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“O humanismo digital”

Transformação digital. É, provavelmente, a expressão mais utilizada durante a crise gerada pela covid-19. Na ASER Automotive, nas empresas e na própria sociedade, a pandemia e as limitações de mobilidade aceleraram todos os processos digitais.

Em diversos fóruns, ouvi dizer que a evolução digital vivida neste último ano equivale a cinco anos em condições normais. Quem não teve uma reunião através de Teams ou Zoom? Quem não ouviu falar de marketplaces na Internet? Quem não adotou o teletrabalho…. Na verdade, o projeto Check-up nasce, como o próprio afirma, “Digital de raiz”.

Na Aser, há dois anos, realizámos um congresso intitulado “Olhar para a transformação digital”. Já nessa altura, alertávamos que as empresas tinham de pensar no digital. Não se trata de dizer tenho um website, redes sociais, comunicação digital ou venda através de qualquer plataforma, portanto já sou digital.

Com isso pensamos apenas unicamente em ferramentas digitais, mas esquecemo-nos da primeira palavra, que é transformação. Isso significa uma nova forma de pensar, de definir estratégias, de conhecer melhor os clientes e de as empresas pensarem e apostarem digitalmente a partir dos seus conselhos de administração.

Por isso, é importante olhar para… o futuro. Para o que está a acontecer em outros setores, para as grandes mudanças que se verificam nas empresas de retalho e na banca e, claro, na indústria automóvel. Tudo acontece com duas palavras “transformação” e “digital”.

Se pensarmos em toda esta mudança tecnológica e digital de um ponto de vista mais pessoal, podemos dizer que a tecnologia é parte intrínseca das nossas vidas. Vejo pelos meus filhos, que não passam sem os seus smartphones, tablets ou computadores.

Quanto vou jantar a um restaurante, vejo que os telemóveis fazem parte da conversa das pessoas. Há dias, o filho de um amigo disse-me que, agora, os jovens comunicam através do Instagram…. E que quando saem, já têm 80% da conversa feita.

Quando conversamos sobre um assunto com amigos e, depois, acedemos ao Facebook, recebemos promoções sobre o tema que estávamos a falar. Inteligência artificial, algoritmos, big data e business analytics fazem parte das nossas vidas.

A reflexão que faço é, pois, a seguinte: Será que não estamos a ir longe demais e a colocar a tecnologia e a transformação digital à frente das pessoas? Implicará isto renunciar ao digital, à tecnologia e à transformação? Claro que não.

Temos de fazer com que a tecnologia não substitua as pessoas. Temos de pensar no humanismo digital, onde os valores humanos e a ética estão no centro da sociedade e não são substituídos por algoritmos e inteligência artificial

José Luis Bravo, Diretor-Geral da ASER Aftermarket Automotive

Temos de fazer com que a tecnologia não substitua as pessoas. Temos de pensar no humanismo digital, onde os valores humanos e a ética estão no centro da sociedade e não são substituídos por algoritmos e inteligência artificial.

Trata-se de integrar a tecnologia e a era digital para potenciar mudanças positivas num número maior de pessoas. Nas empresas, devemos colocar as pessoas no centro do nosso pensamento. Antes de proceder a qualquer avanço tecnológico, impõe-se três perguntas-chave:

• Como está a minha equipa neste momento em relação à tecnologia? Isso ajuda-os ou atrapalha-os no seu trabalho? Eles veem a tecnologia como uma ameaça ou uma oportunidade?

• Esse avanço tecnológico ajudará as pessoas a fazer melhor o seu trabalho, a aprender, a colaborar, a libertar o talento para além de funções e hierarquias atuais?

• Os líderes também serão afetados por essa mudança tecnológica? Um líder tecnicamente competente e humanamente inspirador gera mais compromisso, inspiração e resultados.

Hoje, as empresas são, cada vez mais, “data driven”, ou seja, veem os dados como uma ajuda para compreender, antecipar e tomar as melhores decisões. Ao mesmo tempo, muitas delas vêm de uma inércia muito focada na monitoração e no reconhecimento do resultado, perdendo, por vezes, a noção de que esses resultados chegam sempre através das pessoas.

Os líderes com maior êxito que conheço equilibram bem as distintas capacidades cognitivas, racionais, relacionais e emocionais. Inovar consiste em conectar ideias para criar ou até mesmo deixar de fazer algo que não tem sentido e só consome recursos e energia em detrimento de algo novo.

Concluindo: temos de evoluir para o humanismo digital e utilizar mais a tecnologia para trazer benefício para um maior número de pessoas. Na utilização da tecnologia, devemos incorporar aspetos éticos que devem crescer em paralelo com o avanço digital.

As empresas mais humanistas que veem que uma parte significativa das suas tarefas pode ser automatizada, acompanham as suas pessoas para se conhecerem melhor, para se atualizarem e aportaem mais valor rumo a um futuro cada vez mais digital.

O humanismo digital deve estar no centro das empresas. Não só as tornará em organizações eficazes, como permitirá que se diferenciem por terem valores e alma.

Secção patrocinada por empresas que apoiam jornalismo de qualidade
Febi Bilstein

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