Sim, uma estrela existe, mesmo quando não é vista. Muitas permanecem ocultas no céu, brilhando além da nossa visão. O mesmo se aplica aos 47 clássicos da Mercedes-Benz participantes do III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos – um recorde absoluto.
Teorias à parte, muitos destes modelos costumam estar protegidos e estacionados em garagens, longe dos olhares públicos, sem nunca perder a classe. Mas, no passado sábado, dia 21 de setembro, no coração do norte, entre as estradas de Maia e Vizela, não houve quem não visse passar a caravana de históricos da marca da estrela.
O dia começou cedo e nublado, nas instalações da Soc. Com. C. Santos, onde Ana Bolina, diretora de marketing e comunicação, e Aquiles Pinto, relações públicas da empresa, receberam os mais de 100 participantes do evento, todos eles proprietários de um modelo da marca, com mais de três décadas de existência.
O briefing foi curto, até porque havia mais de uma centena de quilómetros a percorrer nessa manhã, num desfile que ligaria Maia a Vizela, tendo, depois, como destino final, uma quinta vinícola em Arco de Baúlhe para o almoço convívio com um toque de encanto proporcionado pela fadista Kátia Guerreiro. Mas a viagem faz-se quilómetro a quilómetro. Contemos, portanto, a história do dia também por partes.
Um SL entre clássicos
Havia um intruso na caravana, comecemos por admitir. O Check-up (que fez equipa com a Carros & Motores) percorreu todo o percurso ao volante de um “imperioso” Mercedes-AMG SL Roadster com 585 cv. Um “pouco” mais moderno, sim, mais potente, também, mas, em todo o caso, parte da constelação estrelar.
A primeira paragem dos 47 automóveis clássicos Mercedes-Benz inscritos no III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos teve lugar na Praça da República, em Vizela. Uma hora de exposição das viaturas – numa organização que contou com a colaboração do Automóvel Clube de Vizela (ACV).
O grupo foi, então, recebido pela vice-presidente da Câmara Municipal local, Agostinha Freitas, que deu a conhecer um pouco mais deste “jovem” concelho. Antes da partida, a comitiva degustou o bolinhol de Vizela, uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal. O Check-up não se fez rogado…
“Somos um concelho muito bairrista e que gosta muito da sua cidade. Queremos muito mostrar às pessoas que por aqui passam tudo aquilo que temos. Agradeço à Soc. Com. C. Santos – Mercedes-Benz, ao vereador do Desporto, Rui Ferreira, e ao Automóvel Clube de Vizela, a criação da dinâmica da organização da passagem pelo passeio na cidade”, disse a responsável da autarquia vizelense.
“Agradeço a presença de todos os participantes do III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos e reafirmo o desafio para que voltem com mais tempo a Vizela e visitar as muitas atrações do nosso concelho e da nossa hotelaria e restauração”, enfatizou.
José Sousa, presidente do Automóvel Clube de Vizela, também mostrou o seu agrado com este passeio. “É sempre prestigiante que o município nos solicite colaboração para este tipo de iniciativas. É com todo o gosto que apoiamos eventos como o III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos, até porque aumenta a notoriedade do nosso clube e do município de Vizela. Depois, quem gosta de automóveis tem aqui na Praça da República uma montra espetacular, pelo que não poderíamos perder esta oportunidade”, explicou.
Katia Guerreiro canta “clássico”
De Vizela, a caravana seguiu pelas estradas por onde passa o Rali de Portugal – em concreto o Confurco e a passagem no asfalto – para chegar a uma belíssima quinta vinícola: a Casa da Tojeira, em Arco de Baúlhe, onde decorreu o almoço. Depois da “coreografia” do estacionamento dos 47 clássicos, houve um pequeno “aperitivo”, com lugar a uma surpresa.
Sabia-se que haveria uma performance de Katia Guerreiro, no final do almoço, mas o que ninguém esperava era que, ainda antes do repasto, a fadista “roqueira”, como ela mesmo se designou, interpretaria, a capella, perante uma centena de participantes, um clássico de Janis Joplin, bastante adequado ao momento: “Mercedes-Benz”.
“Para mim, passear de carro sempre foi um motivo para descontrair e ‘desligar’. O carro, para mim, é mais do que ir do ponto ‘A’ ao ponto ‘B’. Conduzir, em passeio é um momento de descontração. Isso ainda é mais visível num ambiente como este do III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos, em que podemos apreciar máquinas que se faziam antigamente e que são autênticas obras de arte muito bem mantidas”, afirmou a artista, para quem a junção entre automóveis e música é perfeita.
“Oiço muita música no carro. Por estranho que pareça, passo muito tempo em casa, mas em silêncio. E é quando estou no carro que oiço música e, muitas vezes, descubro artistas de que ouvi falar e aproveito para os descobrir”, rematou Katia Guerreiro.
Exemplares únicos
Entre a quase meia centena de viaturas Mercedes-Benz participantes, a mais antiga era um W180 (Ponton) de 1957 e a mais recente um C124 (W124 Coupé) de 1993. O automóvel mais antigo tem a respeitável idade de 67 anos, mas está longe da reforma. O seu proprietário é Manuel Neves, um dos mais reconhecidos colecionadores de Mercedes-Benz clássicos e apaixonados pela marca no nosso país.
“Desde a primeira edição do Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos que defendo a importância deste tipo de eventos, para os concessionários Mercedes-Benz e para própria marca reconhecerem que, além das novas tecnologias, também há uma história muito importante. Para a Mercedes-Benz chegar onde chegou, seguiu um caminho de gerações. Tem a história mais antiga do mundo em termos de indústria automóvel”, disse Manuel Neves.
O segundo modelo com matrícula mais histórica no III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos é digno de concursos de beleza. Trata-se de uma unidade Mercedes-Benz 220 Seb Coupé (W111) de 1963, conduzida por Ernesto Baptista.
“Como sou cliente da Soc. Com. C. Santos de viaturas contemporâneas, já comprei três Mercedes-Benz à empresa, recebi por email a informação do passeio de clássicos e inscrevi-me. Desde muito jovem que gosto de automóveis. Este carro, que era de um amigo, foi restaurado ao longo de seis anos, tendo ficado pronto em 2010. Estou a gostar muito do passeio e para ano, sendo possível, terei gosto em voltar”, adiantou este apaixonado por automóveis.
Os passeios de clássicos da empresa têm, por norma, participantes muito heterógenos, com senhoras e as faixas etárias mais novas a marcarem presença. A bordo de um Mercedes-Benz SL 450 de 1979, Inês Machado (17 anos) era um dos muitos jovens que participaram no evento.
O pai é um apaixonado por automóveis (e proprietário de alguns exemplares de inegável valor histórico) e passou a paixão para a jovem e o seu irmão mais velho. “Gosto muito de carros. Esse gosto foi-me passado pelos meus pais e pelo meu irmão, pelo que é com muito gosto que estou aqui no III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos”, revelou.
Recorde absoluto
A organização faz um balanço positivo do III Passeio de Clássicos Soc. Com. C. Santos. “Recebemos quase meia centena de clássicos Mercedes-Benz e mais de uma centena de apaixonados por automóveis, entre os quais muitos jovens e famílias completas, o que é, para nós, sinónimo da manutenção da paixão. Como costumamos afirmar, para nós é muito positivo que possamos dar um contributo para que a história automóvel seja preservada”, confidenciou o relações públicas da empresa.
Em conversa com o Check-up, Aquiles Pinto reconheceu ainda que o número de históricos do passeio surpreendeu tudo e todos. “O número de automóveis, este ano, foi quase superior ao que pretendíamos, porque gostamos de manter o passeio restrito e controlado. O mais importante é que este projeto fique consolidado”, disse.
E foi mais longe: “Este não é um projeto com viaturas (muito) para o nosso negócio, mas é mais para ajudar à manutenção da história de uma marca como a Mercedes-Benz, que tem mais de 125 anos, mas também de uma empresa como a Soc. Com. C. Santos, que fará 79 anos no dia 11 de Janeiro de 2025”, disse.
E acrescentou, de seguida: “Além disso, as marcas, os construtores e os concessionários têm de acarinhar os apaixonados dos automóveis: os novos, sim, mas, também, os que têm viaturas mais antigas”.
Mais sobre a Soc. Com. C. Santos aqui.