CLEPA diz que “foco único” nos elétricos roubaria trabalho a meio milhão de pessoas na UE

Estudo projeta que 501 mil empregos nos fabricantes de componentes para motores de combustão, na EU, se tornem obsoletos até 2035.

A Associação Europeia dos Fornecedores da Indústria Automóvel (CLEPA) encomendou à PwC Strategy& a avaliação do impacto de três cenários de política do Green Deal (Pacto Ecológico Europeu), sobre o emprego e o valor acrescentado entre os fornecedores da indústria automóvel em toda a Europa no período 2020-2040.

E o resultado é preocupante, tendo em conta a “aposta obrigatória” dos fabricantes de automóveis europeus em soluções elétricas. Basta ver que o “foco único” nesta solução levaria, segundo o estudo, ao desemprego de meio milhão de pessoas até 2035.

“A indústria automóvel (construtores e fornecedores) é responsável por mais de 5% do total do emprego na indústria transformadora em 13 Estados-Membros da EU, sendo que os fornecedores da indústria automóvel são responsáveis por mais de 60% desses empregos”, avança o estudo.

Enquanto os construtores de automóveis têm uma capacidade maior de desinvestir ou internalizar atividades para compensar a perda de atividade no domínio dos motores de combustão interna, os fornecedores da indústria automóvel “não podem reagir tão rapidamente, pois estão vinculados a contratos de longo prazo com os construtores”, explica.

Sabia que…

a CLEPA (Associação Europeia de Fornecedores da Indústria Automóvel), com sede em Bruxelas, representa mais de três mil empresas, de multinacionais a PME, fornecedoras de componentes de última geração e de tecnologia inovadora para uma mobilidade segura, inteligente e sustentável, investindo, anualmente, mais de 30 mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento?

“Além dos líderes globais e bem capitalizados da indústria, o setor é composto por centenas de empresas especializadas e PME com menos acesso a capital para investir na transformação dos seus modelos de negócio”.

Transição vs interrupção

O estudo prevê que, no cenário, exclusivamente, de veículos elétricos, “70% do impacto no emprego seja sentido já no período de 2030-2035 e corrobora que as oportunidades do veículo elétrico dependem do estabelecimento de uma ampla cadeia de abastecimento de baterias na UE, cujo momento e probabilidade ainda são incertos”.

Segundo revela, “os países da Europa Ocidental parecem estar em melhor posição para serem redutos na produção de motores para veículos elétricos, enquanto o emprego nos países da Europa Central e Oriental permanecerá altamente dependente do motor de combustão interna”.”Embora, por um lado, a eletrificação coloque em risco o emprego relacionado com o powertrain, no futuro a qualificação dos trabalhadores precisará de outras competências em áreas como o software ou infraestrutura. O valor acrescentado e a criação de emprego nas tecnologias de powertrain dependerá da produção de baterias na Europa”, afirma Henning Rennert, sócio da PwC Strategy& Alemanha.

Sabia que…

a Strategy& é uma empresa de consultoria estratégica global posicionada de maneira única para ajudar a entregar o seu melhor futuro: um que é construído na diferenciação de dentro para fora e feito à medida das suas necessidades? E que como parte da PwC, está a construir, todos os dias, os sistemas vencedores que estão no centro do crescimento?

A secretária-geral do CLEPA, Sigrid de Vries, também segue a mesma linha de raciocínio. “O estudo destaca os riscos de uma abordagem, exclusivamente, de veículos elétricos para a subsistência de (centenas de milhares de) pessoas que trabalham afincadamente para fornecer soluções tecnológicas para uma mobilidade sustentável”, diz.

E continua: “Como os fornecedores de componentes para automóveis são responsáveis ​​pela maioria dos empregos na indústria automóvel, é crucial colocar os empregos da indústria de componentes para o automóvel em primeiro plano na gestão do impacto social e económico da transformação”.

E vai mais longe: “As inovações dos fornecedores da indústria automóvel tornaram a mobilidade elétrica cada vez mais acessível aos consumidores e um instrumento essencial para cumprir as metas de redução de emissões. Mas as necessidades da sociedade são muito diversificadas para uma abordagem única”.

Segundo afirma, “um contexto regulatório aberto a todas as soluções disponíveis, como o uso de tecnologias híbridas, hidrogénio verde e combustíveis renováveis ​​sustentáveis, permitirá a inovação à medida que redefiniremos a mobilidade nas próximas décadas”.

Por sua vez, o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), José Couto, afirma que “o estudo elaborado pela CLEPA e onde a AFIA teve um papel muito ativo, evidencia o impacto a médio e longo prazos do processo da transição energética nas empresas da indústria de componentes para automóveis”.

E sublinha: “Esta indústria em Portugal emprega 62 mil trabalhadores, 8,8% do emprego da indústria transformadora, na sua maior parte qualificados e com remunerações acima da média nacional. Pelo que, neste contexto, é necessário que a União Europeia crie instrumentos que possibilitem enfrentar as tendências impostas pela transição energética e a transformação digital, de forma a proteger empregos e empresas”.

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