A crescente presença de sistemas ADAS — travagem autónoma, manutenção na faixa, reconhecimento de sinais de trânsito ou cruise control adaptativo — colocou as oficinas perante uma decisão estratégica: continuar a subcontratar as calibrações ou investir em equipamento próprio? A resposta não é linear e depende bastante da dimensão da oficina, do fluxo de trabalho e do perfil dos clientes. Mas há fatores claros a ponderar.
Calibração própria
Investir em calibração própria permite controlar todo o processo, reduzir tempos de espera e evitar dependências externas. Para oficinas que fazem substituições frequentes de para-brisas, intervenções em suspensões, alinhamentos ou reparações estruturais, ter o equipamento no local acelera o serviço e pode ser um argumento comercial forte: o cliente recebe o carro pronto, sem etapas adicionais.
Além disso, a margem deixa de ser partilhada, criando potencial para rentabilizar o investimento a médio prazo, sobretudo quando a oficina trabalha com frotas ou marcas onde os ADAS são quase omnipresentes.
Contudo, o investimento inicial é significativo. Um sistema completo de calibração — painéis, laser, alvos digitais, software, espaço dedicado e formação — exige rigor e ocupação de área útil na oficina.
Por outro lado, a correta calibração requer ambiente controlado, iluminação adequada e técnicos especializados. Se a oficina não tiver volume suficiente ou se a maior parte das intervenções não exigir calibração regular, a subcontratação pode continuar a ser a opção mais racional.
Variável tecnológica
Há ainda a variável tecnológica: os ADAS evoluem rápido e alguns construtores atualizam procedimentos ou exigem equipamentos específicos. Este ciclo de atualização contínua obriga a acompanhar software, licenças e formações, o que pesa no orçamento.
Em síntese, investir em calibração própria compensa quando a oficina tem fluxo, espaço, técnicos preparados e quer oferecer um serviço completo, rápido e mais rentável.
Para estruturas mais pequenas ou com pouca incidência de intervenções que impliquem calibração, externalizar continua a ser uma solução segura, estável e financeiramente sensata.