Entre todas as avarias possíveis num motor, poucas causam tanto dano como uma junta da cabeça queimada. E, no entanto, vários sinais são visíveis muito antes de a avaria ser crítica. O segredo está em reconhecê-los a tempo — e explicar ao cliente por que razão é urgente intervir.
Um consumo anormal de líquido de refrigeração, sem fugas no chão. Um fumo branco persistente no arranque. Uma pasta esbranquiçada na tampa do óleo.
Tudo pequenos avisos de que algo não está bem. Quando a pressão dos tubos do radiador é excessiva, mesmo com o motor ainda frio, ou surgem bolhas no vaso de expansão, o diagnóstico começa a apontar para um culpado silencioso: a junta.
Elementos vitais
Esta peça discreta é a responsável por manter separados os três elementos vitais do motor: compressão, óleo e água. Quando cede, começa o cruzamento indesejado — gases da combustão entram no circuito de refrigeração, a água invade os cilindros, o óleo mistura-se. E o motor sofre.
Um simples teste de CO₂ no líquido de refrigeração pode confirmar as suspeitas. A cor muda e a dúvida desaparece. Mas, até lá, o cliente pode ter circulado semanas com um problema a agravar-se dia após dia. Por isso, é fundamental estar atento e agir antes que o estrago obrigue a abrir o motor — ou a trocá-lo.
Método e precisão
Substituir a junta exige método e precisão. As superfícies da cabeça e do bloco devem ser inspecionadas com cuidado, garantindo que não há empenos. O binário de aperto dos parafusos tem de ser cumprido à risca, seguindo a ordem e os ângulos indicados pelo fabricante. Qualquer desvio pode comprometer todo o trabalho.
Usar juntas de qualidade duvidosa ou saltar passos por pressa é um risco que se paga caro. E não só em dinheiro: a reputação da oficina também fica em jogo.
Detetar uma junta da cabeça queimada a tempo é proteger o motor, o cliente e o próprio trabalho do mecânico. Porque, neste caso, o atraso sai mesmo caro.
