Um carro a abanar pode dar muitos sinais, mas nem todos apontam na mesma direção. O mais fácil é culpar o motor. Afinal, se o carro treme, deve ser falha de combustão, bobines, velas ou injetores, certo? Nem sempre. E o erro de diagnóstico pode sair caro em tempo e confiança.
As vibrações são dos sintomas mais transversais e enganadores. Tanto podem surgir ao ralenti como em andamento, com motor frio ou quente, a velocidades baixas ou elevadas. Por isso, o primeiro passo é escutar o cliente com atenção. Quando sente a vibração? Em que condições? E depois, observar.
Vibração irregular
Ao ralenti, uma vibração irregular pode dever-se a uma falha de ignição, problemas nos apoios do motor ou a uma entrada de ar falsa. Mas há casos em que o motor está a trabalhar corretamente e, mesmo assim, o habitáculo abana. A causa pode estar nos apoios hidráulicos ou nas transmissões, sobretudo em motores com binário elevado.
Já em andamento, o espectro alarga-se. Vibração sentida no volante a partir dos 90 km/h? Pode ser jante empenada, pneu desequilibrado ou até desgaste irregular provocado por má geometria. Vibração ao acelerar em carga? Eixo de transmissão, juntas homocinéticas ou apoios da caixa. Vibração que aumenta com a travagem? Discos empenados ou cubos deformados.
Analisar padrões
O erro comum é começar logo por ligar a máquina e procurar falhas no motor, ignorando que uma simples roda mal apertada ou um pneu deformado pode gerar o mesmo efeito. E não é raro trocar bobines ou filtros sem resolver o problema — porque a origem não estava no motor.
O diagnóstico certeiro exige método: analisar padrões, isolar sistemas e testar com método. Por vezes, observar no elevador, um medidor de apoios ou uma simples prova de estrada bem feita dão mais respostas do que o scanner.
