A DEKRA alerta que alguns dos “acidentes mais graves nas estradas continuam a repetir-se, apesar do enorme progresso na segurança rodoviária”. Stefanie Ritter, investigadora de acidentes da organização, recorda que situações “clássicas” — embates contra árvores, colisões traseiras em filas de trânsito, acidentes em viragens com pesados ou atropelamentos — “permanecem críticos porque a tecnologia ainda não resolve tudo e a infraestrutura nem sempre acompanha”.
Estradas rurais são perigo
“As colisões com árvores continuam a ser das mais severas nas estradas rurais”, adianta a DEKRA. Basta um instante de distração ou velocidade ligeiramente excessiva para um despiste terminar num impacto frontal “que a física não perdoa”.
Sistemas de manutenção de faixa, câmaras e sensores conectados podem prevenir saídas de estrada, mas dependem de marcações bem visíveis e de condições adequadas. A DEKRA defende, também, a “proteção das árvores existentes, limites de velocidade ajustados e maior distância de plantação nas vias novas”.
Os utilizadores mais vulneráveis (peões e ciclistas) continuam expostos. “Mesmo com veículos mais seguros, limites mais baixos dentro das localidades e campanhas de sensibilização, o número de vítimas estabilizou ou voltou a crescer nalguns países”, avisa.
“Situações de baixa visibilidade, distração ou desrespeito das regras estão entre os cenários mais perigosos. Travagens automáticas com deteção de peões ajudam, mas só funcionam plenamente com atravessamentos acessíveis, orientação visual clara e comportamentos mais responsáveis”, sublinha a DEKRA, em comunicado.
Frotas antigas aumentam risco
Nos cruzamentos urbanos, o perigo aumenta quando camiões viram à direita. “Mesmo com sistemas obrigatórios de aviso ou travagem automática, o ângulo morto permanece um risco, sobretudo em frotas antigas”, diz.
Campanhas de sensibilização para ciclistas e motoristas — e autocolantes de alerta nos pesados — “têm mostrado impacto, mas ainda insuficiente para reduzir, significativamente, a sinistralidade”, reforça.
Também as colisões traseiras com pesados continuam a ser fatais. Travões mais rápidos, assistência à travagem de emergência, cruise control adaptativo e avisos de saída de faixa reduziram riscos, mas não anulam distrações devido a smartphones, fadiga ou pressão laboral.
“A falta de conhecimento sobre o funcionamento dos sistemas também gera reações erradas, sobretudo em obras ou congestionamentos súbitos”, defende. Para a DEKRA, a “automação apoiada por Inteligência Artificial e comunicação permanente entre veículos e infraestrutura pode, no futuro, praticamente eliminar este tipo de acidentes”, acrescenta.
O Relatório DEKRA 2025 conclui que a “segurança rodoviária avançou muito, mas continua dependente de três pilares inseparáveis: tecnologia fiável, infraestruturas consistentes e utilizadores atentos”.
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