As exportações nacionais de componentes para automóveis voltaram a registar uma queda em setembro, totalizando 994 milhões de euros, o que representou uma “queda de 4,1% em termos homólogos”. Por sua vez, o total das exportações de bens “subiu 14,3% no mesmo período, mantendo o setor automóvel um peso de 14,7% nas exportações de bens transacionáveis”, diz a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).
Destino europeu
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, as vendas ao exterior atingiram 8,9 mil milhões de euros, refletindo uma redução de 3,7% face ao mesmo período de 2024. Em termos geográficos, a Europa continuou a absorver a maior parte das exportações, com 88,4%, registando uma ligeira descida de 3,6% em relação ao ano anterior.
A América representou 5,6%, com quebra de 11,7%, enquanto África e Médio Oriente registaram 4,4%, crescendo 15,8%, e Ásia e Oceânia 1,5%, com queda de 18,9%.
Por países, Espanha manteve a liderança, com 29% de quota e ligeiro aumento de 0,2%, seguida da Alemanha, com 22,1%, em queda de 10,9%, e França, com 8,6%, menos 0,8%. Os EUA e o Reino Unido apresentaram quebras de 14,2% e 12,2%, respetivamente.
Entre os mercados com crescimento, destacaram-se Roménia (+30,8%), Marrocos (+27,6%) e Turquia (+17,6%), que demonstraram dinamismo face a outros destinos. No terceiro trimestre de 2025, a variação homóloga situou-se em -6,3%.
Competitividade, precisa-se
A evolução recente evidencia desafios estruturais da indústria europeia, incluindo pressão regulatória, volatilidade da procura e das cadeias de abastecimento, concorrência internacional com menores custos e forte apoio estatal, lacunas tecnológicas e custos financeiros elevados relacionados com a transição energética, digitalização, automação e requalificação de trabalhadores.
Para José Couto, presidente da AFIA, “os números de setembro mostram a ligação do setor a projetos europeus e a empresas a produzir fora da Europa, mas, também, deixam um alerta: sem competitividade, Portugal e a Europa arriscam perder terreno nas cadeias globais de valor”.
E continua: “Todos concordamos que é essencial garantir estabilidade legislativa, custos de contexto mais baixos e execução mais rápida dos programas de apoio para investir em tecnologia, eficiência energética e qualificação. O setor exporta, cria emprego qualificado e é inovador, mas só pode crescer em condições comparáveis às dos nossos concorrentes”.
Os dados da AFIA baseiam-se nas Estatísticas do Comércio Internacional de Bens, divulgadas pelo INE a 10 de novembro.
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