O Alto Alentejo continua a ser dos poucos recantos do nosso país que ainda não foi descoberto pelo turismo em larga escala. E ainda bem. É claro que gostamos da Costa Alentejana e é garantido que desfrutamos, sempre que possível, da Costa Vicentina, mas… desta vez, na viagem que fazemos no Check-up, fugimos das filas das mercearias de Porto Covo, bem como dos menus e preços em inglês da Zambujeira do Mar.
Que saudades de Porto Covo sem dezenas de autocaravanas a empatar o trânsito… e a paisagem. Que saudades da Arrifana, Bordeira, Carrapateira, Praia do Amado, do antigamente. Claro que o Turismo traz emprego, dinheiro e suposto desenvolvimento.
No Alto Alentejo não corremos, por agora, esse risco. As temperaturas no verão aproximam-se dos 40°C ao longo de vários dias e a alternativa é procurar barragens e praias fluviais. Quando partimos à descoberta dos distritos de Évora e Portalegre ao volante de um automóvel 100% elétrico, como o BYD Dolphin Surf, que tem disponível 310 km de autonomia e uma potência de carregamento máxima até 85 kW, temos de ponderar várias situações. Este é o carro 100% elétrico mais acessível da marca chinesa. Custa €27.923. A versão de entrada, sem financiamento, tem um preço que arranca nos €22.318.
Nas viagens mais recentes ao Alto Alentejo, temos preferido “fugir” às portagens. A verdade é que possível chegar a Avis, Alter do Chão, Ponte de Sor e Portalegre, sem gastar um cêntimo. É claro que, se temos mais pressa, estamos cansados e o nosso destino é Évora ou Arraiolos, a opção mais natural será viajar pela A2 e, na Marateca, seguir pela A6. Nesse caso, não escapamos a pagar, pelo menos, quase €10 de portagem.

À procura da brisa
O Check-up optou por enveredar pela Vasco da Gama, na direção de Coruche (via famosa reta do Infantado), o IC13, depois a Nacional 251 até ao Couço para, finalmente, ligar à mítica Nacional 2 via Mora. Viagem tranquila, temperatura exterior a rondar os 38°C e a vontade de refrescar o corpo na barragem de Montargil.
A região do Alto Alentejo vive muito das barragens e das praias fluviais. As primeiras imagens que fizemos com o BYD tinham de ser junto à água, ou não fosse o apelido deste pequeno bólide ser Surf.
A capacidade da bagageira do BYD Dolphin Surf é limitada: 308 litros. Permite transportar duas malas de viagem e mais alguns sacos, mas não mais do que isso. Claro que é possível rebater os dois bancos. Neste caso, ficamos com 1.037 litros de capacidade.
Existe ainda um pequeno “alçapão” na bagageira onde estão guardados os cabos, que são fundamentais quando viajamos para uma zona de Portugal onde os postos de carregamento não abundam. No caso da A6, temos a Repsol de Vendas Novas, onde os carregadores são rápidos, mas, como em todas as autoestradas, já se sabe que o preço do kW é bem mais caro.

Bom companheiro de viagem
O mais pequeno e mais barato dos BYD não é nenhum foguete, mas chega e sobra para uma viagem relativamente tranquila. É leve e ágil (pesa 1.465 kg). Está bem equipado. A caixa é automática e o seletor na consola central parece um pouco frágil, mas funciona bem. Como é tradição nesta marca chinesa, o equipamento de conforto e segurança é bastante aceitável. No habitáculo, vive-se um ambiente digital e as câmaras de apoio à condução permitem manobrar de forma funcional.
No caso da versão Comfort que conduzimos, tem visão panorâmica 360°, mas não conta com câmara traseira de série. Os alertas são os “tradicionais“ da BYD: quando não colocamos o cinto de segurança; apito sonoro sempre que ultrapassamos a velocidade permitida; alerta de cansaço do condutor sempre que bocejamos ou retiramos o olhar por momentos da estrada.
O painel de instrumentos digital, de 7”, tem toda a informação de apoio, mas os números são demasiado pequenos e, por vezes, dependendo da incidência da luz solar, torna-se difícil saber, por exemplo, qual é a temperatura exterior. O que é importante nesta região do país!
Já o ecrã tátil – eletricamente rotativo – que dá aquele style de tecnologia de última geração – 10,1” -, funciona melhor, apesar de continuar a achar o menu algo confuso. Os bancos dianteiros foram concebidos para proporcionar maior conforto durante a condução.

Dependendo da versão, podem incluir regulação elétrica e aquecimento. Os bancos traseiros podem transportar idealmente dois adultos e todas as versões estão equipadas com três pontos de fixação ISOFIX. Chegamos a Montargil. O ar condicionado veio sempre ligado e os consumos médios indicam 12,1 kWh, o que acaba por ser aceitável para uma velocidade média de 80 km/h.
O que fazer em Montargil
Junto da barragem, podemos, simplesmente, estacionar e realizar algumas fotografias com o BYD Dolphin Surf. Ou praticar desportos náuticos, como canoagem, wakeboard ou andar de moto de água/jet ski.
A Câmara Municipal de Ponte de Sor está a preparar um investimento de dois milhões de euros para criar duas praias fluviais. O plano prevê uma nova praia com o nome curioso de Praia dos Tesos, que terá restaurante, piscina flutuante, campo de jogos parque infantil parque de merendas, estacionamento e caminhos pedonais.
A previsão é que esteja em funcionamento em 2026. O plano de revitalização da barragem de Montargil prevê, ainda, uma segunda praia fluvial, na zona de Foros do Mocho.

A vida em Montargil é calma, mesmo nos meses de julho, agosto e setembro. Nada como visitar a Igreja Matriz, construída no século XVI, a Capela de São Sebastião e a Igreja da Misericórdia. Ao final do dia, com menos calor, é possível caminhar pela rua do Comércio, visitar o miradouro, a Capela de Santo António e o Mural dos Painéis Escolares.
Onde ficar em Montargil
São muitos os alojamentos locais e hotéis onde ficar hospedado. Uns mais caros, outros mais baratos. O AP Lago Montargil Conference & Spa é um hotel de cinco estrelas. A localização é privilegiada e tem um clube náutico, onde se pode agendar desportos de água para fazer na barragem. Fique a conhecer mais sobre este hotel aqui.
Para quem viaja de automóvel elétrico, a paragem em Ponte de Sor pode ser uma boa opção. Nesta cidade do distrito de Portalegre existem vários locais para carregar a bateria. Seja nos hipermercados Lidl ou Pingo Doce (neste último, o carregador está, por vezes, avariado), seja na área de serviço Moeve, onde os carregadores são ultrarrápidos (mas, também, mais caros) ou no Intermarché (um carregador EDP com uma boa tarifa), neste último caso apenas para quem tem os cabos de carregamento no carro. Já se sabe que as manutenções dos postos de carregamento no nosso país, infelizmente, deixam algo a desejar…
Nesta viagem por terras alentejanas é notório que o habitat natural do BYD Dolphin Surf é a cidade. Ainda assim, transmite-nos segurança ao curvar. Vivemos uma emergência numa estrada rural mais apertada, onde nos deparámos com um automobilista a circular a alta velocidade e fomos obrigados a uma manobra de recurso para a berma. O Dolphin aguentou-se firme e hirto, mostrando agilidade e uma direção reativa e relativamente precisa. Os pneus de estrada Hankook ion ST AS, “calçados” em jantes de 16”, são, obviamente, mais vocacionados para circular no asfalto do que em terra.

Por baixo da carroçaria, encontra-se a e-Platform 3.0 da BYD. A bateria foi concebida, especificamente, para veículos elétricos e utiliza fosfato de ferro e lítio, que tem como principal objetivo ter níveis mais elevados de durabilidade e segurança do que as baterias EV tradicionais, sem a utilização de cobalto.
Este modelo está disponível em duas versões da Blade Battery – 30 kWh (versão Active) e 43,2 kWh (Boost e a Comfort, que conduzimos neste teste). De acordo com os valores divulgados pela marca, a autonomia combinada é de 322 km, que, em cidade, pode chegar a valores perto dos 507 km.
Visitas obrigatórias
Perto de Montargil, passando Ponte de Sor, no nosso roteiro 100% elétrico, sugerimos a visita à Aldeia de Galveias e ao Santuário de São Saturnino. A vila de Avis é outra paragem obrigatória. É possível passear tranquilamente a pé à volta das muralhas do castelo, conhecer o Convento de São Bento de Avis, os Paços do Concelho, a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia e o Pelourinho.
Para carregar o carro elétrico, tem carregadores na Herdade da Cortesia e, bem perto, é obrigatória uma paragem no clube náutico com vista para a barragem do Maranhão, onde encontra uma piscina com parque aquático e escorregas. Junto ao clube náutico e ao núcleo Motard, encontra-se o parque de campismo de Avis.

Por fim, sugerimos a visita a Alter do Chão. A vila da “arte equestre”. No caminho, pode visitar a bela vila de Seda e desfrutar da gastronomia do imperdível restaurante Candeeirinho, bem como visitar a Ponte Romana de Vila Formosa.
Em Alter do Chão, além do sempre útil carregador rápido a funcionar, que encontrámos no Intermarché, visitámos a mais antiga coudelaria real portuguesa: a “casa dos famosos cavalos lusitanos”.
Vale a pena agendar uma visita e conhecer o Páteo das Éguas, as cavalariças dos garanhões, a Casa dos Trens e a Falcoaria, bem como o Museu da Falcoaria. Além disso, pode visitar ainda o centro histórico do Alter do Chão, o Castelo do Alter do Chão, o Chafariz Quinhentista, a Igreja e Antigo hospital da Misericórdia, sem esquecer a Igreja Matriz.
Mais sobre a BYD aqui.