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“O transporte já é, hoje, objeto de análise e menos de moda”, revela Mário Carvalho

Mário Carvalho, gestor comercial da CARF, explica ao Check-up a estratégia da empresa para conseguir manter-se na rota do sucesso durante a pandemia. E aponta o caminho para o futuro da distribuição.

Enfrentar a crise pandémica e a consequente quebra de produção, sem nunca perder o foco e a rota traçada. Em entrevista ao Check-up, Mário Carvalho, gestor comercial da CARF, assume que 2020 foi um ano “muito duro”, em particular, “no segundo trimestre”. Mas garante que o balanço acaba por ser positivo e que o sentimento de toda a equipa é de “dever cumprido e de gratidão”.

Depois de 11 meses de pandemia (e ainda sem fim à vista), qual é o balanço possível da atividade da CARF em 2020?

Dadas as circunstâncias, diria que o balanço é bastante positivo. Foi um ano repleto de desafios para todos. Principalmente quando as nossas ações têm um impacto real no dia a dia do setor e das pessoas. É uma grande responsabilidade. Mas, com sensatez, foco, empenho, dedicação e muita proximidade com o cliente, sentimos que tomámos as decisões acertadas nos momentos certos.

O segundo trimestre foi duro, mas fizemos de tudo para manter a operação a funcionar com o menor impacto possível no nosso modelo de distribuição. Naturalmente, tivemos de adaptar-nos muito rapidamente à quebra de produção. Mas graças ao empenho de toda a equipa CARF e todos os seus parceiros externos, hoje, refletindo sobre as decisões que tomámos, julgo que não faríamos nada de diferente.

Este dinamismo que nos caracteriza tem as suas vantagens e, em tempos de crise, revela-se da melhor forma. O segundo trimestre ditou a viragem, fruto do trabalho da nossa equipa e do setor, que também nos apoiou. Assistimos ao aumento da produção, a par de uma regularidade do nível de serviço.

Onde outros operadores apresentaram uma quebra acentuada, nós conseguimos angariar mercadorias que, no passado, seguiam por outros operadores. Se tivesse de resumir numa frase o ano de 2020, seria: “Um ano desafiante que nos mostrou que, com resiliência e muito trabalho, conseguimos ultrapassar as adversidades. Um ano em que fica o sentimento de dever cumprido e muita gratidão”.

Mário Carvalho CARF centro

Como foi gerida esta crise? Obrigou a algum reajuste da estratégia?

Foi, literalmente, gerida ao dia em toda a sua estrutura. Todos os dias analisávamos a produção e meios disponíveis para conseguir manter um equilíbrio entre nível de serviço/custo.

Tivemos de redimensionar a nossa frota cerca de 30 a 40%, fruto de um trabalho desenvolvido pelas nossas operações em tempo recorde. Todo o trabalho que envolve redimensionamento de frota é de uma complexidade extrema numa operação com tantas variáveis como a nossa. Só quem esteve a lidar com esse problema de perto, entende o esforço a que isso obriga.

Conseguiram manter o ritmo bi-diário das entregas?

De uma forma muito responsável e em contacto com o mercado, fomos tentando entender o que faria sentido ou não manter. E, de facto, tivemos momentos em que suspendemos algumas zonas em serviço bi-diário.

Qual a dimensão atual da frota da CARF?

Atualmente, a CARF tem 137 viaturas.

Mário Carvalho CARF secretária

Há quatro anos, a CARF mudou-se para umas novas instalações, em São João da Talha. Uma mudança que colocava para trás, definitivamente, tempos mais complicados da empresa. Considera que esta moderna estrutura (e a sua grande disponibilidade em termos de espaço) é importante para enfrentar os desafios desta crise pandémica?

O espaço é algo que, numa operação como a nossa, revelou-se como sendo capital. Temos passado por esse processo de crescimento um pouco por todo o país, como, por exemplo, na Maia, Vila Real, Leiria e, agora, também no Fundão.

O nosso processo de transição manhã/tarde precisa de espaço para que os métodos sejam os mais fluidos possível. E a dimensão do armazém é um fator que contribui bastante para a nossa agilidade e tempos de entrega.

Naturalmente que a dimensão, neste contexto em que nos encontramos, é uma grande vantagem, porque temos condições para manter a operação a funcionar sem comprometer as normas de distanciamento. Foi uma aposta ganha esta mudança.

Quanto representam, em termos percentuais, as áreas de peças e pneus?

Atualmente, temos uma dispersão de 80% para peças e 20% para pneus.

E a tendência de crescimento aponta para qual delas?

É difícil responder a esta questão, mas diria que ambos os setores poderão crescer. Por um lado, e historicamente, quando o poder de compra baixa (que é expectável que se verifique no atual contexto), o parque automóvel envelhece e a rotação de peças aumenta.

Por outro lado, por força das restrições que existem um pouco por todo o mundo, as quebras nas cadeias de abastecimento tradicionais poderão impulsionar a venda do mercado interno no setor dos pneus. O modelo de negócio do distribuidor é mais flexível e ágil em tempos como os que vivemos e poderão vir a capitalizar com isso.

Em termos estruturais, o que mudará a covid-19 no setor da distribuição em Portugal?

Depende do modelo de distribuição. Num modelo B2C, julgo que a pandemia veio “abrir as comportas” das compras online e julgo que estamos num boom.

No modelo B2B em que atuamos e no regime bi-diário, julgo que poderemos ter momentos difíceis de gerir, especialmente quando somos forçados ao confinamento, mas que, ultrapassando este momento, encaro com relativa confiança o futuro.

Já estamos a assistir a mudanças, como a racionalização dos transportes. Já vamos assistindo a uma regressão dos excessos que se cometiam com transportes.

Mário Carvalho CARF carrinha

O transporte já é, hoje, objeto de maior análise e menos de “moda” no momento da decisão. Por isso, temos assistido à mudança de estratégia de alguns players e a CARF tem-se posicionado nesse sentido.

 


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