A meteorologia não prometia favores ao IV Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos. As previsões anunciavam chuva e vento, como se a caravana de 56 Mercedes-Benz com mais de 30 anos fosse atravessar o Douro Vinhateiro envolta em nuvens cinzentas.
Mas a estrela brilhou — e não apenas no capot dos automóveis. O sol abriu caminho, iluminando vinhas em socalcos e a Estrada Nacional 108, enquanto os entusiastas celebravam a herança de uma marca que continua a unir gerações.
O Check-up acompanhou a viagem, não num clássico, mas a bordo de um Mercedes EQE 300 SUV, 100% elétrico. Mais conforto, menos charme — mas sempre sob a mesma estrela.
Recorde de participantes
A manhã começou no Porto, com alinhamento e motores a postos. A organização previa cerca de 30 viaturas e 80 participantes, mas acabou por ter de alargar horizontes.
“Estiveram à partida 56 carros e 130 pessoas, um número bem acima do desejado inicialmente”, começa por explicar ao Check-up Aquiles Pinto, relações públicas da Soc. Com. C. Santos.

“A procura foi muita e aceitámos mais inscrições, mesmo sendo um desafio para a organização. No geral, acreditamos que correu bem e que as pessoas ficaram satisfeitas”, acrescenta.
Com o rugido dos motores clássicos a misturar-se com a suavidade quase silenciosa do EQE elétrico, a caravana seguiu pela EN108 em direção a Mesão Frio. O percurso, marcado pela beleza do Douro classificado pela UNESCO, foi uma celebração de história, convívio e paixão automóvel.
O entusiasmo foi tal que muitos ficaram de fora. “Já depois de termos fechado as inscrições, houve ainda imensos pedidos, mas não conseguimos aceder a todos por limites impossíveis de ultrapassar”, conta Aquiles Pinto, enquanto a estrada se estreitava entre vinhedos e curvas apertadas.
O crescimento constante tem sido um sinal de vitalidade do evento, mas, também, um desafio para quem o organiza: “Significa o sucesso desta iniciativa e uma responsabilidade. Por muito que seja algo amador — e assumimos isso — queremos que seja o melhor possível”, confidencia.
Vinhos, história e convívio
O grupo de clássicos parou nas Caves Murganheira, em plena serra de Lamego. Escavadas em granito azul, as caves são um monumento silencioso à paciência do tempo e ao rigor do vinho espumante.

Os participantes conheceram o processo de produção e brindaram com uma degustação, acompanhada da típica bola de Lamego.
“Deixo um agradecimento especial às Caves Murganheira, onde fomos recebidos pelos próprios responsáveis da empresa. O sucesso desta edição aumenta a responsabilidade da nossa equipa para continuarmos a elevar o nível das futuras edições”, destaca Aquiles Pinto.
Caravana fiel
A fidelidade dos participantes é outro sinal de que o passeio já ganhou estatuto próprio. “O objetivo é manter, por muito que seja um desafio para a equipa. Temos muitas pessoas que vêm desde a primeira edição. Este ano, quisemos premiar com um diploma os totalistas aqueles que estiveram sempre presentes”, explica Aquiles Pinto.
Foram distinguidos nomes como Joaquim Silva, Manuel Martins, Vítor Sousa, Paulo Marinho Cunha, Nuno Ferreira, Modesto Araújo, Alexandre Lima Pinto, Diogo Machado, Joaquim Lino, José Carlos Monteiro, Adão Barros, Eduardo Brito e os irmãos Manuel e João Neves.
Entre eles, um convidado especial: Armindo Araújo, oito vezes campeão nacional de ralis, campeão mundial de produção e o primeiro português a disputar uma época completa do WRC.

“Tentamos sempre ter uma surpresa. Este ano, foi o Armindo, parceiro da Rent a Star, empresa do grupo. Aceitou com todo o gosto e esteve aqui a conviver com outros apaixonados do mundo automóvel”, acrescenta Aquiles Pinto ao Check-up, sorridente perante a natural curiosidade que o piloto despertava.
Charme das distinções
A organização estreou, também, duas distinções que trouxeram emoção extra: a de viatura mais antiga e a de viatura mais elegante. O prémio de viatura mais histórica foi para o Mercedes-Benz 190 SL de 1957 de Modesto Araújo. Já a elegância, foi reconhecida no Mercedes-Benz 220 SEB de 1964 de Ângelo Lage, recebido por Manuel Martins.
O dia terminou em ambiente de festa na Quinta São José do Barrilário, propriedade datada de 1747, hoje integrada no Pacheca Group. Com vista privilegiada para o rio Douro e para o troço emblemático da EN222 entre Lamego e Pinhão, os participantes sentaram-se à mesa para partilhar histórias, memórias e a paixão comum pela estrela de três pontas.
Futuro da caravana
O Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos já se consolidou como um dos eventos de referência para amantes da Mercedes-Benz em Portugal. E, como nos confidenciou Aquiles Pinto, não vai parar por aqui: “O objetivo é continuar a dar o melhor para unir gerações de entusiastas. Cada edição é uma responsabilidade acrescida, mas, também, um prazer”, afirma.
No regresso ao Porto, entre curvas suaves e socalcos iluminados pelo pôr do sol, o silêncio elétrico do EQE contrastava com o ronco nostálgico dos clássicos. Dois mundos diferentes, mas ligados pela mesma estrela que os guia.
Mais sobre a Soc. Com. C. Santos aqui.