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O que pensam os players sobre a “moda” do furto de catalisadores?

Os catalisadores são o novo ouro dos ladrões “especializados” no ramo automóvel. O Check-up foi ouvir o que pensam os players do setor sobre este crime.

Tempos houve em que os ladrões, especializados no ramo automóvel, privilegiavam os autorrádios. Mais tarde, dedicaram-se a roubar jantes. Mas, atualmente, os catalisadores são os preferidos dos profissionais do alheio.

Uma “moda” que conhece cada vez mais adeptos e que já levou à prisão de cinco pessoas, no decorrer da Operação Carbono, tal como o Check-up revelou aqui.

Mas quais os motivos da atração por este componente em particular? O que o tornará tão valioso aos olhos dos larápios? Fomos à procura de respostas, através da opinião dos players do setor sobre esta atividade criminosa.

Veneporte: problema mais vasto

Abílio Cardoso, CEO da Veneporte, tem acompanhado o problema do roubo de catalisadores “para lá das notícias que têm saído em diferentes meios de comunicação”, recorrendo, para isso, a “muita informação que tem chegado por parte da nossa equipa comercial”, afirma.

“É, naturalmente, um problema preocupante, como outros associados às emissões que deveriam ser alvo de mais atenção por parte das entidades responsáveis do setor, não só as reguladoras, como das fiscalizadoras”, adianta.

“Estão a ser praticados verdadeiros crimes ambientais e de saúde pública, como é exemplo a remoção dos catalisadores e dos filtros de partículas (FAP-OFF). E as diferentes entidades estão a ter uma atitude passiva, face a estas más práticas. Já o afirmámos, em muitos momentos, e voltamos a dizê-lo: fala-se muito de ambiente e de saúde pública, mas só nos discursos. Nada se faz na prática, o que é lamentável”, acusa Abílio Cardoso.

Segundo o responsável, “os problemas não se circunscrevem ao roubo de catalisadores, roubo esse que está a ser induzido pelo forte aumento do preço dos metais nobres (platina, paládio e ródio), que, naturalmente, leva ao lucro fácil e consequentemente ao roubo”, diz.

E concretiza: “Retirar os filtros de partículas (FAP) ou os SCR é, igualmente, um crime contra o ambiente e a saúde pública. Chegam-nos, todos os dias, notícias dessas práticas. Algumas destas atividades são até publicitadas em websites, estando associadas a veículos particulares, táxis e ambulâncias, entre outros. Isto só é possível porque não existe uma verdadeira fiscalização ao setor e um controlo eficaz por parte de muitos centros de inspeção e das demais entidades com responsabilidade”.

Check-up Media thief

Segundo Abílio Cardoso, “não obstante as diferentes alertas para a gravidade destas situações, nada é feito para as combater. Existem, também, muitos casos de venda e instalação de produtos não homologados (sendo a homologação obrigatória por imposição das diretivas comunitárias, que garante o bom funcionamento deste tipo de componentes). A Veneporte considera importante que todas estas más práticas sejam verdadeiramente combatidas, a bem do ambiente, da saúde pública e de uma concorrência transparente, com as mesmas regras para todos”, acrescenta ainda Abílio Cardoso.

Imporfase: mais caro do que ouro

Filipe Carvalho, CEO da Imporfase, afina pelo mesmo diapasão. “Na minha opinião, estamos a viver um cenário complicado, porque o ródio, um dos metais preciosos que os catalisadores a gasolina contêm, já vale cinco vezes mais do que o ouro”, começa por alertar.

De seguida, exemplifica: “O preço deste metal precioso aumentou 225% num só ano. Este aumento continuado está relacionado, também, com o aumento da procura dos carros a gasolina”. Na sua perspetiva, contudo, “as autoridades tentam fazer o melhor que podem, não é fácil estar em todo o lado”. Até pela natureza do crime. “Estes furtos são muito rápidos. São feitos em menos de três minutos”, explica ao Check-up.

Check-up Media car underbody

Escape Forte: penas de prisão efetivas

“A Escape Forte é apenas mais um player no mercado. A procura dos catalisadores aumentou, infelizmente, por questões que não são normais”, começa por revelar Rui Lopes, CEO da empresa.

“O excesso de procura levou à rutura de algumas referências, aquelas que os ‘ladrões’ reconhecem como tendo maior valor de reciclagem”, diz.

E continua: “Lamentamos esta situação e congratulamo-nos com algumas ações policiais que resultam na detenção de pessoas e respetivas provas do crime”.

Rui Lopes revela que não conhece uma receita para acabar com este crime. “É difícil encontrar uma solução, a polícia faz o seu trabalho. Os recetores devem ser fiscalizados e os criminosos, após serem capturados, deveriam cumprir pena efetiva. As forças policiais não podem estar junto de todos os carros. Foram efetuadas algumas apreensões, mas, possivelmente, os meliantes foram libertados”, lamenta o CEO da Escape Forte.

Interescape: falta de legislação

Nuno Gomes, gestor de vendas da Interescape, também tem estado atento ao crescimento do número de furtos de catalisadores no nosso país. “Na qualidade de profissionais do setor, acompanhamos estas notícias com preocupação. A falta de documentação que acompanha os catalisadores usados é um problema real e que estimula este tipo de atividade ilegal”, refere o responsável ao Check-up.

“Este é um problema, definitivamente, preocupante e sem final à vista. A pandemia interrompeu a cadeia de abastecimento dos metais preciosos, que se encontram em pequena quantidade no interior dos catalisadores e, como tal, o preço de mercado destes metais aumentou exponencialmente”, acrescenta Nuno Gomes.

Como se poderá minimizar ou acabar com os furtos? “Na nossa ótica, a forma mais eficaz de combater este tipo de crime seria recorrendo a legislação adequada. Se os processadores de metais estiverem preparados para exigir documentação que legitime os catalisadores entregues para reciclagem, provavelmente tal atitude abrandaria o crescimento desta atividade criminosa”, defende o gestor de vendas da Interescape.

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