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“Estaremos recordados?”

O verão está a chegar ao seu término. Desta vez, sem falarmos de restrições, máscaras ou estados de alerta.

Ainda que nu00e3o se fau00e7a u201cdeclaradamenteu201d, a populau00e7u00e3o portuguesa comeu00e7a a sentir (no bolso) os impactos provocados pela inflau00e7u00e3o no setor primu00e1rio, motivada por aumentos dos custos da energia e, porventura, pela escassez de determinados bens, tendo a mesma contagiado os setores transformadores e de serviu00e7os que nos levam para algo inimaginu00e1vel na nossa economia em ambiente de moeda u00fanica (estimando-se, u00e0 data, uma taxa de inflau00e7u00e3o nos 10% em agosto).

O aumento do custo do dinheiro u00e9 dado como inevitu00e1vel, as taxas de juro subiram em flecha noutros pontos do globo (EUA u00e0 cabeu00e7a, mas cujo efeito no controlo da inflau00e7u00e3o u00e9 bastante u201cduvidosou201d) e, na Europa, caminhamos para essa mesma tendu00eancia.

Se para o comum mortal a guerra justifica tudo numa primeira instu00e2ncia, os incentivos vindos da pandemia/PPR nu00e3o sofreram qualquer travu00e3o e o BCE continuaru00e1 a fazer jorrar notas de euros como nunca em nome da covid-19, da transiu00e7u00e3o energu00e9tica ou da guerra.

Cu00e1 pelo nosso burgo, e como se nu00e3o tivu00e9ssemos experiu00eancia suficiente em aproveitar fundos europeus, ju00e1 se iniciaram as polu00e9micas em torno do destino do famoso PRR e, nu00e3o vu00e1 o diabo tecu00ea-las, os nossos polu00edticos ju00e1 pedem uma extensu00e3o de prazos para distribuir de forma u201ceficienteu201d os 16,6 mil milhu00f5es de euros atribuu00eddos.

Como devem imaginar pelas palavras anteriores, sou bastante cru00edtico acerca das causas e dos efeitos que nos trouxeram a esta situau00e7u00e3o. A depreciau00e7u00e3o do euro face ao du00f3lar americano demonstra a situau00e7u00e3o fru00e1gil em que nos encontramos, provavelmente melhor do que a que encontraremos com a chegada do pru00f3ximo inverno.

Entre transiu00e7u00e3o energu00e9tica (ainda ninguu00e9m impu00f4s a pergunta u201cnu00e3o podemos reativar a central termoelu00e9trica do Pu00eago?!?u201d) e a guerra, os preu00e7os da energia dispararam e, em Portugal, continuamos a suportar algo que, em teoria, nu00e3o nos deveria afetar de sobremaneira.

Se para o comum mortal a guerra justifica tudo numa primeira instu00e2ncia, os incentivos vindos da pandemia/PPR nu00e3o sofreram qualquer travu00e3o e o BCE continuaru00e1 a fazer jorrar notas de euros como nunca em nome da covid-19, da transiu00e7u00e3o energu00e9tica ou da guerra

Acrescem os impostos cobrados de maneira compulsiva nos combustu00edveis, uma taxa de IVA que ainda nu00e3o desceu dos 23% para os 6% na eletricidade e a solidariedade nos consumos de gu00e1s (que nos chegam de outros pontos que nu00e3o do leste europeu) tornam as faturas incomportu00e1veis para a nossa indu00fastria, serviu00e7os e, sobretudo, para as populau00e7u00f5es, beneficiando apenas as empresas de referu00eancia onde, normalmente, os polu00edticos terminam as suas brilhantes carreiras.

Falta ainda sentir-se o efeito do aumento dos juros, que iru00e1 sobrecarregar as empresas e particulares mais endividados, isto para alu00e9m de todos os contratos de arrendamento e rentings, entre outros, que se encontram indexados ao u00edndice de preu00e7os no consumidor fau00e7am disparar os encargos mensais e voltem a provocar uma onda de insolvu00eancias.

Tudo isto chega ao bolso dos portugueses u2013 PME incluu00eddas – que, com tanta pressu00e3o no seu oru00e7amento, onde a liquidez, normalmente, nu00e3o abunda e os custos do endividamento absorvem grande parte da sua produtividade, esperam pelo u201cmilagre da(o)s rosasu201d e que o pedido de aumentos salariais feito pelo primeiro-ministro ao setor privado fau00e7a dispararu2026 a captau00e7u00e3o de IRS!

Sim, vamos engordar o nosso Oru00e7amento de Estado como nunca se viu, mantendo, ainda assim, com desfau00e7atez um deficit ao final do ano! Nada como uma boa dose de receita (fiscal) para prepararmos as mentes para algo que u00e9 inevitu00e1vel, fruto da conjuntura, da pandemia, da guerra ou de algo que, atu00e9 lu00e1, sirva para descartar responsabilidades.

Uma coisa u00e9, para mim, certa: nada se fez para travar esta situau00e7u00e3o, que, dentro de pouco tempo, afirmaru00e3o com elevado grau de confianu00e7a que era inevitu00e1vel, que os portugueses gastam demasiado e que teru00e3o de voltar a apertar o cinto, esquecendo que o Estado, com receitas fiscais astronu00f3micas, conseguiu ainda assim gastar mais do que o que devia e nada fez para atenuar o impacto da inflau00e7u00e3o!!!

Nessa alturau2026 estaremos recordados?

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