Quem nunca pecou nos cuidados com o seu veículo que levante a mão. Erros de manutenção são uma realidade e uma constante. Mas, alguns deles, dada a sua gravidade, mais parecem verdadeiros pecados, uma vez que não afetam apenas os próprios veículos e os seus donos.
Colocam, também, em causa a segurança dos restantes utentes da via pública. Desde intervenções inapropriadas a diagnósticos incorretos. Não faltam exemplos. Saiba quais são os sete piores pecados que pode cometer com o seu veículo e como evitar um verdadeiro purgatório de avarias e perigos.
Os rolamentos, apoios da cambota e das bielas devem ter uma tolerância específica, que permita ao óleo sair através dos furos do sistema de lubrificação.
Ao substituir-se os rolamentos ou casquilhos multicapa, por vezes, desgasta-se um pouco as peças para ficarem com a folga recomendável.
Ora, se a peça de substituição for muito justa, mais aperta quando o motor aquece, tornando a gripagem inevitável.
Para evitar problemas de ausência ou excesso de folga nos rolamentos do motor, a solução correta é retificar a própria cambota, para que, ao montar-se os rolamentos, estes fiquem com a tolerância correta especificada pelo construtor.
A temperatura do motor é fornecida pelo fluido de arrefecimento do mesmo, devendo ter um valor determinado pelo construtor. Pode oscilar entre 85°C e 110°C.
Por norma, dá-se muita importância ao excesso de temperatura do motor e não às temperaturas abaixo do valor especificado de origem.
Contudo, estas últimas podem indiciar a existência de um problema, seja ele do termóstato, da combustão ou da injeção de combustível.
Se o problema não for solucionado corretamente, o consumo de combustível aumenta, existe lubrificação insuficiente que provoca desgaste das peças do motor e as emissões de escape alteram-se.
Muitos dos motores atuais estão equipados com impulsores hidráulicos ou mecânicos de válvulas, que ajustam, automaticamente, o desgaste e as variações de temperatura, mantendo a folga especificada de origem.
Nos carros e motores com tecnologia mais “convencional”, a folga deve ser afinada periodicamente de forma manual.
Tanto é arriscado afinar a folga por excesso como deixá-la demasiado justa, uma vez que esta pode danificar as peças da distribuição e, inclusive, as sedes das válvulas. O excesso de folga faz com que as válvulas não se abram totalmente, tornando o fluxo de gases na câmara de combustão insuficiente.
O motor perde rendimento e o consumo aumenta, uma vez que o condutor é obrigado a carregar mais no acelerador para obter a resposta pretendida.
Por vezes, existe a convicção errada de que o motor deve ter sempre bastante óleo e que este deve ser acrescentado de forma regular. Isto radica na ideia de que a falta de óleo pode provocar a gripagem do motor.
Mas, nos motores atuais, esta associação é incorreta. De facto, o excesso de óleo no cárter aumenta a resistência das peças móveis do motor e o excesso de lubrificação do cilindro leva à carbonização da câmara de combustão, com os problemas daí decorrentes.
Há excesso de consumo de óleo, as peças desgastam-se mais devido à acumulação de resíduos e as emissões ficam fora de controlo. Os intervalos de mudança de óleo, bem como a sua colocação ao nível, dependem dos motores e lubrificantes utilizados.
O nível correto será sempre o indicado pela vareta com o motor frio, quando o óleo tiver escorrido todo para o cárter.
Excesso de massa lubrificante no rolamento do cubo da roda é um desperdício e em nada beneficia a lubrificação.
Pelo contrário. O lubrificante deve ser colocado apenas no interior do rolamento, permitindo que o ar circule e ajude a eliminar o calor do cubo da roda.
Os kits de substituição para rolamentos trazem a quantidade exata de lubrificante para ser aplicada no rolamento novo. Mais importante do que a grande quantidade de massa lubrificante, é a sua qualidade, que deve ser resistente a altas temperaturas.
Se assim não for, a massa degrada-se e escorre para fora do cubo da roda, privando o rolamento de lubrificação e levando à deterioração deste.
As uniões roscadas do motor têm valores especificados atendendo ao comportamento térmico dos materiais e ao seu coeficiente de dilatação.
Se porcas, pernos ou parafusos forem excessivamente apertados, podem ocorrer deformações nas peças e fugas de fluidos.
Se o limite elástico do metal for excedido, o aperto torna-se fraco e origina a avarias. O binário de aperto especificado pelo construtor é essencial para garantir qualidade e fiabilidade.
Desmontar a peça antes de ser efetuado o diagnóstico completo é prejudicial, uma vez que esta pode não ficar montada exatamente como na origem, encurtando a sua vida útil.
Além disso, se a peça for mexida ou não estiver montada, é mais difícil realizar um diagnóstico correto.
O procedimento correto é efetuar, primeiro, um diagnóstico inequívoco das avarias, só mexendo no carro depois de ter a certeza do que é realmente necessário fazer.