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Será o 10W-60 uma boa solução para o elevado consumo de óleo? O Grupo Merpeças tem a resposta

A CAP, que distribui a Sludgenizer NV-S, máquina de limpeza interior do motor disponível no Grupo Merpeças, realizou um inquérito junto de vários fornecedores de óleo dos Países Baixos.

Combater o elevado consumo de óleo com 10W-60 será boa ideia? A CAP (Circular Automotive Parts), distribuidora da Sludgenizer NV-S, máquina de limpeza interior do motor comercializada pelo Grupo Merpeças (integra as empresas Merpeças e Silvapeças) e que estará em exibição na expoMECÂNICA 2021, colocou a questão a diversos fornecedores de óleo dos Países Baixos.

A maioria não respondeu positivamente, uma vez que apontou uma série de danos colaterais com a aplicação do 10W-60. Como se resolve, então, o consumo de óleo nos veículos mais antigos? Será que existirão situações em que não há problema?

Às estatísticas o que é das estatísticas: 11 dos 16 fornecedores de óleo e/ou aditivos responderam, com um claro e inequívoco “Não o faça”, à pergunta “10W-60 para resolver o elevado consumo de óleo?“. Vários fornecedores dos Países Baixos indicam três razões principais para terem dado tal conselho.

Primeira razão: danos no motor

A BG refere que “o óleo mais espesso necessita de mais tempo durante o arranque a frio para poder alcançar as peças vitais do motor, o que, só por si, provoca desgaste extra”.

Já a Slump Oil, afirma que esse risco “acontece, principalmente, no inverno”. Tunap e NSL Oil também alertam para a possibilidade da ocorrência de danos no motor devido “à utilização de um óleo muito espesso”.

A Kroon-Oil, por seu turno, explica como um óleo mais espesso acaba por agravar os problemas: “Embora as perdas por evaporação (consumo de óleo do motor) sejam, geralmente, baixas devido a esta viscosidade, o consumo de combustível aumentará e os componentes hidráulicos funcionarão menos bem a baixas temperaturas. Além disso, criar-se-ão mais resíduos de combustão, o que significa que os anéis do pistão, por exemplo, degradam-se mais rapidamente”.

A Dupag AG fornece mais detalhes acerca destes componentes hidráulicos: “O tensor da corrente de distribuição é regulado pela pressão do óleo. Uma viscosidade mais elevada produz uma tensão também ela maior na corrente”.

E a Chevron indica uma possível causa: “O consumo de óleo é, muitas vezes, resultado do desgaste da parede do cilindro, caracterizado pelo desaparecimento do padrão da sua abrasão. O que torna muito mais fácil para o óleo fluir para fora do motor através da parede do cilindro. Tal pode ser parcialmente evitado recorrendo a um óleo de motor com uma viscosidade mais elevada, mas outros problemas também podem surgir, como pressão de óleo mais elevada, lubrificação menos correta devido a uma película de óleo mais espessa e maior consumo de combustível”.

Segunda razão: teor de cinzas

“Quase não existem no mercado produtos com essa viscosidade que correspondam às especificações atuais, como Low Saps, para os automóveis mais modernos. Resumindo, ao utilizar-se um 10W-60, não se cumprem as especificações além da viscosidade. O que também pode causar problemas”, afirma a Kroon-Oil.

“Imprudente”. É como a Eurol classifica a utilização de um óleo mais espesso mais resolver o elevado consumo de óleo. Um 10W-60 costuma ser Full Saps. “Nesse caso, é preferível utilizar o Eurol Visco Oil Plus, que atribui uma viscosidade mais alta, mas não afeta as outras especificações”, assegura.

Da Dupag, chega o mesmo aviso: “As peças de metal no óleo 10W-60 podem ter altura ilimitada. Portanto, em vez de Low Saps, é, frequentemente, um óleo High Saps. A sua utilização num veículo equipado com filtro de partículas é, por isso, arriscada”.

E a Bardahl é inflexível em relação ao tema: “Não o faça. Os óleos 10W-60 não têm as classificações ACEA exigidas para a maioria dos motores. É melhor lavar, adicionar aditivos ou reparar”.

Terceira razão: disfarça, mas não resolve

“Se apenas se substituir, por exemplo, um 5W-30 por um 10W-60, tal ajuda a reduzir o consumo de óleo, mas desencadeará um grave problema mecânico. Anéis de pistão presos ou gastos. Esta opção só ajudará durante um curto período de tempo”, afirma a LIQUI MOLY.

“A curto prazo, é possível reduzir o consumo de óleo”, refere, por seu turno, a Tunap. “Mas tal implica outros riscos. Por exemplo, um óleo muito espesso pode causar desgaste ainda maior e danos permanentes no motor durante o arranque a frio. A longo prazo, o problema só se agravará”.

“O nosso conselho visa combater a causa do elevado consumo de óleo do motor”, refere a Kroon-Oil. Qual poderia ser a causa? “É o consumo real de óleo? Ou existe uma fuga? Claro que é possível identificar, rapidamente, uma fuga com base nas pingas que caiam, mas há, também, um indicador fiável para verificar o consumo de óleo: a vareta que mede o nível”, explica.

“O consumo é contínuo ou apenas acontece durante a aceleração? No primeiro caso, os anéis do pistão podem estar sujos. A medição da compressão fornece informações e até revela qual é o cilindro que está em piores condições. Neste caso, é recomendado fazer uma descarga no motor. E quanto à fuga de vedação da válvula? Recomenda-se o Oil Enhancer, um agente que se adiciona ao óleo”, acrescenta a Kroon-Oil.

A Forté relaciona o consumo de óleo com a poluição: “Não é possível obter uma boa película lubrificante com um óleo mais espesso. O óleo deve ser capaz de aderir à parede do cilindro. Tal proporciona uma película de lubrificação completa e vedante, com consumo mínimo de óleo. Portanto, foi aplicado um padrão abrasivo ou outro tipo tratamento para dar à superfície do cilindro uma certa aspereza”, revela.

E vai mais longe: “Devido à contaminação, o padrão abrasivo é preenchido com depósitos de laca. Além disso, o anel raspador de óleo enche-se de sujidade, assim como os canais de transporte de óleo atrás do anel raspador de óleo no pistão. Com o Forté Motor Flush, é possível limpar tudo. Dependendo do desgaste e da pré-tensão dos anéis do pistão, a película lubrificante na parede do cilindro é restaurada”.

No entanto, nem todos os fornecedores se opõem à utilização de um óleo mais espesso: “Se um C3 5W-30 ou C3 5W-40 for recomendado, então pode fazer sentido mudar para um óleo mais espesso”, defende a Millers Oils.

Por seu turno, a NSL Oil acredita que o 10W-60 vai longe demais. “Uma classificação SAE acima do recomendado pelo fabricante, geralmente, não é problema”. O MPM também não é necessariamente maior em comparação com uma classe de viscosidade: “Se um 10W-30 provocar um consumo de óleo muito maior, a aplicação de um 10W-40 pode reduzir esse efeito”, defende.

“A transição deve ser sempre feita com cuidado. A causa do consumo pode ser mecânica e não fica resolvida com a utilização de um óleo mais espesso. É preciso ter a certeza de que as especificações do óleo de alta viscosidade são adequadas para o motor em questão”, alerta a NSL Oil.

Slump Oil, High Tec Speciality e NSL Oil também não colocam de parte a mudança para 10W-60. Mas nunca desta forma. E acrescentam “ses e mas”: “Nem todos os motores são adequados para tal. Primeiro, há que identificar a causa. Um 10W-60 não pode ser utilizado de qualquer maneira sem que haja prejuízo“, avisam.

A Dupag é muito direta nesta questão: “Formalmente, o conselho é claro: ‘Não o faça’. Especialmente tendo em conta que as especificações do 10W-60 não correspondem aos requisitos de determinado motor”, frisa.

E conclui: “Na prática, entretanto, estão a ser alcançados resultados bastante satisfatórios. É aplicado em automóveis que apresentam bom nível de desgaste. Não é solução, mas, antes, um alívio sintomático. É bom para uma determinada categoria de veículos”.

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