Não há quem não a reconheça na rua. Basta um breve olhar para reconhecer Rita Mendes e os seus cabelos revoltos. Conhecida do grande público pelo seu trabalho como apresentadora de programas como Curto Circuito (SIC Radical) e Portugal Radical (SIC), hoje, tem tantas atividades quantos os caracóis loiros.
Senão, vejamos: DJ, criadora de conteúdos digitais, coach e consultora imobiliária. Uma polivalência que já foi apelidada, pelos seus amigos, de “canivete suíço”. Rita explica. “Sempre tive muitas valências, aptidões e fui (e sou) uma eterna insatisfeita, que procura realização profissional juntamente com concretização material, sem baixar os braços”, confidencia.
Costuma dizer que as artes lhe “correrão sempre nas veias”, mas admite que “vão e vêm, conforme os projetos vão ou não existindo. As redes e a Internet permitem-me exercer a minha ‘versão comunicadora’ com as mensagens que sinto que devo passar e, aí, também exerço a criatividade de que necessito. Como DJ, vejo a Rita ‘entertainer’ em ação, de quando em vez (acaba por ser, atualmente, a versão que menos trabalho, mas fi-lo muito a sério durante mais de 10 anos)”, revela.
E continua: “Como coach, procuro o meu lugar numa ‘Nova Era’, que tanto precisa de novos caminhos e formas de estar, ser e viver os desafios. Criei o projeto ‘Wonder Up’, que muito me orgulha. Como profissional do ramo imobiliário, ajudo a realizar sonhos palpáveis e exerço a ‘Rita empreendedora’ e mais pragmática, que trabalha, também, relações humanas e financia por aqui… tudo o resto que gosta de fazer”.
Mensagens motivacionais
Wonder Up, projeto por si criado, onde procura ajudar outras pessoas através de mensagens motivacionais, é, também, o seu “alter ego no desenvolvimento pessoal, relacional e espiritual”, garante. “Adoro a palavra e o conceito ‘apaziguar’ e é isso que tento fazer, através das minhas próprias vivências e das muitas ferramentas e conhecimentos que tenho dessas áreas ligadas à maior consciência de quem somos e de como vivemos e aproveitamos esta nossa estada”, adianta Rita Mendes.
Uma longa lista de conhecimentos e competências, onde não falta a formação em programação neurolinguística. Mas será fácil aplicar todas estas experiências ao real quotidiano? “Acredito que quem se ‘mete nestas áreas’ é inicialmente para se compreender a si mesmo e até para encontrar a cura dos seus desafios e questões. Por isso, obviamente, que, em primeiro lugar, adequo todos estes meus conhecimentos à minha própria descoberta como pessoa e ser. O ‘Eneagrama’, que trata das nove personalidades tipo do ser humano, também ajuda muito nisso, pois percebes que, efetivamente, somos todos muito díspares nas motivações”, explica Rita Mendes à Oficina Vip.
Ansiedade na ponte
Mas será que este conhecimento ajuda, por exemplo, a manter a calma no trânsito? “Nunca fui uma condutora irritadiça, antes pelo contrário. Sou balança (super ligada ao que é justo e injusto) e, por vezes, fico é ansiosa, frustrada e incrédula com os comportamentos alheios”, afirma. Nem mesmo numa fila para a ponte 25 de Abril, numa sexta-feira, antes de um confinamento? Bom, aí já tocamos numa tecla sensível.
“Tive crises de ansiedade sérias em situações dessas. Durante dois anos vivi na Costa de Caparica. Tinha os miúdos a estudar em Lisboa e passei diariamente por isso. Criei até uma dinâmica dentro do meu ‘Wonder Up Mornings’, um programa virtual em que, diariamente, durante um mês, entreguei reprogramações mentais, meditações, exercícios de coaching e PNL, que ajudava pessoas a superar crises de ansiedade e pânico…. Inspirado no que passei, assim., entalada entre condutores raivosos e trânsito parado”, admite.
Ainda assim, Rita Mendes adora conduzir. “É algo que me é inato. Se for a ouvir música boa, melhor ainda. Não sou um Fittipaldi (já fui quando era mais ‘pitinha’), mas também não sou uma ‘Toininhas’. Já tive multas de excesso de velocidade e de mau estacionamento, mas não acho que fossem por culpa minha (risos). É porque as regras são apertadas e exageradas em alguns sítios onde não faz sentido que sejam”, revela.
Conduz um Mercedes-Benz Classe B, de 2010, “interior champanhe e pintura bordeaux (a parte estética do carro também me convenceu a escolher o meu “José Eduardo”. Como? “JE de matrícula, as iniciais do nome do meu querido avô Zé”, conta. Quem não tolera? Os penduras que mandam “bitaites”. A explicação é simples. “São raros os que não fazem isso”, acusa. “Atualmente, prefiro ser conduzida em viagens longas, porque fiz muitos quilómetros de estrada em tours e espetáculos, tantos anos, sempre a conduzir, e estou cansada disso”.
Ignorar sinais
Sinais irritantes no ecrã do seu automóvel? Não contem com Rita. “Sou terrível nisso – ou era, porque estou a tentar melhorar. E sou muita cética, até porque como o meu carro é todo eletrónico e apita por tudo e por nada, eu, às vezes, nem acredito que seja algo sério”, admite, com honestidade. “Bem, mas, como, às vezes, é… o melhor é telefonar ao meu Ricky, o meu amigo mecânico, que lá me vai orientando nas minhas visitas de rotina”, acrescenta.
Em tantos quilómetros percorridos, não faltam episódios bizarros. Um deles ocorreu há poucos dias. “Fui multada pela EMEL quando almoçava. Quando fui procurar o valor da multa reparei no nome do ‘multante’ e era um amigo meu”. Final feliz, multa perdoada? Nem tanto. “Liguei-lhe a ‘pedir satisfações’ e fartámo-nos de rir, mas já não deu em nada, saiu multa na mesma”.
Outra história mais antiga deu-se no final da sua gravidez. Literalmente no final. “Tive de ser escoltada até ao hospital pela polícia, porque ‘decidi’ entrar em trabalho de parto do meu filho Afonso à hora de ponta, estando em Carcavelos e tendo de ir parir a Lisboa”. Não é para todas.
Avaria no combustível?
Mas Rita Mendes não esconde outros dois casos mais embaraçosos. Ou divertidos. “Perdi a chave elétrica de um carro, há muitos anos, e como não tinha dinheiro para mandar fazer outra, vendi o carro assim, super desvalorizado. No dia que o foram buscar, negócio (muito mal) feito, apareceu-me a chave num bolso (risos). Acontece-me de tudo, mas são histórias que enriquecem a vida e nos fazem rir da ironia da mesma”.
Outra vez foi o veículo que desmaiou à porta de casa. “Voltas e mais voltas e nada. Chamei o reboque da assistência para o levar para a oficina. Mal pegaram no carro, dizem-me: ‘Menina o seu carro está perfeito, não tem é gasolina. Você tinha o carro na reserva e estacionou-o numa descida. Ora o pouco combustível que tinha está inclinado”, conta.
“Lá enfiei a carapuça, toda envergonhada, e saí dali para a primeira bomba de gasolina”. Mas com a lição aprendida, “evitando inclinações que afetassem a performance do querido automóvel, claro”…