EPCOL preocupada com práticas de fraude fiscal e legal

Fraude na importação de combustíveis continua a distorcer o mercado e a lesar os contribuintes e o ambiente, alerta a associação.
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A EPCOL – Associação de Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes – manifestou a sua profunda preocupação com a persistência de práticas de fraude fiscal e legal na importação e comercialização de combustíveis em Portugal, bem como com outros problemas estruturais que continuam a afetar, gravemente, o funcionamento do setor.

Nos últimos anos, a EPCOL tem vindo a alertar, de forma consistente, as autoridades nacionais para a existência de importações paralelas de combustíveis, em particular através da fronteira terrestre, que entram no mercado nacional sem o devido pagamento do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), sem a declaração do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e sem o cumprimento das obrigações legais de incorporação de biocombustíveis.

“Estas práticas geram perdas de receita fiscal estimadas em centenas de milhões de euros, distorcem a concorrência, penalizam as empresas cumpridoras e colocam em risco o cumprimento das metas ambientais assumidas por Portugal”, lamenta António Comprido, secretário-geral da EPCOL.

De acordo com estimativas do setor, uma parte significativa dos volumes importados por determinados operadores poderá não estar a ser devidamente declarada às autoridades, permitindo a prática sistemática de preços artificialmente baixos, impossíveis de replicar por empresas que cumprem integralmente as suas obrigações fiscais, ambientais e regulatórias.

“Estas práticas, consideradas crime, colocam em risco a constituição de reservas estratégicas de segurança nacionais e comprometem a realização de investimentos por parte das empresas cumpridoras”, alerta a associação, em comunicado.

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Alinhada com a ANAREC

“A EPCOL congratula-se com a operação de fiscalização realizada no final do mês de outubro, que veio confirmar suspeitas antigas e recorrentes sobre esquemas de fraude no setor dos combustíveis, e aguarda com expectativa os resultados”, pode ler-se no mesmo documento.

Segundo explica, “trata-se de um sinal positivo e necessário. No entanto, é claro que esta ação, embora importante, é manifestamente insuficiente para alterar, de forma estrutural, uma situação que se arrasta há vários anos e que continua a agravar-se”.

Neste contexto, a EPCOL revê-se nas posições públicas assumidas pela ANAREC – Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis – que tem vindo a denunciar a entrada diária de centenas de camiões de combustível em Portugal sem o pagamento dos impostos devidos.

Estas práticas ilegais são ainda mais incentivadas pelo recente aumento do ISP, que torna o incumprimento fiscal e regulatório um “negócio” ainda mais compensador para quem opera à margem da lei, agravando a pressão sobre todo o setor.

A EPCOL considera que os operadores fraudulentos beneficiam de uma combinação de fatores bem conhecidos: legislação inadequada e pouco dissuasora; falhas nos mecanismos de controlo e fiscalização; deficiências nos procedimentos administrativos que dificultam a aplicação efetiva de sanções.

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Atuação firme

“Enquanto esta realidade persistir, qualquer agravamento da carga fiscal tenderá apenas a aprofundar as distorções do mercado, penalizando quem cumpre e premiando quem infringe”, sublinha a associação.

Perante este cenário, a EPCOL reitera a necessidade urgente de uma atuação firme, coordenada e estrutural por parte do Governo e das entidades competentes, que passe, entre outros aspetos, pelo reforço da fiscalização, pela revisão do enquadramento legal aplicável, pela adoção de mecanismos eficazes de prevenção e dissuasão da fraude e pela criação de condições de concorrência justas entre todos os operadores.

“Importa ainda sublinhar que a adoção de medidas legislativas e regulamentares por parte do legislador espanhol permitiu mitigar, de forma significativa, estas práticas no país vizinho”, enfatiza o comunicado.

E vai mais longe: “Contudo, essa atuação teve como efeito colateral o agravamento do problema no mercado português, que passou a ser mais atrativo para operadores que procuram explorar fragilidades legais e de fiscalização”.

Esta deslocação das práticas fraudulentas é conhecida, tendo inclusivamente sido objeto de notícias na imprensa espanhola, confirmando a natureza transfronteiriça do fenómeno e a urgência de uma resposta equivalente e eficaz pelo Estado Português.

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Respostas à altura

Finalmente, o atraso na transposição da Diretiva RED III para o ordenamento jurídico nacional tem vindo a criar um contexto de elevada incerteza regulatória.

Em particular, subsistem lacunas legais e administrativas na definição e aplicação das obrigações de incorporação de biocombustíveis e de combustíveis de baixo teor de carbono, bem como na operacionalização dos respetivos mecanismos de controlo e penalização.

A ausência de clarificação e de instrumentos sancionatórios eficazes permite que situações de incumprimento persistam sem consequências, penalizando os operadores cumpridores e comprometendo as metas nacionais de descarbonização.

A defesa da legalidade, da receita fiscal do Estado, da credibilidade das políticas públicas de descarbonização e da sustentabilidade do setor dos combustíveis exige respostas à altura da dimensão do problema.

A EPCOL continuará disponível para colaborar com as autoridades na identificação de soluções concretas que permitam pôr termo a práticas que prejudicam o país, o ambiente, os contribuintes e as empresas que cumprem a lei.

Mais sobre a EPCOL aqui.

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