do briefing inicial no novo showroom, a cargo de Ana Bolina, diretora de marketing, e de Aquiles Pinto, relações públicas (e da tradicional fotografia de grupo), era altura de colocar a “história em movimento”, expressão utilizada, com todo o sentido, pela organização.

Devagar, devagarinho

O percurso passou por várias estradas municipais da Área Metropolitana do Porto e da região do Tâmega e Sousa, com destino ao Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins. Uma oportunidade única para ver o espólio das escavações do povoado fortificado dos séculos V a.C. e IV d.C.

Das 40 viaturas presentes, havia históricos dignos de registo, como um SL de 1957 ou, entre outros, um 230 E (C123) de 1981. Mas, entre estes, um destacava-se entre todos: um Mercedes-Benz 170 (W138) de 1938. Bruno Soares, que, trajado com um colete a recordar outras épocas, muito a propósito, conduziu o automóvel.

“Partilho com o meu pai a paixão por automóveis e éramos para vir juntos, mas ele teve um imprevisto e convidei a minha namorada para me acompanhar. Num mundo em que as tecnologias avançam de forma constante, às vezes é importante também apreciar o que temos de anos passados e viver um pouco a realidade de outras épocas”, confidenciou ao Check-up.

Check-up Media II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos 2

“Foi por isso que nos inscrevemos no passeio. Esta é a primeira vez que vimos com o carro a um passeio de clássicos e acreditamos que possa ser o primeiro de muitos. Contamos para o ano voltar ao Passeio de Clássicos da Soc. Com. C. Santos”, acrescentou Bruno Soares, já no final, superadas as muitas aventuras do evento.

Sem surpresas, nem pressas de qualquer natureza, a caravana oscilou sempre entre o devagar e o devagarinho, obrigando a muita contenção no pedal do EQE 350+, sempre com muita potência logo disponível à menor solicitação do pé direito. Até porque, de início, imediatamente atrás do Check-up, seguia o referido 170. E a um veterano de 85 anos não se pedem altas velocidades.

Ao fim de alguns quilómetros, a ordem da fila seria alterada, para ganhar algum tempo ao tempo – mas nunca passando dos 40 ou 50 km/h para não “ferir” ninguém – mas, ainda assim, a calma nunca será garantia de perfeição e, a dada altura, numa curva à esquerda mais apertada, o “desmembramento” da caravana acontece.

Ainda que tenhamos parado, de imediato, para esperar pelas quatro dezenas de clássicos, o facto é que seguiram todos em frente. Esta era a imagem que se via pelo retrovisor do EQE 350+ – um longo cortejo de antiguidades a seguir rumo ao desconhecido, ignorando o roadbook a bordo.

Check-up Media II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos 3

Depois de um breve ataque de pânico, só havia uma solução: ignorar as notas do roadbook, ultrapassar todos os participantes perdidos e ganhar, de novo, a dianteira. Não se pode dizer que tenha sido tarefa difícil, dado o poder de arranque da “estrela elétrica”. Mais complicado foi acabar o resto do percurso a fazer contas aos “parciais”.

Nascer num Mercedes-Benz

Todos os participantes no evento são apaixonados pela marca há muito tempo. Mas ninguém foi ao extremo de Jorge Pinho que… nasceu a bordo de um Mercedes-Benz.

 “Sou fanático pela Mercedes-Benz. Para que se saiba, nasci dentro de um Mercedes-Benz. Num Rabo de Peixe, em África, a parteira tirou-me de dentro da minha falecida mãe a bordo de um Mercedes-Benz”, disse.

“Não cheguei à maternidade… Portanto, fiquei com o cheiro dos Mercedes-Benz. Tenho um stand que, por norma, tem em montra dezenas de Mercedes-Benz”, contou.

“Na minha zona, São João da Madeira e Vale de Cambra, sou conhecido como o homem dos Mercedes-Benz. Sou cliente da Soc. Com. C. Santos há muitos anos. O meu falecido pai também era cliente, porque teve uma empresa de táxis, e dizia que só havia duas marcas de carros: Mercedes-Benz novos e Mercedes-Benz velhos”, recordou Jorge Pinho, que conduziu um W123 versão longa (tipo limousine), construído em 1982 e está nas mãos do atual proprietário há quase 30 anos.

A primeira utilização foi de Estado. “O W123 longo comprei-o ao Parlamento Europeu, tinha o carro, na altura, 50 mil km e poucos anos. Hoje (com 41 anos) tem 90 mil km. O carro está novo. O ilustre Mário Soares andou neste carro”, afirmou.

O II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos contou com cerca de uma centena de pessoas, entre as quais público jovem e bastantes senhoras. É o caso de Manuela Martins, que dividiu a condução de um elegante Mercedes-Benz SL de 1957 com o marido, Modesto Araújo (que inscreveu duas viaturas no passeio).

“Conduzir um automóvel clássico é completamente diferente do que conduzir um carro do dia a dia. Não estava a contar vir a conduzi-lo (foi por sugestão do meu marido) e gostei. Aliás, gosto muito de vir a eventos como este”, sublinhou Manuela Martins.

Recordar o passado

A reta final do passeio não foi isenta de peripécias. Que o diga Bruno Soares, que, a dada altura, numa subida mais íngreme, constatou que só conseguia engrenar a primeira velocidade. As outras recusavam-se a trabalhar mais. Um susto que não impediu o Mercedes-Benz 170 (W138) de 1938 de terminar o percurso e de pousar, em grande estilo, ao lado do EQE 350+, na entrada da unidade hoteleira vinícola, para um almoço com todos os participantes.

Check-up Media II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos 4

Um momento que contou ainda com a atuação do humorista Nilton, embaixador da Soc. Com. C. Santos, que, num palco improvisado, e dado o tema de fundo, levou todos às gargalhadas com alguns dos seus “clássicos humorísticos”.

No rescaldo do passeio, a organização estava feliz com o resultado. “O sucesso da primeira edição elevou as expectativas dos inscritos para esta segunda edição, da qual fazemos um balanço positivo, a julgar pelo feedback que obtivemos no fim do evento”, revelou Aquiles Pinto, relações públicas da empresa.

“É, para nós, um privilégio receber tantos automóveis clássicos Mercedes-Benz e tanto apaixonados de várias idades, entre os quais senhoras. Podermos dar um contributo para que a história do automóvel seja preservada é muito interessante”, frisou Aquiles Pinto.

Ao Check-up, disse ainda que este evento deverá tornar-se numa “tradição”. E explicou porquê. “Aprendemos com os erros do ano passado. Há sempre muito a melhorar, mas a ideia é fazer algo que seja repetível. Não tanto pela área de negócio ser importante para a empresa. Em termos comerciais, o automóvel clássico não é importante, nem em matéria de assistência, nem em pós-venda”, disse.

Check-up Media II Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos 5

“No entanto, qualquer concessionário – e o nosso foi fundado em 1946 – tem, também, uma responsabilidade de projeção da imagem da marca. As marcas são o presente e o futuro, mas não podem esquecer o passado”, enalteceu.

E se há uma marca que se pode orgulhar do passado (além da Soc. Com. C. Santos), é a Mercedes-Benz. Temos um papel a cumprir com o seu legado”, sublinhou o relações públicas ao Check-up.

O balanço do passeio só podia ser positivo. “As pessoas estão satisfeitas. Claro que, com veículos antigos e roadbooks, há sempre quem se perca. E existe sempre alguma preocupação – apesar do apoio 24h da Mercedes-Benz – de que haja algum problema pelo caminho.

Mas chegaram todos ao fim. Mesmo o 170 de 1938 – feito antes da Segunda Guerra Mundial”, recordou o responsável da empresa, que não tem dúvidas de que haverá uma terceira edição.

“O objetivo é esse. Criar uma tradição, juntar apaixonados pela marca e por veículos antigos. Queremos muito estar na eletrificação – e estamos –, nas viaturas desportivas – e também estamos – , mas não podemos esquecer o nosso passado”, concluiu.

Mais sobre a Soc. Com. C. Santos aqui.

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