Após a substituição de um turbocompressor, muitos técnicos perguntam-se se é realmente necessário “rodar” o motor ou aplicar algum procedimento especial antes de colocá-lo em carga. A resposta é clara: sim, é essencial. Uma turbina nova precisa de uma fase inicial de funcionamento controlado para garantir a lubrificação adequada e evitar danos imediatos.
Não girar a “seco”
Durante o processo de montagem, o primeiro passo é encher manualmente o corpo do turbo com óleo limpo, antes de instalar as condutas. Este gesto simples assegura que o veio e os rolamentos não giram “a seco” nos primeiros segundos, evitando atrito e desgaste instantâneo. Um erro comum é montar o turbo e dar à chave de ignição diretamente, o que pode comprometer o conjunto logo ao primeiro arranque.
Depois da montagem, recomenda-se “rodar” o motor ao ralenti durante dois a três minutos, sem acelerações. Este período permite que o circuito de óleo se encha completamente e estabilize a pressão de lubrificação. É, também, uma oportunidade para verificar eventuais fugas nas ligações e observar o comportamento da turbina.
Moderação, sempre
Nos primeiros quilómetros, a palavra-chave é moderação. O turbo deve trabalhar com rotações progressivas e carga limitada, evitando acelerações bruscas ou regimes prolongados acima das 2.500 rpm. Este período de “rodagem”, que pode variar entre 300 e 500 km, permite que as tolerâncias internas se ajustem e que o equilíbrio dinâmico do conjunto estabilize.
 
															Outro cuidado importante é substituir o óleo e o filtro logo após a montagem, mesmo que tenham poucos quilómetros. Resíduos da antiga turbina ou partículas metálicas podem circular no sistema e contaminar o novo componente.
É, igualmente, prudente verificar a origem da falha anterior, porque uma turbina raramente se avaria sozinha. Problemas como válvulas de alívio bloqueadas, tubos de retorno obstruídos ou filtros saturados devem ser resolvidos antes da nova instalação.
Cuidado ao desligar
Por fim, convém lembrar um detalhe muitas vezes esquecido: nunca desligar o motor logo após uma condução intensa. O turbo pode continuar a girar acima das 100.000 rpm mesmo depois de o motor parar. E sem circulação de óleo há risco elevado de gripagem. A regra de ouro é aguardar 30 a 60 segundos ao ralenti antes de desligar — um pequeno gesto que prolonga, significativamente, a vida útil do turbocompressor.
Em resumo, “rodar” o motor depois de substituir a turbina não é um ritual desnecessário, mas, antes, uma etapa essencial. É o que separa uma reparação duradoura de um novo regresso à oficina e mostra que, quando o assunto é turbo, a pressa é mesmo inimiga da perfeição.
 
								 
								 
								 
															 
								 
								 
								 
								 
								 
								