Turbo perde potência em dias quentes? Eis o que medir

Calor reduz a densidade do ar e aumenta a temperatura de admissão no turbo. Diagnóstico começa no intercooler, IAT, pressão de sobrealimentação e fugas.
Check-up Media turbo fixing 2

Nos dias quentes, é comum os condutores notarem o carro mais “preso”, menos rápido a responder e incapaz de atingir a mesma força do que em clima frio. Num motor turbo, a razão é simples: quanto maior for a temperatura exterior, menor a densidade do ar disponível para combustão. E, quando o ar já entra quente, o turbo trabalha mais para compensar, enquanto a eletrónica reduz carga para evitar detonação e proteger o motor.

Circuito de ar

O primeiro ponto que a oficina deve verificar é a eficiência do circuito de ar. A temperatura após o intercooler (IAT) deve estar o mais baixa possível em relação à temperatura ambiente. Se a diferença for pequena, o intercooler pode estar obstruído, sujo externamente, com fluxo de ar insuficiente ou com óleo acumulado internamente devido a blow-by do turbo.

O passo seguinte é avaliar pressão de sobrealimentação: leituras abaixo do esperado, mesmo com a válvula wastegate a tentar compensar, indicam fuga no circuito, tubo danificado ou pequena descompressão em abraçadeiras fatigadas. Uma verificação com teste de pressão ao circuito de admissão revela perdas normalmente impercetíveis em andamento.

Correções de detonação

Importa ainda observar os valores de ignição e correções de detonação. Em dias muito quentes, o motor pode atrasar o ponto para prevenir pré-ignição, o que reduz, naturalmente, potência. Se o atraso for elevado, é sinal que algo além da temperatura exterior está a contribuir — mistura pobre, injetores sujos ou combustível de baixo índice de octanas amplificam o efeito.

Por fim, o estado do turbo também merece atenção. Desgaste nos rolamentos, geometria variável presa ou fraca lubrificação agravam perdas em clima quente porque o conjunto opera no limite térmico com maior frequência. Um teste de resposta em aceleração e análise das velocidades do eixo permite identificar um turbo “preguiçoso”.

A perda de potência em dias quentes nem sempre é defeito. Muitas vezes, é apenas física. Mas quando a queda é excessiva, medições simples de temperatura, pressão e perdas no circuito ajudam a separar o normal do anormal e a devolver ao motor o fôlego que lhe falta.

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