Tópico bastante debatido entre empresas de suspensão e técnicos é se os amortecedores devem ser substituídos se não houver danos ou fugas visíveis. Matteo Turolla, diretor de Apoio Técnico e Operacional de Marketing da KYB Itália, quis dar a esta discussão um teste prático.
“Todos os dias, os nossos carros acompanham-nos nas deslocações que fazemos, sejam elas curtas ou longas. Damos à chave de ignição, ligamos o motor e, quilómetro após quilómetro, vamos conhecendo-os”, refere a KYB.
“Adaptamos, constante e inconscientemente, o nosso estilo de condução às características que evoluem com o tempo e, sobretudo, mudam com o envelhecimento de alguns componentes fundamentais. A substituição de alguns desses componentes, no entanto, muitas vezes não está incluída no programa manutenção de rotina”, alerta.
Está provado que, mesmo após apenas 80 mil km, um amortecedor de equipamento de origem não funciona como o fabricante do automóvel pretendia. “Nesta quilometragem, as válvulas no interior viram o óleo hidráulico fluir através delas durante, aproximadamente, 75 milhões de vezes, tornando-as mais frágeis e suscetíveis a fissuras”, explica.
“As válvulas não podem controlar o fluxo de óleo como faziam quando eram novas, comprometendo a eficácia do amortecedor”, revela a empresa. “É função dos amortecedores manter as rodas em contacto com a estrada. Mesmo os pneus de elevado desempenho não garantirão aceleração controlável, distâncias de travagem reduzidas e segurança nas curvas, a menos que trabalhem em conjunto com amortecedores perfeitamente eficientes”, sublinha a mesma fonte.
Matteo Turolla trabalhou com dois condutores de Verona, Federico e Susanna, que dispunham de requisitos de condução totalmente diferentes, mas que utilizavam modelos idênticos.
Susanna trabalha como balconista e conduz um smart fortwo todos os dias: “Tinha percorrido pouco menos de 100 mil km e estava convencida de que os amortecedores ainda estavam em perfeitas condições”, testemunha.
Já Federico, é proprietário de uma oficina. Utiliza o seu smart fortwo para se deslocar até a oficina e o modelo já ultrapassou os 180 mil km. Sabia que o carro não se comportava como quando era novo, mas, na sua opinião, “os amortecedores ainda tinham muito para oferecer, pois o carro estava a comportar-se muito bem”, dá conta.
Prova dos nove
O primeiro passo levou os dois participantes a conduzirem o carro um do outro, dada a grande diferença de quilometragem. “Em seguida, os amortecedores, molas helicoidais, kits de proteção e de montagem da suspensão foram substituídos no carro que tinha a maior quilometragem”, revela a KYB.
“Ambos os utilizadores fizeram um teste de condução para que pudessem experimentar o novo comportamento dinâmico de um carro com 180 mil km equipado com novos amortecedores. Finalmente, os componentes da suspensão foram substituídos no outro smart, seguido de outro test drive conduzido por ambos os participantes”, afirma.
“Quando testei o carro de Federico, imediatamente pensei que não poderia ser idêntico ao meu. Nos buracos e lombas, tive a sensação de que algo estava prestes a ceder. Quando tentei, novamente, com os novos amortecedores, reconheci que se comportava mais como o meu carro, mas a impressão era de que, agora, estava mais preciso e menos barulhento do que o meu”, recorda Susanna.
“Eu já estava tão acostumado com este carro que não percebi o quanto ele havia perdido em precisão e comportamento. Nas travagens, principalmente nas curvas, sempre associei a falta de estabilidade à distância entre eixos muito curta”, começa por dizer Federico.
“Claramente, estava errado! Agora, é uma sensação totalmente diferente. Só posso imaginar no piso molhado o quão menos imprevisível o carro será. Noto logo que a intervenção do ESP é muito menos frequente e, decididamente, menos invasiva nas irregularidades que existem em muitas estradas de Verona”, conta Federico.
“Realmente não estava à esperava disto. O carro anda muito bem! Não que fosse mau antes, mas conduzir todos os dias certamente não me permitia ser objetiva. Agora, posso afirmar que a diferença pode ser sentida, embora os amortecedores que substituímos tivessem ‘apenas’ percorrido 97 mil km”, revela Susanna.
“A diferença é óbvia. Agora, os dois carros realmente parecem idênticos na condução. Mais precisos, mais estáveis, mais controláveis. Nunca teria pensado numa diferença tão óbvia. A partir de agora, vou sugerir aos meus clientes da oficina que substituam os amortecedores se estiverem velhos, mesmo que visualmente ainda estejam em ordem”, assegura Federico.
E vai mais longe: “Tenho clientes com carros que percorreram mais de 200 mil km e nunca trocaram os amortecedores, mas, obviamente, não percebem o quanto o desempenho e o controlo do veículo se deterioraram”.
“Os dois proprietários dos smart fortwo que participaram nos nossos testes ficaram surpreendidos com a diferença que a substituição dos amortecedores, molas helicoidais, montagem e kits de proteção fizeram nos seus veículos”, afirma a empresa.
“Ambos os intervenientes representam o condutor médio, que adapta o seu próprio estilo de condução de acordo com o desempenho de veículo, sem perceber que a precisão de travagem e direção se deteriorou. A KYB recomenda que os amortecedores sejam substituídos após 80 mil km e sempre aos pares por eixo”, conclui.
Mais sobre a KYB aqui.








