Patrícia Mbengani Bravo Mamona. Quatro nomes para a história do triplo salto mundial. A atleta portuguesa, de ascendência angolana, tem 34 anos e uma carreira cunhada a ouro. Nos Jogos Olímpicos de 2020, ficou em segundo lugar na prova, ganhando a medalha de prata, com 15,01 m.
Em 2021, foi medalha de ouro em pista coberta, no Campeonato da Europa de Atletismo. Sempre em movimento, entre viagens constantes e treinos diários, Patrícia Mamona arranjou tempo para visitar a Oficina Vip.
Mamona é um nome de origem angolana e que vem de “visionário”. Mas será que, alguma vez, a atleta se imaginou a conquistar uma medalha de ouro em pista coberta, no Campeonato da Europa, depois de um ano tão difícil como o de 2021? “Qualquer atleta, quando vai a um campeonato, se imagina a conquistar uma medalha. Mas, sinceramente, em 2021, não estava à espera de conquistar uma medalha, visto que tinha tido uma época atribulada e tive covid-19”, revela.
“E embora tivesse, várias vezes, imaginado ganhar o Campeonato da Europa, naquele em específico, não me vi a conseguir essa tal medalha”, admite Patrícia Mamona à Oficina Vip. “Acho que a medalha aconteceu porque fui bastante descontraída, sem nada a perder. Foi um dos segredos para conseguir a medalha em 2021”, conta.
“O mais importante, desde que comecei a fazer atletismo, é superar-me a mim mesma. Como o meu treinador dizia, o objetivo é conseguir sempre 1 cm a mais do que o nosso recorde atual. Foi assim desde que comecei, muito nova, quando que saltava 11 m”, confidencia.
“O objetivo era fazer 11,01. Isto mantém-se até hoje. Com a marca de 15,01 m, obviamente que quero saltar 15,02 m. É esse o objetivo. Vai dar trabalho? Vai. Mas só assim é possível”, afirma a atleta.
Saltar com o coração
Numa entrevista recente, Patrícia Mamona afirmou que saltava com o coração. Mas o que será que ocupa a sua mente antes do primeiro dos três saltos? “Nas provas mais importantes, o trabalho já está feito naquela altura. Tenho noção que o meu corpo já sabe o que tenho a fazer. E o mais importante é conseguir manter o foco e dar tudo o que tenho para que o salto seja o mais longe possível”, conta.
E continua: “Mas, normalmente, antes dos primeiros três saltos – depende da prova – nas provas mais importantes, faço um pouco de visualização daquilo que quero que aconteça. Para estar emocional e mentalmente mais preparada, para conseguir o que visualizei”, explica.
“Depois, mesmo antes do salto, por vezes, se sentir que estou um pouco desfocada, repito a visualização concreta do salto. E, durante os saltos, é apenas saltar. Funciona melhor quando estás embebido no próprio salto. Nem estou a pensar, estou a viver o salto e o momento”, revela.
Patrícia Mamona é embaixadora da Toyota. E não esconde o orgulho nesta parceria. “A ligação à Toyota nasceu através de um contacto que fizeram. Como a marca é embaixadora dos Jogos Olímpicos, estavam à procura de atletas embaixadores para promover a marca. Mas a ideia era, também, apoiar esses mesmos atletas que iam estar presentes nos Jogos Olímpicos. Felizmente, fui escolhida e apostaram em mim”, orgulha-se.
“Esta parceria com a marca ajudou-me imenso. Na altura, tinha alguma dificuldade com os transportes. E correu bem. Aquilo que aprecio na marca são os seus valores, a longevidade, a constante procura da qualidade. Há sempre alguma coisa para melhorar. E é aquilo que penso em relação à minha pessoa, ao atletismo, aos meus objetivos. Há sempre alguma coisa que se pode melhorar. E é nisso que estamos focados”, sublinha.
Atualmente, conduz um Toyota C-HR. O que mais gosta neste modelo? “O próprio design, com um ar leve, de SUV. Mas, ao mesmo tempo, não é um carro muito volumoso. Tem umas linhas de que gosto muito. Depois também gosto muito que seja híbrido, da parte elétrica, do que acontece quando ligo a ignição e não faz barulho. A condução é bastante suave”, refere.
“E também acho que o carro é bastante veloz”. E aprecia velocidade? “Gosto mais do modelo GR, o mais desportivo, porque, de vez em quando, tenho o pé um pouco pesado. Gosto da sensação de acelerar. Sou atleta e quanto mais potente for a aceleração, mais gosto dessa sensação”, admite.
A Oficina Vip quis aprofundar que tipo de condutora é Patrícia Mamona. Calma ou acelera? “Sou um tipo de condutora muito variada. Depende do meu mood. É assim também que sou no dia a dia. Há um momento em que preciso de me sentir mais calma. Normalmente, tenho uma condução mais tranquila e oiço música, como jazz”, diz.
“Mas também tenho momentos, antes do treino, por exemplo, em que preciso de um pouco mais de energia. E aí, normalmente, tenho o pé um pouco mais pesado. Por isso, acho que sou também um híbrido. Depende mesmo do que estou a sentir”, reconhece à Oficina Vip.
Passageira? Só a travar…
Para os treinos, costuma ir sempre de C-HR. “Vou sempre de carro para o treino. E o meu carro é um pouco misto. É arrumado, porque tenho as coisas bastante organizadas, mas, ao mesmo tempo, é uma divisão de equipamentos. Preciso de ter alguns equipamentos de treino que não utilizo todos os dias – todos os dias é um treino diferente – mas que, para facilitar a vida, deixo-os no carro”, conta.
Não peçam é a Patrícia Mamona para ser conduzida. “Definitivamente, prefiro conduzir. Sou aquele tipo de pessoa que, quando estou no lugar do passageiro, não consigo estar quieta com os pés. Tenho de travar o carro, embora saiba que não estou a travar. Mas, na minha consciência, sinto-me mais segura a fazer os movimentos como se estivesse a conduzir”, revela a atleta.
Em tempos, viveu uma situação algo bizarra numa operação stop. “Fui mandada parar, numa operação em ambos os lados da estrada. Do lado oposto, estava um colega meu que regressava de uma prova onde tinha batido o recorde nacional no escalão dele. Assim que reparei que era ele, fiquei muito feliz e a minha primeira reação foi sair do carro, com os polícias a olhar para mim, para ir ter com ele e dar-lhe os parabéns”, relata.
“Quando regressei, os polícias ficaram bastante zangados (risos), porque eu saí do carro, quando devia estar a falar com eles. Mas aquilo foi um pouco a emoção de o ter visto”, recorda.
Devia ter ficado à espera que os polícias me dessem autorização. Tinha de dar a identificação, carta de condução… Ainda por cima, atravessei a estrada, sem ser na passadeira”, acrescenta. E terá sido multada? Ou tê-la-ão os polícias reconhecido e deixado passar, apesar de “zangados” com a desatenção? Fica a questão em aberto.
Manutenção? Nunca salta…
Algo que a medalha de ouro no triplo salto nunca faz é saltar as revisões e manutenções. “Sou muito certinha. Sou o tipo de pessoa que fica em pânico assim que o carro dá algum tipo de alarme ou quando está com os pneus mais vazios”, afirma.
“Não me sinto nada bem, nem segura, se o carro não estiver bem. Por isso, sou muito certinha”, garante. O nível do óleo nunca verifica. Mas, calma, tem um bom motivo. “Porque, de seis em seis meses – ou ainda menos do que isso – levo o carro sempre para ser revisto”.
Estudante de medicina biomédica, Patrícia Mamona também não tem medo de resolver, por si, algum problema que o automóvel lhe apresente. “Acho que tenho bastante taleto para a mecânica”, afirma. “Mesmo em casa, sempre que temos um problema com algum equipamento, sou a primeira a tentar consertar. Obviamente que vou procurar um pouco de informações ao Google ou a vídeos no YouTube”, conta.
“Se perceber que não consigo consertar, é que peço ajuda. Mas, sim, penso que tenho algum talento para a mecânica”, reforça a atleta à Oficina Vip. Ainda assim, nunca mudou um pneu. “A única vez que furei os dois pneus do lado direito do meu carro foi por ter passado numa poça de água que, afinal, era um buracão. Ficaram desfeitos, mas o carro não tinha pneus de substituição”…