Quais as vantagens das baterias de estado sólido?

Mais seguras, eficientes e duradouras, as baterias de estado sólido prometem revolucionar os veículos elétricos, superando as limitações atuais.
Check-up Media Toyota solid state battery

Os veículos elétricos estão a tornar-se na aposta principal para um futuro sustentável, mas as baterias de iões de lítio que os alimentam continuam a enfrentar várias limitações.

Questões como a autonomia limitada, os tempos longos de carregamento e o risco de incêndio têm sido obstáculos. É neste contexto que surgem as baterias de estado sólido, uma tecnologia que promete superar estas barreiras e transformar a mobilidade elétrica.

Como funcionam?

As baterias de estado sólido diferenciam-se das tradicionais de iões de lítio porque substituem o eletrólito líquido por um material sólido, como cerâmicas ou polímeros. Esta alteração, aparentemente simples, traz mudanças significativas.

Um estudo da QuantumScape, uma das start-ups mais avançadas nesta área, explica que “estas baterias oferecem até duas vezes mais densidade energética”. Isso significa que um veículo equipado com esta tecnologia pode percorrer o dobro da distância com uma única carga, comparado com as baterias atuais.

Outra vantagem é a segurança. “A ausência de líquidos inflamáveis reduz bastante o risco de explosão ou incêndio. Tal é particularmente importante num setor onde a confiança do consumidor é essencial para o crescimento”, refere o mesmo estudo.

A Nissan, num comunicado recente, destacou que as baterias de estado sólido não apenas oferecem mais segurança, como, também, suportam temperaturas extremas, tornando-as ideais para aplicações globais.

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Autonomia e carregamentos

A autonomia é dos principais fatores na escolha de um veículo elétrico. Atualmente, mesmo os modelos de alta gama enfrentam limitações para viagens mais longas. A QuantumScape, que tem a Volkswagen como parceira, revelou resultados impressionantes.

As suas células de estado sólido “podem ser carregadas do 10% ao 80% em apenas 15 minutos”. Além disso, podem atingir densidades “energéticas de 800 Wh/L, um marco tecnológico que promete transformar o mercado”, defende o estudo.

Outra aplicação promissora surge com a NIO, que já está a testar baterias semi-sólidas com capacidade de 150 kWh. Estas baterias permitem autonomias superiores a 1.000 km por carga. Embora ainda sejam uma solução intermédia, mostram o caminho para a transição completa às baterias de estado sólido.

Os primeiros passos: investimentos das grandes marcas. As maiores marcas de automóveis estão a investir fortemente no desenvolvimento desta tecnologia. A Nissan anunciou que pretende lançar o seu primeiro veículo elétrico com baterias de estado sólido em 2028.

Apesar de otimista, a empresa sublinha os desafios associados à produção: as atuais gigafábricas, otimizadas para baterias de iões de lítio, terão de ser adaptadas ou substituídas.

A Toyota, por sua vez, tem trabalhado em baterias de estado sólido há mais de uma década. Num relatório publicado em 2024, a marca revelou que pretende iniciar a produção em massa até 2027. A Toyota aposta em veículos híbridos como plataforma inicial, permitindo testar a tecnologia em condições reais antes de expandir para modelos 100% elétricos.

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Inovação na prática

Enquanto as baterias de estado sólido puras ainda estão em desenvolvimento, algumas marcas já apresentam soluções tangíveis. A Chery, fabricante chinês, anunciou, recentemente, baterias que prometem uma autonomia de 1.500 km com uma única carga. Segundo a empresa, a produção em larga escala está prevista para 2027.

Outro exemplo é a BYD, líder mundial na produção de veículos movidos a novas energias. A empresa está a explorar a forma como estas baterias podem reduzir custos de fabrico e, ao mesmo tempo, melhorar a experiência do utilizador.

Um porta-voz da BYD afirmou que, com esta tecnologia, os veículos elétricos poderão tornar-se mais acessíveis para o consumidor médio, acelerando a transição global para uma mobilidade sustentável.

Custos elevados

Apesar das promessas, a transição para baterias de estado sólido não será imediata. O custo elevado de produção continua a ser um dos principais entraves. O material necessário para os eletrólitos sólidos, como a cerâmica, é caro e os processos de fabrico ainda estão longe de ser otimizados.

Além disso, a durabilidade em condições extremas e a escalabilidade para produção em massa são desafios técnicos que a indústria ainda precisa de superar.

Contudo, os especialistas permanecem otimistas. Um relatório da Bloomberg New Energy Finance projeta que os custos das baterias de estado sólido poderão diminuir bastante até 2030, à medida que os avanços tecnológicos e as economias de escala entram em jogo.

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