Com uma década de experiência no setor dos pneus, Aldo Machado é quem gere os destinos da sucursal portuguesa da Nex Tyres, que comemorou, no passado dia 15 de novembro, sete anos de atividade.
Numa altura em que se cumpre o primeiro aniversário desde a abertura da nova plataforma a sul do Tejo, localizada no Pinhal Novo, o Check-up esteve à conversa com o country manager Portugal da Nex Tyres no novo espaço, enquanto a objetiva de Estelle Valente captava o momento.
Com uma área de 7.000 m2, inteiramente dedicada a pneus pesados, agrícolas e industriais, o novo armazém permitiu à Nex Portugal duplicar a sua capacidade de stock, mantendo as atuais estruturas para pneus ligeiros e de moto: Póvoa de Santa Iria (Lisboa) e Vila Nova de Gaia (Porto).
Em conjunto, as três plataformas perfazem um total de 13.000 m2 que estão à disposição dos clientes nacionais, levando a sucursal portuguesa da Nex Tyres a apostar, cada vez mais, num serviço de proximidade e numa disponibilidade que satisfaça as necessidades do mercado.
No tom calmo, cordial e simpático que o caracteriza, Aldo Machado faz um périplo pelos sete anos da Nex Portugal, revela de que forma ainda é possível fazer magia no mercado e confidencia o que alteraria no setor dos pneus se lhe fosse confiada a missão de mudar algo.
Pitágoras acreditava que o “7” era o mais perfeito, poderoso e mágico dos algarismos. A Nex Portugal comemorou, no dia 15 de novembro, sete anos. Tem sido um percurso perfeito, poderoso e mágico?
Se Pitágoras tivesse apenas referido “poderoso e mágico”, diria que sim. Poderoso porque, em sete anos, a Nex tornou-se num player de referência em Portugal e, também, a nível ibérico.
Mágico porque, internamente, acreditamos que os nossos clientes nos foram apoiando com uma magia inimaginável, algo que sempre fomos lutando por obter, mas que superou todas as expectativas iniciais que tínhamos.
No atual contexto, ainda é possível fazer magia no mercado?
Acreditamos que sim. O mercado é muito maduro, mas pode, claramente, evoluir, ganhar dimensão, alterar alguns paradigmas… Sou um grande defensor da teoria em que os vários players devem ponderar fusões e aquisições, falando tanto da distribuição como do retalho. Aí sim, a magia devia acontecer!
Com entregas de pneus quatro vezes ao dia nas regiões da Grande Lisboa e do Grande Porto, a Nex Portugal foi o player que inaugurou esta modalidade. Achas que foi uma mais-valia ou uma dor de cabeça, logisticamente falando?
Fomos, de facto, o primeiro player a ter esse modelo nos dois grandes centros urbanos. Antes da nossa presença, apenas se praticava em Lisboa. Nenhuma dor de cabeça logística (o parceiro CARF sempre foi extremamente fiável e trabalha connosco desde o primeiro pneu) e foi, claramente, uma mais-valia, destacando-se no nosso arranque como um elemento diferenciador dos restantes concorrentes.
A ação “7 anos = 7 novidades” permitiu à Nex Portugal enriquecer o seu portefólio com a adição das marcas Hankook, Firestone, Roadx, Fortune, Goodride, Mitas, Riken…
Temos um compromisso para com os nossos clientes que não podemos descurar: estar ao seu lado todos os dias e para todas as necessidades! No caso da Hankook, a presença em equipamento original é importante. Na Firestone, falamos de uma marca histórica no nosso país, que mantém uma presença de referência em Portugal.
A Roadx, em pneus ligeiros, amplia a presença da marca que já detínhamos para camião.
A Fortune traz uma nova visão para pneus pesados no segmento budget, ao passo que a Riken assinala um regresso ansiado ao nosso stock. As marcas Goodride e Mitas complementam o nosso portefólio no segmento industrial, que ainda se encontrava incompleto (a nível budget com a Goodride e, no caso da Mitas, a nível de pneus de qualidade superior para empilhador).
É fácil à Nex Portugal ter “voz ativa” e fazer valer os seus argumentos junto da Nex Tyres?
Trabalhamos em conjunto, com um bloco firme e coeso, que nos permite ter uma visão estruturada do negócio, mas adaptada às necessidades de cada país, com marcas distintas em segmentos específicos e com stocks dedicados às necessidades dos clientes de cada lado da fronteira.
Está a cumprir-se um ano desde a abertura da nova plataforma a sul do Tejo, localizada no Pinhal Novo. É caso para dizer que a Nex Portugal entrou (literalmente) noutra dimensão?
Acreditamos que sim, não só ao nível da capacidade de stock nacional, mas, também, no que à qualidade do mesmo diz respeito. Por outro lado, esse alargamento colocou-nos outros desafios: estamos a desenvolver vários projetos internos a nível logístico para otimizar e melhorar tempos e qualidade de produção e envios.
Algo que melhorará, significativamente, os rácios relativos a erros e tracking de envios. É importante para os nossos clientes, logo é fulcral para os nossos objetivos!
Se te fosse confiada a missão de mudar algo no setor dos pneus, o que alterarias?
A primeira missão, ainda que o setor da reciclagem esteja em total desacordo, seria proibir a venda de pneus usados. A segurança rodoviária deve ser uma prioridade de todos e uma atividade desregulada não permite que isso seja assumido de forma inequívoca!
A nível do mercado de distribuição e retalho, deveríamos apostar no crescimento orgânico das nossas empresas (como referia anteriormente), o que ajudaria a obter maior reconhecimento de todo o setor junto do público.
O paradigma do mercado automóvel tem sofrido uma revolução importante e o futuro também deverá reconhecer a importância do pneu no cumprimento dos objetivos da mobilidade sustentável.
Ligeiros, comerciais, 4×4/SUV, pesados, moto, agrícolas, industriais… Dentro desta ampla oferta multiproduto e multisegmento, qual a classe de pneus que assume maior expressão?
A gama de pneus ligeiros (incluindo comerciais e 4×4/SUV). No entanto, a presença da Nex no mercado de pneus pesados é, provavelmente, superior ao volume de negócios que o mesmo produz.
Por outro lado, a Nex destaca-se a nível de posicionamento como sendo um player importante nos segmentos quality em termos de pneus ligeiros (principalmente via Kleber e Avon) e pesados (destacando-se o papel da Kumho), onde a sua quota de mercado é, efetivamente, relevante.
Como recordarás 2022? O que consideras ter sido o melhor e o pior do ano?
A nível “Nex”, o melhor foi o reconhecimento por parte dos nossos clientes, que nos permitiu continuar a crescer. O pior foi a instabilidade e a deterioração da economia por via da inflação e do aumento dos juros.
Também a este nível, o impacto na sociedade portuguesa será, claramente, um dos fatores mais negativos.
De forma positiva, parece-me que o final do contexto pandémico terá sido determinante para regressarmos à normalidade e retomarmos os níveis de confiança económica.
De que forma a pandemia e o contexto de guerra na Europa afetaram o negócio da Nex Portugal?
A pandemia afetou-nos de forma indelével, mas penso que soubemos tirar o (pouco) que de melhor nos deixou: valorizar as pessoas, priorizar a saúde e sentir que não conseguimos controlar todos os fatores. Foram meses difíceis e de muita preocupação com colegas, clientes, fornecedores… E viver com toda a instabilidade económica que ainda hoje se faz sentir.
A guerra no extremo oriental da Europa não justifica toda a tendência inflacionista, a qual, na minha opinião, teve início no período pandémico (que se fez sentir nas subidas das matérias-primas e dos fretes marítimos, potenciada pela “injeção” de moeda na economia europeia), mas que a guerra e o destaque “intensivo” dado pela comunicação social (tal como na pandemia) tornou insustentável.
Com tudo isto, teremos, durante os próximos meses, um grau de investimento altíssimo, seja por via do aumento de stocks ou do crédito a clientes altamente inflacionado.
As necessidades de fundo de maneio por parte de toda a economia (e do setor dos pneus em particular), fará com que o risco de crédito suba exponencialmente e a procura por produtos de baixo custo se sobreponha às ofertas de melhor qualidade, devido à deterioração do poder de compra. Em suma: não estaremos entediados durante os próximos tempos…