A chegada dos veículos híbridos e elétricos trouxe novos desafios para a oficina — e um dos mais relevantes é a travagem regenerativa. Ao contrário do sistema tradicional, que converte energia cinética em calor através do atrito, a travagem regenerativa transforma parte dessa energia em eletricidade, devolvendo-a à bateria.
O sistema atua em conjunto com os travões convencionais e altera por completo a lógica de funcionamento. Para o mecânico, isto significa ter uma abordagem diferente no diagnóstico, manutenção e ensaio dos sistemas de travagem.
Um erro comum é avaliar o estado do sistema apenas com base no desgaste das pastilhas ou discos. Nos veículos com regeneração, esse desgaste é, muitas vezes, reduzido, mas tal não significa que o sistema esteja a funcionar corretamente.
Diagnóstico adequado
Outro ponto crítico é a forma como o pedal de travão é gerido. Em muitos modelos, o condutor aciona um comando eletrónico que coordena a travagem regenerativa com a hidráulica, através de um módulo de controlo. Isso implica sensores, cablagens e software — e tudo deve ser verificado com equipamento de diagnóstico adequado antes de qualquer intervenção.
Além disso, existem riscos associados a intervenções sem desligar corretamente o sistema de alta tensão. A travagem regenerativa está integrada no sistema elétrico de propulsão e operar sem conhecimento técnico pode representar perigo para o profissional e para o veículo.
Estado da bateria
Também nos ensaios de estrada, a travagem pode comportar-se de forma diferente consoante o estado da carga da bateria. Se esta estiver cheia, o sistema regenerativo reduz a sua ação, transferindo mais esforço para os travões hidráulicos. Este detalhe deve ser tido em conta nas análises de comportamento ou ruído.
A formação contínua é, mais do que nunca, indispensável. Compreender como a regeneração interage com os componentes convencionais é essencial para garantir uma intervenção segura, eficaz e de acordo com os padrões do fabricante.