Quando um veículo circula apenas em deslocações curtas, o motor raramente atinge a temperatura ideal de funcionamento. Significa isto que o óleo, peça-chave de proteção, permanece mais espesso, demora mais tempo a circular com fluidez e protege menos as superfícies internas.
A combustão fria é incompleta e parte do combustível não queimado escapa para o cárter, dilui o lubrificante e reduz a sua capacidade de formar película protetora. A humidade residual também não chega a evaporar, acumulando-se em forma de condensação.
Resultado? Formação de borra, oxidação, maior atrito nos contactos metálicos, desgaste acelerado de segmentos, touches e turbocompressores. Tudo isto de forma silenciosa, ao longo de meses.
Passear é a receita
Além disso, trajetos curtos fazem com que o filtro de partículas demore mais tempo a regenerar, aumentando contrapressões e obrigando o motor a trabalhar com maior esforço interno.
O óleo vai ficando escuro e saturado muito mais depressa, perdendo aditivos essenciais. Para prevenir danos, o ideal é incentivar o cliente a realizar, regularmente, percursos mais longos — 15 a 20 minutos de uso contínuo permitem que o motor aqueça, elimine humidade interna e restabeleça o ciclo de lubrificação.
Outra estratégia é reduzir o intervalo de mudança de óleo entre 20 a 30% face à recomendação standard, sobretudo em uso urbano intensivo. A escolha de um lubrificante com a viscosidade recomendada e resistência à diluição por combustível também faz diferença, tal como manter filtros limpos, vela em boa condição e sistema de admissão livre de carbonização.
Longevidade mecânica
Explicar isto ao cliente é essencial: pequenos trajetos não matam o motor de um dia para o outro — desgastam-no devagar. Uma oficina que alerta, mede, regista e aconselha evita reparações caras e conquista confiança. Aqui, prevenção não é apenas manutenção: é longevidade mecânica com ciência por detrás.