Hoje, 16 de novembro, assinala-se o Dia Nacional do Mar. A Soc. Com. C. Santos não quis deixar passar a data e dá a conhecer o projeto Mar de Experiências, que surgiu em 2017 para trabalhar pedagogia e a consciencialização de modo a preservar da biodiversidade dos oceanos.
O projeto já resultou na edição de um livro e na produção de dezenas de obras de arte a partir de lixo (sobretudo plástico) apanhado na praia. Os responsáveis pelo Mar de Experiências são Teresa Azevedo, socióloga de formação, e Bruno Costa, fotógrafo e artista.
As esculturas feitas, por Bruno Costa, a partir de lixo recolhido na praia são, hoje, porventura, a face mais visível do Mar de Experiências. Mas este projeto é anterior às obras de arte e é, também, muito mais abrangente, com vista à divulgação e valorização da cultura costeira.
Como é possível saber na mais recente SocInterview (ver vídeo abaixo), que, excecionalmente, não aborda a temática dos automóveis e da mobilidade, o Mar de Experiências teve origem no voluntariado, em 2017.
“O Mar de Experiências surgiu, inicialmente, de um serviço voluntário, em que nos propusemos a criar dinâmica no museu local. Entre as várias atividades que fomos promovendo, percebemos que a história que os locais nos contavam tinha muito interesse e não estava tão valorizada quanto nós achamos que devia estar”, conta Teresa Azevedo.
Foi daqui que surgiu o primeiro projeto do Mar de Experiências, a Hora do Conto, em que são contadas histórias aos mais pequenos. “Porque as crianças é que trazem os adultos”, refere a socióloga.
O sucesso desta iniciativa resultou na edição de livros, o primeiro dos quais o “Vila Chã – Um Mar de Experiências”, escrito por Teresa Azevedo e ilustrado por Bruno Costa.
Entretanto, a Hora do Conta já foi a várias escolas, centros educativos e espaços culturais, onde, além dos contos, a dupla do Mar de Experiências desenvolve jogos com material reciclado e reutilizado.
Mais tarde, em 2018, o casal começou a observar o lixo que chegava às praias, sobretudo a partir do mar. Foi, então, que Bruno Costa meteu, literalmente, mãos à obra e surgiram expressões de arte.
“Nós explorávamos tudo, desde a avifauna, a flora dunar, tudo isso. O lixo passava-nos ao lado, nunca tínhamos explorado. Nesse ano, em particular, muito chuvoso, fizemos várias recolhas de lixo”, refere.
O lixo recolhido na praia foi separado de duas formas. Uma foi o lixo que estava intacto, como as rolhas e as molas, que resultou na exposição “Praias Noutra Perspetiva”.
A segunda forma foi o material de plástico, que estava mais partido. Também daqui resultou uma exposição, a “Biodiversidade que nos Conta História”, como explica o artista.
https://www.youtube.com/watch?v=YwaArpCxSZ8
“Pegámos nas histórias recolhidas dos locais, que tinham uma necessidade imensa de falar, de partilhar as suas histórias de vida, e transformámos em peças, que surge desde a agricultura, até à pesca do bacalhau. De quem nós recolhemos a informação atribuímos o nome dessa pessoa à peça”, revela.
O artista refere que todas as criações artísticas têm uma mensagem que vai para além da arte. Têm, também, uma vertente histórica. Uma das primeiras peças de Bruno Costa foi a Lourença, uma sardinha feita de lixo que está na cozinha de Manuel Luís Goucha, segundo o artista.
“Conta a história das mulheres da pesca, das mulheres que foram ao mar, das mulheres que venderam. Portanto, não existe uma questão (apenas) artística, existe uma questão artística, ambiental – porque estas construções são feitas com lixo recolhido da praia – e uma questão cultural e histórica”, acrescenta Teresa Azevedo.
Bruno Costa destaca a “ligação muito forte ao meio” em que o casal se insere, afirmando que essa ligação é importante para que todos os cidadãos pensem em preservar o ambiente.
Pedagogia é o que o Mar de Experiências propõe nas atividades, nos livros e nas esculturas. “A história nunca se conta toda e estamos sempre a construir história. A história nunca acaba”, explica Teresa Azevedo.
“E a reflexão sobre o momento passado e presente pode acontecer sempre em tudo. Basta pegar na tampa da caneta e perceber porque é que ela apareceu neste lugar específico. É isso que nós pretendemos, que a sociedade se torne mais reflexiva. E mais ativa e mais cívica”, deseja.
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