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ALF revela que setor está atento ao investimento verde

Banca antevê o fim dos créditos a investimentos não sustentáveis e afirma-se tão verde quanto o investimento que apoia. É esta uma das conclusões do Encontro Nacional da ALF.

“Somos aquilo que financiamos”. A alocação de recursos da banca, de acordo com os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança, na sigla inglesa) foi, assim, resumida por João Nuno Palma, vice-presidente da Comissão Executiva do Millennium BCP e um dos cinco oradores do painel final do Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF).

“Tem de haver redirecionamento dos recursos financeiros para atividades sustentáveis. Já estamos a introduzir na análise de risco fatores de ESG que limitam o financiamento de atividades não sustentáveis”, disse.

“As instituições financeiras têm consciência de que se financiarem atividades não sustentáveis, elas próprias se tornarão não sustentáveis”, assumiu o administrador do banco português, o qual se compromete a reduzir financiamento a atividades ligadas ao carvão.

“Estamos num momento que me parece de viragem”, afirmou, por seu turno, Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Aludindo à proposta legislativa do Mercado Voluntário de Carbono (medida conducente à mitigação de emissões de Gases com Efeito de Estufa) dada a conhecer pelo Governo em meados de março, referiu que “coincidência, ou talvez não”, nos últimos dois meses tem-se assistido a uma atividade em torno do financiamento sustentável.

Ao longo do Encontro Nacional da ALF ouviram-se apelos de entidades como o Banco de Portugal e o IAPMEI para que o setor financeiro e até os organismos públicos colaborem nesta transição dos clientes para estratégias concordantes com os critérios ESG.

Andrés Baltar, administrador do Novo Banco, assumiu que “as PME ainda estão muito mais atrasadas face às grandes empresas”. Por isso, destacou que as instituições estão disponíveis para financiar as empresas empenhadas na transição para uma atividade sustentável.

A estratégia “verde” do financiamento especializado tem reflexos em vários cenários, frisou Luís Augusto, presidente da ALF. É disso exemplo a incorporação do leasing no ciclo de vida dos equipamentos, a favor da redução do nível de desperdício.

O factoring e confirming, por seu lado, levam o seu apoio a investimentos concertados com as exigências ESG, enquanto o renting, aproveitando o crescimento da oferta de modelos eletrificados das várias marcas, direciona cada vez mais os clientes para veículos “amigos” do ambiente.

Check-up Media ALF Luís Augusto

Apesar da energia depositada pelo financiamento especializado na transição para um mundo idealmente perene, não se pode exigir a todos os clientes o mesmo nível de cumprimento das regras mais restritas, alertou Ana João, do BNP Paribas Portugal.

No caso do factoring e renting, por exemplo, “os bancos têm agir como advisors durante todo o processo” e “parar de ser, simplesmente, facilitadores de acesso a crédito. Têm de passar a ser, também, consultores, com equipas especializadas, de forma a acompanhar os clientes”, instou Ana João.

Isto requer que as instituições invistam na formação das suas equipas, até porque “infelizmente, as universidades não estão ainda a formar pessoal especializado suficiente nestes temas, pelo que temos de formar in house”, designadamente avaliação de risco.

Na mesma lógica que determina que um grupo é tão forte quanto o seu elemento mais fraco, a representante do BNP Paribas disse que “somos tão verdes quão verdes são os nossos clientes”.

Pela frente, os bancos têm um quadro de rating indexado ao nível das emissões dos negócios que financiam. Os próprios bancos tenderão a pressionar os clientes para a transição, de modo a assegurar do equilíbrio do green asset ratio e do rating.

Check-up Media renting

A lógica será extensível ao financiamento da mobilidade, podendo levar à restrição de crédito aos veículos não eletrificados, disse Pedro Barreto, administrador do BPI.

Também aqui, cabe às instituições de financiamento especializado formar o cliente. O setor adiciona a vantagem de permitir triagem fina do investimento, sabendo a que produto específico se destina.

Levar a formação até ao nível do cliente do cliente e ao fornecedor do cliente, para afinar níveis de sustentabilidade, é um desafio para as instituições financeiras, que terão de juntar novos consultores às suas equipas, considerou Pedro Barreto.

No BPI, por exemplo, criou-se, há um ano, um acelerador de sustentabilidade, ao qual se associou um roadshow pelo país com sessões de esclarecimento sobre reindustrialização, custo da energia, temas sociais e de governação, explicou o administrador do banco. Sobre transição para a sustentabilidade, disse que “o processo é muito exigente e todos os dias surgem informações novas para as empresas”.

As grandes empresas já estão a trilhar este caminho, “super-atentas” a critérios de ESG, acrescentou Amílcar Lourenço, administrador do banco Santander. Contudo, as PME – que, como lembrou Luís Guerreiro, presidente do IAPMEI, representam 99% do tecido empresarial português – encontram-se ainda numa fase embrionária.

“As PME estão ainda pouco sensíveis, porque não sabem como fazer, não têm apoios e incentivos”, alertou o administrador do Santander. Indústrias como as da agricultura e do plástico poderão não estar aptas no imediato para financiamento verde, mas sim para uma fase de apoio financeiro à transição”, deu conta.

“O objetivo é não deixar clientes para trás e apoiá-los na transição. A nossa obrigação como bancos é apoiar os clientes em processos que os transformem mais verdes”, enfatizou.

Um esforço financeiro em direção à meta de carbono zero da economia que, como referido neste encontro promovido pela ALF, se estima que venha a ascender a 20 mil milhões de euros anuais.

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