O sistema elétrico de um automóvel moderno é um pequeno ecossistema: dezenas de consumidores, sensores sensíveis e módulos eletrónicos que dependem de uma tensão estável. No centro desse equilíbrio estão o alternador e a bateria. Se um falha, o outro sofre… e o diagnóstico incorreto pode sair caro.
Medições de tensão
A primeira regra é não confiar apenas na luz do painel. Um alternador pode estar a “carregar”, mas mal. A tensão pode parecer correta em repouso, mas oscilar perigosamente sob carga. O teste deve começar com medições de tensão e ondulação (ripple) em três momentos: com o motor desligado, ao ralenti e com consumidores ligados (luzes, climatização, desembaciador).
Uma bateria saudável apresenta entre 12,4 V e 12,7 V com o motor parado. Ao arrancar, a tensão pode cair momentaneamente, mas não deve descer abaixo dos 9,6 V. Já em funcionamento, o alternador deve fornecer entre 13,8 V e 14,4 V, com variações mínimas mesmo sob carga. Se o valor oscila mais de 0,3 V, há um problema a caminho.
Diagnósticos confusos
Outro dado muitas vezes ignorado é o estado das massas e cablagens. Um mau contacto entre alternador, bateria e chassis pode causar quedas de tensão que confundem o diagnóstico. Um teste simples é medir a diferença de potencial entre o polo negativo da bateria e o corpo do alternador enquanto o motor trabalha: não deve ultrapassar 0,2 V.
Nos veículos modernos, o controlo da carga já não é puramente mecânico: é gerido pela centralina, que ajusta a tensão de acordo com o modo de condução e o estado de carga da bateria. Nesses casos, é essencial verificar boletins técnicos do fabricante e usar equipamento de diagnóstico capaz de ler os parâmetros de carga inteligentes.
Retificação defeituosa
O alternador também comunica “silenciosamente” através do ruído. Um zumbido irregular, variação de luz nos faróis ou interferência no rádio são sinais de retificação defeituosa. O uso de um oscilógrafo ou multímetro com função de AC permite confirmar se há fuga de corrente alternada, normalmente causada por diodos danificados.
Por fim, vale a pena lembrar que a melhor manutenção é a prevenção: substituir correias e tensores conforme o plano do fabricante, manter os terminais limpos e testar periodicamente o sistema de carga. Um alternador eficiente e uma bateria em forma garantem que toda a eletrónica — do sistema de injeção ao carregador USB — funcione em harmonia.
