A sorte sorriu à Motortec 2025. A maior feira de pós-venda automóvel do sul da Europa terminou no passado sábado, 26 de abril, em ambiente de festa, sem imaginar o colapso elétrico que paralisaria Portugal e Espanha (e não só…) apenas dois dias depois.
O apagão de 28 de abril, total e inesperado, seria desastroso se tivesse ocorrido durante os quatro dias do evento. Mas a edição de 2025 escapou ilesa e somou vários recordes históricos: mais de 65 mil visitantes (65.514 para sermos precisos), 710 empresas expositoras provenientes de 28 países e uma energia contagiante que percorreu os seis pavilhões da IFEMA Madrid.
“Olhando para os dados de participação das empresas desde que iniciámos a Motortec, a verdade é que a edição deste ano foi a mais concorrida de sempre, contando com o maior número de expositores e batendo a edição de 2007”, afirmou David Moneo, diretor da feira, em entrevista ao Check-up.
“No que à afluência de profissionais e público diz respeito, esta foi a melhor em quase 35 anos de história de uma feira que começou em 1991. Este ano, batemos o recorde do número de visitantes”, acrescentou o responsável.
Inovação e juventude
O balanço não podia ser mais positivo. De 23 a 26 de abril, o Recinto Ferial foi palco de uma verdadeira celebração da inovação automóvel, com 100.000 m2 de área bruta, onde se respirava tecnologia, formação, negócio e futuro.

A abertura oficial contou com a presença do ministro da Indústria e Turismo de Espanha, Jordi Hereu, e serviu de ponto de partida para quatro dias intensos de networking e descoberta. O Check-up não faltou à feira e conta-lhe tudo – fiquem atentos aos vídeos de reportagem.
O público, vindo de 80 países, era, maioritariamente, composto por profissionais de oficinas — 52% do total — mas, também, por distribuidores, fabricantes, empresas de serviços e um número impressionante de jovens estudantes: 7.213, que demonstram o interesse crescente pelas novas oportunidades do setor.
“Creio ser da mais elementar justiça destacar não só a presença maioritária de fabricantes de componentes, que são os que ‘arrastam’ a inovação e a tecnologia, mas, também, a grande quantidade de atividades, jornadas, mesas redondas, formações e competições de técnicos de reparação e de gente jovem que frequenta formação profissional que o programa da feira atraiu”, salientou David Moneo.
Espírito global
Entre corredores cheios de visitantes e stands repletos de atividade, o espírito era unânime: esta foi a melhor edição de sempre da Motortec. As 250 sessões temáticas, entre conferências, mesas redondas e concursos, atraíram mais de cinco mil participantes.
A nova iniciativa Motortec Pasaporte envolveu mais de 15 mil pessoas e ajudou as empresas presentes a aumentarem a visibilidade e o tráfego nos seus espaços. Tudo funcionou com uma eficiência notável, refletindo o momento vibrante que atravessa o aftermarket automóvel.
“Tivemos uma grande participação de fabricantes. É certo que alguns faltaram, mas não nos podemos esquecer do difícil contexto europeu que alguns fabricantes de componentes, sobretudo de primeiro equipamento, vivem, o que acaba por afetar o setor do pós-venda”, explicou o diretor da feira.
Ainda assim, como sublinhou, “apesar das ausências, tivemos uma participação muito importante de fabricantes. Não apenas fabricantes de Tier 1, que são, digamos, os de referência, mas, também, das 255 empresas internacionais que produzem diferentes componentes”, sublinhou o responsável ao Check-up.
Presença asiática
Ainda assim, nem todos os pavilhões vibraram com a mesma intensidade. No Pavilhão 7, marcado por uma forte presença de empresas oriundas da Ásia, notou-se um certo desfasamento face ao dinamismo vivido no resto do certame. Em alguns stands, a comunicação revelou-se um desafio, com barreiras linguísticas a dificultarem o contacto com visitantes e jornalistas.
Houve quem mostrasse alguma surpresa ou despreparo perante abordagens mediáticas e mesmo momentos de menor atividade — incluindo pausas pouco usuais para descanso — destoaram do ritmo intenso da feira. Uma realidade que convida à reflexão sobre a importância da preparação e da integração plena numa montra ibérica (e internacional) desta dimensão.
Internacionalização total
O saldo final foi de vitória clara para a organização. A aposta na internacionalização resultou num crescimento de 10% na presença estrangeira face a 2019, com destaque para profissionais oriundos de Polónia, Alemanha, França, Itália, Portugal e, claro, China. Esta dimensão global será, agora, exportada para a América Latina, com a próxima edição da Motortec Chile, agendada para junho, em Santiago.

“A Motortec estará de regresso em abril de 2027 e já temos, claramente, os nossos objetivos definidos. Faltam marcas – várias terão de estar. Iremos reunir-nos com elas às suas sedes. Percorreremos a Europa e deslocar-nos-emos às suas centrais para explicar-lhes o que é a Motortec”, avançou David Moneo.
Revelando, também, que muitos presidentes de marcas de renome e diretores-gerais de grandes grupos de distribuição europeus estiveram já nesta edição. “Vamos continuar a trabalhar para atrair mais expositores internacionais e, sobretudo, compradores de todo o mundo”, antecipou.
O foco estende-se, também, a novos mercados: “Vamos trabalhar a parte da América Latina, que também tivemos este ano, toda a região do norte de África, inclusivamente a parte central desse continente, e continuaremos a atrair os nossos colegas de âmbito europeu”, disse.
Outro dos pilares estratégicos passa pela valorização da juventude e da formação técnica. “Vamos trabalhar com gente jovem. A Motortec tem de ser como uma academia e como um polo de atração para pessoas jovens”, defendeu o diretor do evento.
Para tal, a organização quer envolver empresas e associações desde já, “para que, daqui a dois anos, não estejamos a falar do grande problema que o setor atravessa: a falta de qualificações técnicas”.
Luzes ligadas para 2027
A edição de 2025 marcou um ponto de viragem e elevou a fasquia para o futuro. Depois de quatro dias eletrizantes — literalmente salvos de um blackout —, a indústria do pós-venda automóvel saiu mais forte, mais conectada e mais preparada para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução.
A próxima paragem já tem data: de 7 a 10 de abril de 2027, novamente em Madrid. E com todas as luzes ligadas, espera-se.
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