A Comissão Europeia anunciou um novo pacote de medidas para a indústria automóvel que representa uma mudança relevante na abordagem regulatória ao processo de descarbonização do setor. Por outras palavras, um recuo na marcha até 2025.
Tal como vinha sendo defendido pela indústria, Bruxelas regressa ao princípio da neutralidade tecnológica, “abrindo caminho a uma maior flexibilidade no cumprimento das metas ambientais e reduzindo o risco de penalizações financeiras avultadas para os construtores”, adianta a Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em comunicado.
2025? Basta 90%
Uma das alterações mais significativas prende-se com o objetivo de “redução total de emissões em 2035, que passa de 100% para 90%”, revela. “Os restantes 10% poderão ser compensados através de soluções alternativas, como a utilização de aço de baixo carbono ou combustíveis sintéticos, os chamados e-fuels, reconhecendo, assim, a necessidade de uma transição mais gradual e tecnologicamente plural”, sublinha a ACAP.
Também nos veículos comerciais ligeiros há ajustamentos relevantes. “A meta de redução de emissões prevista para 2040 é revista em baixa, passando de 50% para 40%. No segmento das frotas empresariais, a Comissão estabelece, igualmente, metas obrigatórias para a adoção de veículos de emissões nulas ou reduzidas, reforçando a pressão sobre as empresas enquanto agentes ativos da transição energética”, destaca a associação.
“Rumo certo”, diz ACAP
A proposta será, agora, analisada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, dando início ao processo legislativo. Para a ACAP, “esta revisão vai ao encontro da posição que tem vindo a defender, reconhecendo que, apesar do crescimento da mobilidade elétrica acima da média do mercado, continuam a existir constrangimentos estruturais, nomeadamente ao nível da rede de carregamento e da inexistência de uma política de incentivos verdadeiramente consistente”, afirma.
A associação sublinha ainda que os “construtores de automóveis têm investido centenas de milhões de euros na eletrificação, colocando no mercado mais de 300 modelos eletrificados, o que demonstra, de forma inequívoca, o compromisso do setor com a mobilidade sustentável”, defende.
“A flexibilização agora anunciada não representa um recuo, mas sim um ajustamento pragmático que permite assegurar uma transição eficaz, economicamente viável e socialmente equilibrada”, conclui a mesma fonte, em comunicado.
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