Apaixonado por Barcelona, que considera ser o lugar mais bonito que visitou, Miguel Ruiz, que se define, ele próprio, em três palavras, como sociável, tenaz e honesto, é, desde 2016, country manager iberia da Lizarte.
Liderar a estratégia comercial da empresa em dois mercados tão exigentes e competitivos como são os de Espanha e Portugal, mantendo uma perspetiva próxima e humana do negócio, é a sua missão.
Miguel Ruiz, que tem como hobbies ver futebol, andar de bicicleta e estar com os amigos, trabalha em estreita colaboração com uma equipa de vendas composta por 13 representantes, com os quais partilha, diariamente, atividades, estratégias e objetivos.
Um dos aspetos mais importantes do trabalho que faz, é a gestão das relações com os clientes. E assume, sem rodeios, que ser country manager iberia da Lizarte é um desafio apaixonante, mas, também, uma grande responsabilidade.
No tom ponderado, afável e bem-disposto que o caracteriza, Miguel Ruiz recebeu o Check-up de braços abertos. Da fundação da empresa à nova gama Lizarte NEW, passando pela economia circular, responsabilidade social e planos para Portugal, falou de tudo um pouco.

A Lizarte comemora, em 2025, 52 anos de existência. Qual é o “segredo” desta longevidade?
Creio que a “chave” está na conjugação de visão a longo prazo com capacidade de adaptação e grande coerência entre o que dizemos e o que fazemos. A Lizarte conseguiu evoluir com o mercado sem perder a sua essência: oferecer ao aftermarket uma combinação de produtos técnicos, qualidade garantida e proximidade comercial.
Durante mais de cinco décadas, mantivemos uma cultura empresarial baseada na melhoria contínua, na aposta no talento que temos e num forte compromisso com a sustentabilidade.
Existem registos de como era o pós-venda na altura em que Eduardo Huarte (pai de Óscar Huarte, atual CEO) e Jesús Lizarraga fundaram a empresa?
Há registos, sim. E são muito interessantes, por sinal. O mercado de pós-venda na década de 1970 era muito mais local, menos estruturado e focava-se, principalmente, na reparação de componentes, em vez da sua substituição.
A Lizarte nasceu nesse ambiente, com uma abordagem muito técnica e artesanal. Hoje, embora o mercado de pós-venda tenha mudado radicalmente, mantemos esse espírito de compreensão do produto e o objetivo de oferecer soluções adaptadas a cada cliente.
A Lizarte iniciou, em 1973, a sua atividade com a remanufatura de colunas de direção. Hoje, dispõe de uma gama alargada de produtos. Considera que este foi um passo fundamental para o crescimento da companhia?
Sem dúvida. Começar pelas cremalheiras de direção permitiu-nos desenvolver um conhecimento profundo acerca do comportamento dos componentes, dos processos de desmontagem, do diagnóstico, da reparação e do controlo de qualidade.
“A Lizarte está comprometida com a economia circular. A nossa linha de produtos remanufaturados é a ‘chave’ desse conceito”
Esta base permitiu-nos, ao longo do tempo, alargar o nosso catálogo para incluir outras famílias, como bombas, colunas de direção, injetores Diesel e compressores de ar condicionado, para citar alguns exemplos. Cada passo que damos é coerente com a visão técnica que temos do aftermarket.
O vosso mais recente lançamento diz respeito a uma nova linha de transmissões, que dispensa a devolução da peça usada e tem disponibilidade imediata…
Nem mais. Trata-se de um projeto estratégico para nós. Com a Lizarte NEW, damos resposta a uma procura real do mercado: produtos novos, sem necessidade de devolução do casco, com disponibilidade imediata e máxima cobertura do parque automóvel circulante.
Eliminar o processo de devolução do core simplifica a logística e confere velocidade ao serviço, algo que é especialmente valorizado em aplicações de elevada rotatividade, como é o caso dos veios de transmissão e das juntas homocinéticas.
De que forma a não obrigatoriedade da devolução da peça usada afeta a fluidez da economia circular, conceito sob o qual assenta o modelo de negócio da Lizarte?
A Lizarte está comprometida com a economia circular. A nossa linha de produtos remanufaturados continua a ser a “chave” desse conceito. No entanto, temos consciência que existem ambientes logísticos e tipos de produtos nos quais o modelo de devolução da peça usada não se encaixa.
Nesse sentido, a Lizarte NEW não substitui os produtos remanufaturados. Antes complementa-os. Surge como uma resposta prática às realidades do mercado. Mas atenção: continuamos a promover a sustentabilidade através da eficiência energética, da redução de resíduos e da otimização de recursos, inclusivamente nos processos internos.





Está prevista a expansão da nova gama para a delegação de Barcelona e para os armazéns reguladores em Espanha, França e Alemanha?
Precisamente, estamos a trabalhar nisso. A nossa intenção é que a gama Lizarte NEW tenha uma implementação progressiva em todos os nossos centros logísticos, garantindo uma disponibilidade local que nos permita fazer entregas em prazos muito competitivos. Estamos a coordenar isso com as nossas equipas de Barcelona, Valência e Alicante (Espanha), mas, também, em França e na Alemanha.
O novo catálogo que têm inclui semieixos, juntas homocinéticas e eixos cardan. Foi desenvolvido a pensar nos clientes que valorizam rapidez, disponibilidade e fiabilidade?
Exatamente. Foi esse o ponto de partida. Sabíamos que existia uma oportunidade no mercado para oferecermos uma solução de qualidade, bem apresentada e com disponibilidade imediata.
Estamos focados em servir tanto os distribuidores que dão prioridade à agilidade como as oficinas que exigem fiabilidade em cada montagem. A embalagem, a etiquetagem, as instruções… tudo está pensado para facilitar o trabalho em cada elo da cadeia.
Considera que a capacidade de stock e a produção in-house são dois argumentos que diferenciam a Lizarte no mercado de pós-venda?
Absolutamente. Poder controlar os nossos processos de produção e ter stock real nos nossos armazéns permite-nos responder com rapidez e flexibilidade. Esta combinação é difícil de replicar e faz uma diferença significativa na experiência do cliente, tanto no nosso produto remanufaturado atual como no novo produto da gama Lizarte NEW.
Há quanto tempo está a Lizarte presente em Portugal e de que forma se processa o seu negócio no nosso país?
Estamos presentes, de forma ativa, há mais de sete anos, embora a nossa relação comercial com Portugal seja muito mais antiga. Trabalhamos através de uma rede de distribuidores líderes que conhecem o produto, o parque automóvel circulante e as necessidades das oficinas portuguesas.

Além disso, acompanhamos, também ativamente, estes clientes com apoio técnico e diversas campanhas adaptadas ao mercado local. Portugal é, sem dúvida, um mercado estratégico para nós. Mantemos o compromisso de oferecer soluções sustentáveis e de qualidade, alinhadas com os valores da economia circular e com o futuro do aftermarket.
Quais são os principais mercados para a Lizarte, além de Espanha e Portugal?
Atualmente, temos uma presença destacada em países como França, Alemanha, Polónia, República Checa, Benelux, Finlândia, Croácia e Grécia. A nossa estratégia passa por reforçar esta posição na Europa, mantendo sempre a filosofia de serviço que temos, a proximidade e a qualidade técnica.
Como é ser country manager iberia da Lizarte? Qual é, no fundo, o seu papel dentro da companhia?
Ser country manager iberia da Lizarte é um desafio apaixonante e uma grande responsabilidade. Implica liderar a estratégia comercial da empresa em dois mercados tão exigentes e competitivos como são os de Espanha e Portugal, mantendo uma perspetiva próxima e humana do negócio.
Um dos aspetos mais importantes do meu trabalho, é a gestão das relações com os clientes. Não se trata apenas de vender, mas, também, de compreender as suas necessidades, construir confiança e fornecer soluções que realmente os ajudem a crescer.
Esta relação direta e constante com o mercado permite-me identificar oportunidades de melhoria contínua, adaptar as nossas propostas e manter a Lizarte sempre alinhada com as necessidades de oficinas, distribuidores e profissionais do setor.
“Estamos presentes, de forma ativa, há mais de sete anos, embora a nossa relação comercial com Portugal, que é, em dúvida, um mercado estratégico para nós, seja muito mais antiga”
Trabalho em estreita colaboração com uma equipa de vendas composta por 13 representantes, com os quais partilho, diariamente, atividades de vendas, estratégias e objetivos. Para mim, o trabalho em equipa é a “chave”: uma rede comercial coesa e motivada é o motor de qualquer crescimento sustentável.
Além disso, participo no desenvolvimento de novos projetos, colaborando com outros departamentos para promover soluções inovadoras que fortaleçam a nossa posição no mercado.
Observar o ambiente, identificar tendências e estar atento às mudanças tecnológicas e de comportamento do consumidor são fatores essenciais para nos anteciparmos e continuarmos a acrescentar valor.
O meu papel é ser o elo de ligação entre o mercado ibérico e a visão global da Lizarte, contribuindo para que continuemos a ser uma referência em remanufatura e economia circular no setor automóvel.
De que forma encara a Lizarte a eletrificação do automóvel? Traz oportunidades de negócio, até porque a empresa inclui no seu catálogo sistemas de direção para veículos elétricos?
Sem dúvida. A eletrificação é uma transformação estrutural e a Lizarte está a abordá-la com uma estratégia clara: adaptar a nossa gama de produtos remanufaturados e novos às necessidades do parque automóvel eletrificado. Vemos esta evolução como uma oportunidade para nos mantermos relevantes e úteis em prol dos clientes.

Será a remanufatura um processo cada vez mais indispensável na indústria automóvel, de modo a tornar o planeta mais sustentável?
Correto. A remanufatura permite-nos aproveitar componentes valiosos, reduzir a utilização de matérias-primas e minimizar as emissões. É um modelo de produção mais racional, mais eficiente e alinhado com os objetivos ambientais da indústria. Acreditamos que o futuro será cada vez mais circular e a Lizarte tem muito a contribuir para isso. É a nossa essência.
A Lizarte é, hoje, também reconhecia pelo seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa. São apostas para manter?
Não só são para manter, como, sobretudo, para fortalecer. A sustentabilidade e a responsabilidade social estão no centro da nossa estratégia. Investimos em processos mais limpos, reciclagem, eficiência energética e desenvolvimento de talentos internos. Entendemos que uma empresa moderna não pode crescer se não tiver em conta o impacto que gera no ambiente e na sociedade.
Com um stock inicial de 20 mil unidades e uma capacidade de armazenamento superior a 940 m2, qual a importância do novo centro logístico de Pamplona, na província de Navarra?
Esta expansão do armazém representa um salto qualitativo na nossa capacidade operacional. Permite-nos melhorar os prazos de entrega, otimizar a gestão de encomendas e oferecer melhor serviço aos clientes.
É, também, uma aposta para continuarmos a crescer a partir da base que temos em Espanha, reforçando a nossa competitividade em todos os mercados onde operamos.