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Segundo a Oscaro, 40% dos espanhóis não precisa de ir à oficina

Num artigo assinado por Carlos G. Pozo, diretor da La Comunidad del Taller, e publicado no blogue deste órgão de comunicação, que cita a Oscaro, "40% dos espanhóis não precisa de ir à oficina".

“Por vezes, leem-se coisas inacreditáveis: ‘39,4% dos espanhóis repara o seu carro sozinho, sem ter de deslocar-se à oficina’, afirma a Oscaro em nota de imprensa. Uma informação tão tendenciosa que, por ser descaradamente mentirosa, merece ser publicada, embora não da forma que quem a veiculou pretendesse”. Começa, assim, o artigo assinado por Carlos G. Pozo, diretor da La Comunidad del Taller, e publicado no blogue deste órgão de comunicação, no passado dia 5 de maio.

“São os dados, segundo explicam, de um estudo realizado pela consultora Appinio junto de homens e mulheres de Espanha, com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos”, escreve Carlos G. Pozo. Que acrescenta: “Os resultados apresentados servem perfeitamente as pretensões da plataforma de vendas online de peças de reposição, mas é surpreendente que os divulguem deste modo, sabendo-se (porque qualquer profissional do setor sabe) que não são verdadeiros”.

Quase 40% dos espanhóis é autossuficiente no que diz respeito à manutenção e reparação do seu veículo? Questiona o diretor da La Comunidad del Taller? “Nem pouco, mais ou menos. Poder-se-ia discutir se 40% efetua alguma operação – mudança de óleo, de pastilhas, de escovas limpa para-vidros… – mas não que ‘arranja o seu carro por conta própria, sem ter de deslocar-se à oficina’, como, literalmente, afirmam”, dá conta Carlos G. Pozo.

De acordo com a consultora GiPA, em Espanha, no ano de 2016, 89% dos condutores delegava a manutenção e reparação do seu veículo à oficina. “O ‘Do It Yourself’ (‘Faça você mesmo’) cresceu no nosso país. Por diversos motivos, sobretudo relacionados com a idade do parque automóvel, que alcança já 27% do total de operações”, explica.

Home tire change

“Um crescimento de 16 pontos em cinco anos é significativo, mas a realidade está muito distante daquela que é plantada pelo estudo, que refere que 40% dos espanhóis não vai à oficina para realizar nenhuma das operações necessárias no seu veículo. Porque não é verdade”, escreve o autor.

Os artigos mais vendidos online refletem a tendência real: escovas limpa-vidros, óleo de motor, filtros de ar, pastilhas de travão, baterias e filtros de óleo. “Operações pequenas e complexas que sempre tiveram o seu nicho – sim, nicho -, no ‘faça você mesmo’. Um nicho que cresceu, é verdade, mas em Espanha 73% das operações faz-se na oficina”, frisa Carlos G. Pozo.

E vai mais longe: “Dizer o contrário é tão mentiroso quanto perigoso, porque se a tendência fosse realmente essa e 40% dos espanhóis arranjasse o seu veículo por conta própria, estaríamos perante um grave problema de segurança rodoviária”.

Windscreen wipers change

De acordo com o estudo divulgado pela Oscaro, “desses 40% que arranjam o seu veículo por conta própria, apenas 4% são profissionais de oficina (o que até aí podia entender-se). O resto são curiosos, que dizem confiar na sua experiência, em tutoriais em vídeo e em blogues especializados. Enfim…”, lamenta.

Além disso, o mesmo estudo assegura que 80,8% da população comprou, pelo menos uma vez, peças de reposição online. “A sério? Oito em cada 10 espanhóis entre 18 e 65 anos compraram uma peça sobressalente online? Não acredito. Mas, neste caso, pode ser uma opinião mais pessoal do que qualquer outra coisa”, desabafa o diretor da La Comunidad del Taller.

“Analisando a situação, quiçá fosse necessário determinar o que considera o estudo ser uma peça sobressalente, porque é aqui que pode estar o problema… Um ambientador é uma peça de reposição? E um suporte para telemóvel? Um tapete para o rato do computador? Autorrádios? Altifalantes? Coberturas de volante? Do meu ponto de vista, nem mesmo com estes”, enfatiza Carlos G. Pozo.

Que, a concluir, deixa um lamento: “É uma pena que esta nota venha a ser reproduzida, de forma literal, na imprensa generalista, que contribuirá com o seu desconhecimento nesta matéria para espalhar a mensagem. Mais dramático seria vê-la, também, ser publicada em órgãos de comunicação especializados.

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