“Quando muitas empresas travaram, a Motorbus acelerou”, diz Pedro Lebre

A Motorbus celebra 30 anos de dedicação e inovação, mantendo-se líder no setor dos pesados em Portugal e além-fronteiras. Ocasião ideal para conversar com Pedro Lebre.
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Check-up Media Pedro Lebre

Há 30 anos, a Motorbus deu os primeiros passos num mercado exigente e competitivo, impulsionada pela visão de um empreendedor com profundo conhecimento do setor.

Desde então, a empresa cresceu, diversificou-se e consolidou-se como líder no segmento das peças para veículos pesados em Portugal, expandindo a sua presença para mais de 20 países. A chave do sucesso? Uma estratégia assente na proximidade com os clientes, numa gestão eficiente de stock e numa aposta contínua na inovação.

Pedro Lebre, administrador da empresa juntamente com o irmão, Joel Lebre, encara este percurso com orgulho, mas, também, com a determinação de quem nunca se acomoda.

A chegada a Lisboa e a decisão de expandir em plena pandemia foram momentos decisivos que puseram à prova a resiliência da equipa. No entanto, longe de recuar, a Motorbus acelerou, reforçando a sua posição de topo.

Em entrevista ao Check-up, Pedro Lebre revisita a história da Motorbus, partilha os desafios superados e antecipa os próximos passos. Entre planos de crescimento e uma visão estratégica clara, a empresa mantém-se fiel ao seu ADN familiar e à promessa de oferecer um serviço de excelência. “O stock e o serviço são as nossas armas”, diz.

Check-up Media Pedro Lebre smile
Três décadas de Motorbus. Como resumirias esta trajetória?

Assenta nos nossos pilares: dedicação, qualidade e profissionalismo. Foram 30 anos de muito trabalho e investimento. A Motorbus nasceu e cresceu impulsionada por uma paixão. E é essa paixão que continua a guiar-nos.

Se pudesses voltar atrás e dar um conselho ao fundador na altura da criação da empresa, qual seria?

Não consigo dar conselhos ao meu pai (risos). Ele conhecia o mercado, tinha o know-how e teve a coragem de avançar. Foi um projeto estruturado, onde tudo foi feito com conta, peso e medida.

Há sempre aspetos que podiam ter sido melhorados, mas o balanço geral é muito positivo. Talvez tivéssemos avançado para as atuais instalações na Castanheira do Ribatejo quatro ou cinco anos mais cedo.

Ao longo destes 30 anos, quais foram os momentos que mais testaram a resiliência da empresa?

Houve vários, mas destaco dois: a chegada a Lisboa e a pandemia. Durante a covid-19, enquanto muitos estavam cautelosos, decidimos avançar em contraciclo. Apostámos no crescimento, reforçámos o stock e mantivemos o compromisso com os clientes.

“A Motorbus nasceu e cresceu impulsionada por uma paixão, que continua a guiar-nos”

Entre 2019 e 2021, conseguimos consolidar uma posição diferenciadora no setor dos pesados. Quando o mercado enfrentava escassez de produto, garantimos disponibilidade. Esse foi um ponto de viragem que nos destacou da concorrência.

Qual foi a maior decisão que ajudou a Motorbus a chegar onde está hoje?

Foi precisamente essa aposta num momento crítico a nível global. Com fábricas a encerrar e dificuldades no fornecimento, tomámos a decisão de investir e reforçar o stock. O que consolidou a nossa posição e demonstrou a nossa capacidade no mercado. Quando algumas empresas travaram, a Motorbus decidiu acelerar.

Foi nesse momento que o setor percebeu a verdadeira dimensão da Motorbus?

Sim. Foi uma decisão arrojada e uma aposta pessoal da administração. A notoriedade da empresa já existia, mas a partir desse momento superámos expectativas e os clientes reconheceram isso.

A expansão da Motorbus tem sido estratégica. Há novos destinos no horizonte?

A internacionalização é um objetivo contínuo. Não temos planos concretos a sul, mas há oportunidades a norte e em mercados externos, que estamos a avaliar.

Como garantem que a empresa se mantém na vanguarda da inovação?

Acompanhamos as tendências do setor e estamos atentos às necessidades do mercado. Queremos ser dos primeiros a disponibilizar novos produtos e a garantir stock.

As visitas e participações em feiras nacionais e internacionais são fundamentais para isso. Marcamos presença como expositores e visitantes, o que nos permite antecipar lançamentos e garantir que temos os produtos disponíveis rapidamente.

O que significam as parcerias para a Motorbus e para os clientes?

São fundamentais. Trabalhamos com fornecedores de primeira linha como Continental, Firestone, MANN+FILTER, ZF, HELLA e Valeo, entre muitos outros nomes. A Motorbus é completamente independente, não faz parte de nenhum grupo de compras.

Essa ligação direta com os fornecedores de equipamento de origem dá-nos uma vantagem competitiva, porque o negócio não se resume ao preço da peça. A relação com os fornecedores é estratégica, baseada na confiança mútua e será para manter no futuro.

Alguma marca exclusiva que queiras destacar?

A exclusividade, hoje, é uma questão relativa. O que temos são relações muito próximas com fornecedores estratégicos, como o Grupo ZF, MANN+FILTER, TMD Friction (com a distribuição da TEXTAR), Federal Mogul, Exide e Cepsa. Temos um portefólio muito vasto e cobrimos quase todas as marcas de primeiro equipamento relevantes.

O que reflete a nova imagem da Motorbus, apresentada na expoMECÂNICA 2024?

Uma renovação alinhada com o futuro da empresa. Demos destaque à abertura da nossa loja online, um projeto que vinha a ser trabalhado e que será apresentado, oficialmente, na MOTORTEC, em Madrid. Além disso, redesenhámos a nossa identidade visual para acompanhar essa evolução.

A loja online já está operacional?

Está em fase de testes e será lançada em abril. É um passo importante, pois permitirá aos clientes acederem ao nosso portefólio de maneira mais ágil, sem, contudo, alterar a forma como vemos o negócio e partilhamos a informação.

Como tem a Motorbus reinventado a comunicação na era digital?

A comunicação é essencial. Estamos presentes na imprensa especializada e em feiras. Contamos com uma equipa comercial sólida.

“Somos uma empresa de base familiar, mas contamos já com 51 colaboradores. Exigimos muito da equipa, mas também retribuímos”

Além disso, utilizamos as redes sociais para reforçar a proximidade com os clientes e mostrar a dinâmica da empresa. A presença digital, aliada ao contacto pessoal, é um pilar da nossa estratégia.

Três décadas de história não se fazem sozinhas. Qual o papel dos colaboradores e parceiros nesta jornada?

Sem eles, nada disto seria possível. Somos uma empresa de base familiar, mas contamos já com 51 colaboradores. Exigimos muito da equipa, mas também retribuímos. O sucesso da Motorbus deve-se a um esforço conjunto entre gestão, equipa comercial, armazém e logística.

Quando dizes que são uma empresa familiar, referes-te aos valores?

Sim. Aos valores, à visão e à forma de gerir o negócio. Há uma ligação muito próxima entre todos, sejam colaboradores, fornecedores ou clientes. O ambiente Motorbus é muito próprio: trabalhamos juntos, exigimos, mas, também, reconhecemos o esforço de cada um.

A concorrência é feroz. O que distingue a Motorbus no mercado?

Respeitamos a concorrência, que é um fator de dinamização e evolução do setor. No entanto, a posição que conquistámos exige um esforço contínuo para mantermos a nossa quota de mercado. Estamos preparados para os desafios dos próximos 30 anos.

A presença em grandes feiras internacionais é crucial. Como medem o impacto dessas participações?

É um investimento alto que achamos que vale a pena. Permite-nos reforçar a ligação com clientes internacionais e mostrar que a Motorbus existe fisicamente e tem por trás um forte stock para solucionar problemas. Queremos manter essa presença física e continuar a crescer nesses mercados.

Check-up Media Pedro Lebre jacket
Estiveram na Automechanika Dubai, em dezembro. Como avaliam essa experiência?

O Médio Oriente é um mercado estratégico para nós. A presença na feira do Dubai foi essencial para fortalecer relações com clientes e demonstrar a nossa capacidade. A presença internacional é algo que faz parte nos objetivos para este ano e para os próximos.

Além de Portugal, em quantos países estão presentes?

Atualmente, estamos em 22 países.

Se projetarmos esta conversa para daqui a 10 anos, o que gostarias de estar a celebrar?

Crescimento sustentável, com a Motorbus a ocupar o mesmo lugar de referência que tem hoje. O mercado é volátil, mas queremos continuar a evoluir sem perder a nossa identidade.

Algum ponto que falte destacar?

A importância do stock e do serviço. Temos 65 mil referências ativas e um stock transversal que cobre todas as necessidades do setor dos pesados.

Os clientes são muito importantes e serão sempre prioridade. É com esta exigência e este ADN que vamos prosseguir e manter o nosso percurso no mundo das peças de pesados.

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