powered by

Em nome do pai by BENZolutions

Cresceram em empresas fundadas e/ou lideradas pelos pais. E aprenderam a caminhar, no mundo profissional, pelo seu próprio passo. No “Dia do Pai”, o Check-up ouviu o que os filhos têm para lhes dizer.

Hu00e1 quem se lembre dos dias em que, catraio, entrava, pu00e9 ante pu00e9, na sala onde ficava o u00fanico computador da empresa, para improvisar um joguinho de Pinball, sempre que a azu00e1fama do dia acalmava. Hu00e1 quem recorde a forma como deixou o pau00eds para construir a sua histu00f3ria no negu00f3cio. Nenhum esquece que comeu00e7ou do zero. A conferir peu00e7as no armazu00e9m ou a colar fita adesiva nas encomendas.

Su00e3o histu00f3rias de quem aprendeu a caminhar na empresa pelo seu pru00f3prio passo. Mas sempre norteados pelos bons ensinamentos dos seus progenitores. No u201cDia do Paiu201d, celebrado, hoje, em todo o mundo, o Check-up ouviu o testemunho de seis filhos. Todos eles guardam memu00f3rias em forma de palavras, frases, conselhos e liu00e7u00f5es de vida que os ajudaram a ser quem su00e3o. Homens e profissionais.

u201cAprendi com o meu pai que, por vezes, temos de dar tempo ao tempou201d, Luu00eds Almeida, filho de Luu00eds Costa (Japopeu00e7as)

As primeiras memu00f3rias de Luu00eds Almeida na Japopeu00e7as cheiram ainda a infu00e2ncia. u201cAcabava por passar muito tempo por lu00e1. Nas fu00e9rias ou quando vinha da escola. Na altura, os pais nu00e3o tinham onde deixar os miu00fadosu201d, conta.

Acima de tudo, o atual diretor-geral da empresa recorda-se u201cdas pessoasu201d. E o motivo u00e9 simples. Conta-se pelos dedos de uma mu00e3o. u201cEra uma pequena loja em S. Jou00e3o da Madeira. E um balcu00e3o onde vendu00edamos peu00e7as aos mecu00e2nicos. Lembro-me das pessoas porque eram apenas cinco, ju00e1 a contar com o meu pai. Essas cinco pessoas, passados 20 anos, ainda estu00e3o na empresa. Viram-me como crianu00e7au201d, revela Luu00eds Almeida ao Check-up.

Puxando pelos fios da memu00f3ria, acaba por lembrar-se de um episu00f3dio feliz. u201cFoi na empresa que mexi, pela primeira vez, num computador. Sempre que estava livre, aproveitava para jogar Pinballu201d, conta, entre risos.

A carreira profissional na Japopeu00e7as fu00ea-la caminhando. Pese embora o facto de ser formado em Economia, passou por todos os cantos da empresa.

u201cComecei a trabalhar no armazu00e9m a conferir peu00e7as. u00c9 onde tudo comeu00e7a: saber o que u00e9 uma peu00e7a. Ju00e1 passaram quase 10 anos. Passei meses e meses como funcionu00e1rio do armazu00e9m. Depois fui saltando de setor em setor. Fiz encomendas; separei-as, coloquei fita cola nas caixas. Ju00e1 fiz de tudo na empresau201d, revela.

Devido aos seus conhecimentos de inglu00eas, a dada altura, aconteceu-lhe ser chamado para fazer traduu00e7u00f5es. u201cSempre que a reuniu00e3o era com um fornecedor estrangeiro, como tinha esse recurso, estava presente para traduzir. Havia dias em que, de manhu00e3, estava sujo de u00f3leo e, de tarde, vestia um fato e uma gravata para a reuniu00e3ou201d, recorda.

Sobre trabalhar com o seu pai, Luu00eds Costa, fundador e administrador da empresa, Luu00eds Almeida garante que, numa palavra, u00e9 u201cbomu201d. Mas admite que existem dois lados na questu00e3o. u201cO que mais gosto u00e9 ter a possibilidade de ser transparente em relau00e7u00e3o ao que penso. Teria mais dificuldades em fazer isso noutra empresa. O reverso da medalha? u00c9 muito difu00edcil separar a parte emocional da profissional. Isso teria sido mais fu00e1cil noutra empresa que nu00e3o fosse do meu paiu201d, adianta.

Luu00eds Almeida nu00e3o consegue eleger apenas um conselho de vida que o seu pai lhe tenha transmitido. Teru00e3o de ser dois. u201cO primeiro u00e9 para nunca abdicar da u00e9tica profissional, da integridade e da honestidade. E o segundo u00e9 que, por vezes, temos de dar tempo ao tempo. Por vezes, u00e9 preciso deixar rolaru201d, revela ao Check-up.

u201cu00c9 fu00e1cil trabalhar com o meu pai. Tudo u00e9 fundamentado e construtivou201d, Ricardo Candeias, filho de Joaquim Candeias (bilstein group)

u201cPosso dividir a minha primeira memu00f3ria em dois momentos: o primeiro, quando ia, contrariado e sem muita vontade, trabalhar na Jotapeu00e7as durante as fu00e9rias de veru00e3ou201d, comeu00e7a por contar Ricardo Candeias ao Check-up.

u201cA pouco e pouco, fui comeu00e7ando a gostar, cada vez mais, o que leva ao segundo momento, quando surgiu a oportunidade de passar uma temporada em Inglaterra, com o intuito de ajudar a construir a marca Blue Print em Portugalu201d, recorda.

u201cNesse momento, ju00e1 era a tempo inteiro e com uma dedicau00e7u00e3o diferente. Nessa altura, a marca era totalmente distinta do que u00e9 hoje: nu00e3o era conhecida, a oferta e os preu00e7os, muitas vezes, nu00e3o estavam ajustados. Contudo, com o apoio dos nossos parceiros conseguimos desenvolver um projeto consistente, muito respeitado e com o seu pru00f3prio espau00e7o no mercadou201d, sublinha.

Ricardo Candeias u00e9, hoje, diretor de vendas e marketing da Ferdinand Bilstein Portugal. Uma empresa que tem o rosto do seu pai, Joaquim Candeias. O filho garante que u00e9 u201cfu00e1cilu201d trabalhar com o pai. u201cCada um tem o seu espau00e7o, responsabilidades, autonomia e conseguimos ter uma relau00e7u00e3o muito transparente e pru00f3xima, debatendo sempre vu00e1rios pontos de vista e encontrando a melhor soluu00e7u00e3ou201d, garante.

u201cAssim, conseguimos sempre chegar a um consenso, com alguma facilidade, porque, normalmente, qualquer decisu00e3o ou opiniu00e3o u00e9 sempre fundamentada e construtivau201d, acrescenta Ricardo Candeias.

Conselhos do pai, guarda muitos. Para a vida. u201cFelizmente, nu00e3o me consigo lembrar su00f3 de um, porque, ao longo dos anos, tu00eam sido muitos, tanto a nu00edvel pessoal como profissional. Para mim, u00e9 uma opiniu00e3o bastante relevante e que, normalmente, estu00e1 diretamente relacionada com as decisu00f5es que tomou201d, assegura Ricardo Candeias.

u201cO meu pai vem u00e0 empresa, uma hora por semana, para respirar o aru201d, Filipe Carvalho, filho de Antu00f3nio de Carvalho (Imporfase)

Filipe Carvalho u00e9, hoje, o rosto e a alma dinu00e2mica da Imporfase, empresa fundada pelo seu pai, Antu00f3nio de Carvalho, hu00e1 ju00e1 33 anos, depois de outros tantos anos de experiu00eancia no ramo que tu00e3o bem conhece.

Em crianu00e7a, Filipe Carvalho absorveu tudo. u201cAcompanhei, desde pequeno, a evoluu00e7u00e3o da empresau201d. E constatou, desde sempre, dois factos inequu00edvocos. O primeiro? u201cA Imporfase pioneira na distribuiu00e7u00e3o de sistemas de escape, no nosso pau00edsu201d, conta. O segundo? u201cTem sucesso desde o primeiro diau201d, acrescenta o administrador.

Num passado recente, o seu pai vinha todos os dias u00e0 Imporfase. Nem o dia corria bem se assim nu00e3o fosse. Hoje, abrandou um pouco o ritmo das visitas. Nu00e3o a paixu00e3o pela empresa que criou.

u201cAos 88 anos, continua a vir uma hora por semana su00f3 para poder respirar o aru201d, revela Filipe Carvalho, que nunca esquece o melhor, de tantos ensinamentos que recebeu do senhor Antu00f3nio de Carvalho. u201cSer honestou201d, recorda ao Check-up.

u201cIncentiva-me muito a acreditar em mim e nas minhas capacidadesu201d, Fu00e1bio Gonu00e7alves, filho de Antu00f3nio Gonu00e7alves (Gonu00e7alteam)

u201cRecordo-me de organizar estantes e arrumar material na nossa garagemu201d. Questionado sobre a mais antiga memu00f3ria sua da empresa, Fu00e1bio Gonu00e7alves nu00e3o hesita. E continua. u201cAjudava na descarga dos materiais e na sua arrumau00e7u00e3o. Lembro-me de tudo como se tivesse sido ontem. Foi au00ed que tudo comeu00e7ouu201d, confidencia ao Check-up.

Fu00e1bio Gonu00e7alves u00e9 filho de Antu00f3nio Gonu00e7alves, fundador e diretor-geral da Gonu00e7alteam. O apelido nu00e3o engana. E tem bem presente o passado e o arranque da sua carreira.

u201cComeu00e7a muito cedo. Sempre estive muito presente na dinu00e2mica e no funcionamento de todas as questu00f5es da empresa. Nesta fase, ia muitas vezes para o armazu00e9m e para o escritu00f3rio. Sempre ia aprendendo qualquer coisau201d, conta.

Era o inu00edcio de um percurso que ganha contornos mais su00e9rios depois de ter sau00eddo da Faculdade de Economia, no ISEG. u201cAu00ed sim, integro esta equipa de alma e corau00e7u00e3o e tento ajudar ao mu00e1ximo naquilo que posso e seiu201d, adianta Fu00e1bio Gonu00e7alves.

Trabalhar todos os dias com o pai? u201cPor incru00edvel que possa parecer, u00e9 bastante fu00e1cil. Fora da empresa ju00e1 nos du00e1vamos (e damos), muito bem. Foi meramente transportar essa relau00e7u00e3o para empresa, mas de uma forma profissionalu201d, garante.

u201cOiu00e7o todos os conselhos que ele me du00e1, todas as dicas, todos os ensinamentos e tento colocu00e1-los em pru00e1tica. Ele tambu00e9m tem a abertura necessu00e1ria para ouvir os meus conselhos (embora eu tenha menos experiu00eancia) e dau00ed crescermos juntosu201d, conta Fu00e1bio Gonu00e7alves, que guarda uma frase, em particular, que o ajuda na sua caminhada. u201cQuerer u00e9 poder!u201d, revela.

u201cIncentiva-me muito a acreditar em mim e nas minhas capacidades e apoia-me sempre em qualquer decisu00e3o, o que me deixa muito confortu00e1vel a encarar qualquer situau00e7u00e3ou201d, sublinha.

u201cO meu pai u00e9 a minha grande referu00eancia pessoal e profissionalu201d, Ricardo Almeida, filho de Carlos Almeida (Vicauto)

u201cAs primeiras memu00f3rias su00e3o as de uma empresa pequena, com muitas prateleiras e com pouco material ainda para venda. Recordo-me de fazermos a primeira mudanu00e7a de instalau00e7u00f5es cerca de dois anos depois de abrirmosu201d, conta Ricardo Almeida, gerente da Vicauto e filho de Carlos Almeida, que, juntamente com o su00f3cio, Jou00e3o Manuel, fundaram a empresa, nos idos de 1992.

u201cFoi algo muito mais leve do que estau00a0u00faltimau00a0mudanu00e7a… Fazemos 30 anos em 2022. Su00e3o memu00f3rias ju00e1 de hu00e1 algum tempo, onde nu00e3o tu00ednhamosu00a0computadores, nem telemu00f3veis,u00a0ao inu00edcio. Tudo era tratado ainda por fax e telefone fixo. Era tudo mais lento, com informau00e7u00e3ou00a0que demorava mais a chegar. Hoje, u00e9 impensu00e1vel. Mas u00e9 com prazer que recordamos essas memu00f3riasu201d, acrescenta.

Ricardo Almeida comeu00e7ou a trabalhar, u201coficialmenteu201d, na empresa em 2007, quando terminou o curso de Gestu00e3o de Empresas, u201cmas ju00e1 acompanhava todo o desenvolvimento do negu00f3cio, praticamente desde o inu00edcio. Primeiro, nas fu00e9rias e aos su00e1bados. Depois, enquanto estava na faculdade, ia dando apoio em algumas decisu00f5es e comeu00e7ando a abrir portas junto dos principais fornecedoresu00a0de marcas de primeiro equipamento, que, hoje, su00e3o referu00eancia na Vicautou201d, conta.

u201cO meu pai u00e9 a minha grande referu00eancia,u00a0quer a nu00edvelu00a0pessoal, quer a nu00edvel profissional. De tudo o que aprendi e sei, hoje, muito lhe devo. u00c9 extremamente desafiante trabalhar com o meu pai. Como u00e9 normal, a exigu00eanciau00a0para com um filho u00e9 sempre maior. Existem divergu00eancias, tambu00e9m, na forma como vemos algumas coisas, mas a experiu00eancia de muitos anos acaba, quase sempre, por lhe dar razu00e3ou201d, admite.

Depois de tantos anos a trabalhar com o pai, Ricardo Almeida retu00e9m muitos conselhos. u201cAqueles que tenho sempre na cabeu00e7a su00e3o o de ser sempre honesto, correto, humilde e respeitar os outros, para ser respeitado. Su00e3o mu00e1ximas que o trouxeram atu00e9 onde estu00e1 hoje e que servem tanto a nu00edvelu00a0profissional como a nu00edvel pessoalu201d.

u201cValorizo o respeito pelas pessoas. E foi o meu pai que mo transmitiuu201d, Mu00e1rio Carvalho, filho de Paulo Carvalho (CARF)

A imagem mais antiga da CARF, que surge na mente de Mu00e1rio Carvalho, filho do fundador da empresa, Paulo Carvalho, em 2003, u00e9 muito diferente da atual. u201cA primeira memu00f3ria que tenho da CARF foi nos primeiros meses de existu00eancia, ainda com tru00eas viaturas (hoje, tem 137), muito usadas, mas que davam para a realidade de entu00e3o, num armazu00e9m com pouco mais de 20 m2, onde apenas cabia uma carrinha, uma secretu00e1ria e pouco maisu201d, recorda Mu00e1rio Carvalho.

Trabalhar com o pai u00e9 um u201cdesafiou201d. Porquu00ea? u201cHu00e1 momentos em que u00e9 difu00edcil fazer a distinu00e7u00e3o entre relau00e7u00e3o profissional e pessoal. Mas com respeito e tendo sempre presente qual o nosso lugar na empresa (e confesso que, tambu00e9m, com o avanu00e7ar da idade), tudo se vai tornando mais simplesu201d, diz.

E completa o raciocu00ednio: u201cHoje, resultado da maturidade, tambu00e9m consigo entender algumas decisu00f5es que ele tomou. Com isso tambu00e9m aumentei a minha admirau00e7u00e3o e respeito pelo que u00e9 enquanto empresu00e1rio, pessoa e paiu201d.

De todos os ensinamentos do pai, hu00e1 um que conduz a vida de Mu00e1rio Carvalho. u201cTratar todas as pessoas com respeitou201d, afirma.

u201cLi uma frase, hu00e1 uns tempos, que dizia: Quem nu00e3o percebe de pessoas, nu00e3o percebe de negu00f3cios. E, por isso, este conselho torna-se num dos melhores que ju00e1 me deuu201d, conta.

E concretiza: u201cA proximidade e relau00e7u00e3o de respeito que temos com as pessoas que trabalham connosco, que lidam connosco num ambiente pessoal ou profissional, su00e3o os maiores trunfos e fundau00e7u00f5es que podemos ter enquanto indivu00edduos e seres humanos. O respeito pelas pessoas u00e9 algo que valorizo e coloco acima de tudo o resto, a par da honestidade. E essas bases foram-me transmitidas por eleu201d.

artigos relacionados

Últimas

Pesados

Equipamentos