Os cabos de massa são, muitas vezes, subestimados nas oficinas. Por serem simples e discretos, não recebem a atenção que merecem. No entanto, um mau contacto ou uma ligação oxidada pode estar na origem de uma série de avarias elétricas difíceis de diagnosticar — luzes que “piscam” sem razão, sensores que falham intermitentemente, módulos que não comunicam ou motores que não pegam.
Numa altura em que os veículos modernos dependem cada vez mais de sistemas eletrónicos, garantir uma boa ligação à massa é mais importante do que nunca. A resistência elétrica criada por um cabo solto, corroído ou com mau aperto pode ser suficiente para provocar variações de tensão que confundem a centralina e geram erros aparentemente sem explicação.
Integridade da alimentação
Um dos erros mais comuns é focar o diagnóstico no componente final — sensor, atuador ou ECU — sem verificar, primeiro, a integridade da alimentação e da massa. Perde-se tempo e, muitas vezes, trocam-se peças desnecessariamente.
O teste prático é simples, mas exige método. Com um multímetro, mede-se a queda de tensão entre o terminal negativo da bateria e o ponto de massa do componente em funcionamento.
Uma diferença superior a 0,2V é sinal de má ligação. Também é essencial inspecionar, visualmente, os cabos, os pontos de fixação ao chassis ou ao bloco do motor e remover ferrugem ou resíduos que impeçam o contacto direto.
Binário de aperto
Outro aspeto muitas vezes ignorado é o binário de aperto dos terminais. Em alguns casos, um simples reaperto pode resolver uma avaria intermitente. Há ainda que considerar o estado dos próprios cabos — flexíveis gastos ou com roturas na malha de cobre interna, devem ser substituídos por peças com a secção adequada.
Num sistema elétrico, a massa é o ponto de referência de todos os sinais. Se esse ponto falha, tudo o resto fica comprometido. Por isso, numa oficina profissional, os cabos de massa devem ser vistos como um elemento-chave do diagnóstico e não como um simples acessório metálico.