Durante mais de um século, a borracha tem sido um dos pilares silenciosos da engenharia moderna — essencial nos pneus, calçado, dispositivos médicos ou componentes industriais. No entanto, apesar da sua ubiquidade, a estrutura da borracha praticamente não evoluiu desde a invenção da vulcanização por Charles Goodyear, no século 19. Isso pode estar prestes a mudar.
10 vezes mais resistente
Uma equipa da Universidade de Harvard desenvolveu um novo tipo de borracha sintética com propriedades notáveis: é até 10 vezes mais resistente do que a borracha tradicional, sem comprometer a leveza ou a flexibilidade. Esta inovação resulta de um avanço na forma como os polímeros — as cadeias moleculares que compõem o material — são organizados e interligados.
Ao contrário da borracha convencional, em que as ligações moleculares se rompem sob tensão, esta nova estrutura permite que as cadeias se rearranjem de forma dinâmica quando o material é esticado ou comprimido. O segredo está num sistema de “reticulação entrelaçada”, que confere ao composto uma notável capacidade de dissipar energia e resistir a rasgões, mantendo-se elástico e funcional.
Vida útil prolongada
A descoberta abre portas a uma nova geração de aplicações: desde pneus de maior durabilidade e segurança até componentes industriais com vida útil prolongada. A indústria automóvel poderá beneficiar em particular, com pneus mais leves e resistentes ao desgaste, reduzindo consumos e emissões. Mas os potenciais usos não se ficam pela indústria dos pneus. Estendem-se, também, à medicina, à construção e ao desporto.
A nova borracha ainda está em fase laboratorial, mas os investigadores acreditam que poderá ser produzida em escala e adaptada a diferentes contextos industriais. Trata-se de uma redefinição das possibilidades de um material cuja importância histórica é, agora, renovada pela ciência.
