Na oficina, há gestos que parecem simples, mas escondem ciência. E exigem muita experiência. Um dos mais subestimados é o aperto por binário. Muitos ainda o fazem “a olho” ou por hábito — mas o binário não é uma questão de força, é uma questão de precisão.
Apertar a mais pode ser tão perigoso como apertar a menos. Um parafuso excessivamente apertado pode deformar a peça, danificar roscas, provocar fissuras em suportes de alumínio ou mesmo partir componentes. Já um parafuso frouxo, pode soltar-se com a vibração, causar fugas ou falhas graves em elementos de travagem, suspensão ou motor.
Tensão ideal
Na prática, o binário é a tensão ideal aplicada a uma união: nem mais, nem menos. E não há forma de garantir isso sem uma chave dinamométrica bem calibrada.
Peças como cabeças de motor, rodas, suportes de turbo, filtros de óleo ou braços de suspensão têm valores definidos pelo fabricante. E esses valores não são sugestões — são especificações técnicas que devem ser respeitadas.
Infelizmente, ainda se veem por aí rodas apertadas com pistolas de impacto sem controlo ou tampas de cárter que se partem por terem sido “esmagadas”. Resultado? Regressos desnecessários à oficina, tempo perdido e, pior, a confiança do cliente posta em causa.
Procedimentos padrão
O aperto por binário também é um sinal de profissionalismo. Mostra rigor, respeito pelo trabalho e compromisso com a segurança. Hoje, com componentes mais leves, ligas de alumínio e tolerâncias mais justas, esse cuidado é ainda mais essencial.
Além disso, usar a ferramenta certa transmite confiança. Não é por acaso que marcas e redes de oficinas incluem o aperto por binário nos seus procedimentos padrão. E muitas fazem questão de mostrar ao cliente que o processo foi seguido à risca. Porque, no fim, o segredo não está na força… está na medida certa.
