Um radiador pode estar parcialmente entupido mesmo com fluxo aparente?

Um radiador pode mostrar fluxo, e, ainda assim, estar parcialmente entupido. O segredo está em analisar o comportamento térmico, não apenas o caudal.
Check-up Media mechanic checking

Sim. É perfeitamente possível que um radiador esteja parcialmente entupido mesmo que apresente um fluxo aparentemente normal. Muitos mecânicos verificam apenas se há circulação visível no vaso de expansão ou no retorno, mas isso não revela o verdadeiro estado interno dos canais.

Isto porque um entupimento parcial não impede totalmente o fluxo, apenas reduz a capacidade de transferência de calor, o que é mais difícil de perceber à “vista desarmada”.

Calor “retido”

O primeiro sinal surge na temperatura de funcionamento. Se o motor tende a aquecer mais facilmente em subida, trânsito intenso ou dias quentes, mas estabiliza em estrada aberta, é provável que a dissipação térmica esteja comprometida. Aqui, o radiador “parece” a funcionar, mas não consegue libertar calor ao ritmo necessário.

Outra pista é a diferença anormal entre a temperatura da entrada e da saída do radiador. Num radiador saudável, a manga superior estará bem quente e a inferior visivelmente mais fria.

Quando há entupimentos internos, a temperatura pode ficar quase igual, porque o líquido passa, mas o radiador não consegue retirar calor. Uma simples leitura com termómetro de infravermelhos ao longo da superfície revela zonas frias e outras demasiado quentes. Ou seja, um “mapa térmico” irregular é quase sempre sinal de canais obstruídos.

Check-up Media mechanic engine bay
Aumento da pressão

Um radiador parcialmente entupido tende ainda a provocar aumento da pressão no sistema. Mangueiras mais rígidas do que o normal, mesmo sem sinais de fervura, indicam que algo está a restringir o fluxo. Por vezes, há, também, ruído de circulação desigual ou pequenas pulsações na mangueira inferior.

O scanner reforça o diagnóstico: se a temperatura do motor sobe e desce em picos, especialmente quando o ventilador entra em funcionamento, pode ser porque o radiador não está a acompanhar a carga térmica. O ventilador trabalha mais tempo e com mais frequência, numa tentativa de compensar a capacidade reduzida de dissipação.

Por fim, um teste simples pode confirmar suspeitas: ao desligar o motor quente e observar o radiador com a tampa do circuito aberta (em sistemas que o permitem), um radiador entupido mostra uma queda de temperatura muito mais lenta, porque reteve calor em zonas internas sem circulação eficaz.

Por tudo isto, sim, um radiador pode ter fluxo e, ainda assim, estar longe de cumprir a sua função. Observar apenas se a água circula é insuficiente. O verdadeiro diagnóstico faz-se pelo comportamento térmico, pela diferença de temperaturas e pela capacidade real de dissipar calor.

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