Cada motor tem a sua música, a sua melodia, podemos dizer. Mas, quando surge um som dissonante, é sinal de que algo não está bem. Saber ouvir e interpretar os barulhos estranhos no motor é uma competência fundamental para qualquer mecânico experiente.
Os sons mais comuns são batidas metálicas, assobios, estalidos ou ruídos ocos. Uma batida ritmada que acompanha o regime do motor pode ser provocada por folga nas bielas ou nos pistões: problemas sérios que exigem atenção imediata. Já um tic-tic leve e repetido, especialmente a frio, pode apontar para desgaste nas touches hidráulicas ou falta de lubrificação inicial.
Som agudo ou metálico?
Se o som for mais agudo, como um assobio constante, é provável que a origem esteja numa fuga de ar no coletor de admissão ou numa válvula EGR entupida. Nestes casos, o motor pode ainda acusar perda de potência ou consumos anormais.
Ruídos metálicos ao acelerar podem vir da correia de distribuição ou da bomba de água. Se forem ignorados, podem culminar numa rutura catastrófica. Já um barulho tipo martelo, pode indicar detonação prematura — muitas vezes, causada por combustível inadequado ou problemas na gestão eletrónica do motor.
Ouvir com atenção
Por isso, antes de desmontar componentes, importa escutar com atenção, detetar a zona exata de origem do ruído e cruzar com os sintomas apresentados. Um estetoscópio mecânico ou mesmo uma simples mangueira podem ajudar a localizar a origem sonora.
Saber ouvir o motor é mais do que um dom: é uma técnica que se apura com a experiência e que permite ao mecânico antecipar problemas sérios, ganhar tempo em diagnósticos e reforçar a confiança do cliente. Afinal, o som certo pode evitar uma avaria errada.