A ignição é o coração de qualquer motor a gasolina. Quando falha, os sintomas são imediatos: perda de potência, consumo elevado e marcha irregular. Mas identificar a causa exata — se é vela, bobina, cabo ou centralina — nem sempre é simples. A tecnologia veio, no entanto, facilitar a vida das oficinas, permitindo observar em detalhe o que antes era invisível: o próprio pulso da faísca.
“Retrato elétrico”
Com os equipamentos de medição atuais, é possível visualizar a tensão, a duração e a forma do impulso elétrico que alimenta cada cilindro. O teste começa com o motor em funcionamento e os sensores ligados ao sistema de ignição. No ecrã, cada cilindro revela o seu “retrato elétrico”: uma linha de subida abrupta (a descarga da bobina), seguida de uma fase de queima estável e uma queda progressiva.
Uma faísca saudável apresenta uma tensão inicial elevada, seguida de uma queima uniforme durante alguns milissegundos. Já uma linha irregular, com picos, interrupções ou duração excessiva, denuncia fuga de corrente, desgaste da vela ou falha no isolamento do cabo.
A grande vantagem deste tipo de diagnóstico é a sua capacidade comparativa. O técnico pode analisar, em tempo real, o comportamento de todos os cilindros e identificar qual está a “falhar o ritmo”. Em motores modernos, onde as centralinas gerem, individualmente, cada bobina, este método permite localizar o problema sem desmontagens desnecessárias.
Substituição preventiva
Outro dado valioso é a medição da energia total da faísca. Um valor inferior ao esperado indica perda de eficiência, muitas vezes causada por uma resistência elevada nas velas ou cabos antigos. A substituição preventiva com base nestes dados reduz falhas, melhora o consumo e garante arranques mais rápidos.
Em suma, avaliar a ignição com precisão eletrónica é uma forma de devolver ao motor o seu desempenho original, com base em medições objetivas e não em suposições. A eletrónica não substitui o ouvido experiente do mecânico, apenas o torna mais apurado e científico.