Nem sempre uma vibração do motor significa um problema interno grave. Muitas vezes, o culpado está fora do bloco: os apoios de motor. Estes componentes de borracha e metal, discretos, mas essenciais, servem para isolar o motor da carroçaria, absorver vibrações e garantir que todo o conjunto se mantém estável, mesmo sob aceleração ou travagem.
Borracha degradada
Com o tempo, calor, óleo e esforços mecânicos constantes degradam a borracha dos apoios, levando a pequenas fissuras ou perda de elasticidade. O resultado? Vibrações percetíveis no habitáculo, especialmente ao ralenti, durante arranques ou mudanças de velocidade.
A observação é o primeiro passo a dar. Um apoio de motor fissurado, colapsado ou com resíduos de óleo indica desgaste. Mas há situações menos óbvias. Nestes casos, o técnico pode recorrer a medições de vibração com equipamento específico ou mesmo a um teste prático — acelerando suavemente com o capot aberto, para verificar se o motor se movimenta em excesso.
Um truque comum nas oficinas é comparar a oscilação do motor com o travão de pé pressionado e solto. Se o motor “salta” ou roda de forma exagerada, há fortes indícios de falha num ou mais apoios.
Avaliar conjunto
Substituir apenas o apoio danificado pode resolver o problema momentaneamente, mas o ideal é avaliar o conjunto. Muitas vibrações regressam porque outros apoios, aparentemente bons, já perderam parte da sua eficácia. Além disso, alguns veículos modernos incluem apoios hidráulicos ou eletrónicos, que ajustam a rigidez conforme o regime do motor. Nestes casos, o diagnóstico deve incluir uma verificação eletrónica.
Ignorar o problema é arriscado: vibrações excessivas podem danificar mangueiras, cabos e componentes da linha de escape, além de comprometer o conforto e a sensação de qualidade do veículo.
Em resumo, identificar corretamente a origem das vibrações é um exercício de sensibilidade técnica. Saber distinguir o que é sintoma e o que é causa é o que separa uma simples substituição de uma reparação bem-feita.