Os carros elétricos já circulam em força nas estradas portuguesas e estão a “começar” a bater à porta das oficinas independentes. A transição é inevitável, mas exige uma adaptação profunda em três frentes: técnica, estrutural e humana.
Formação técnica
A primeira, é a formação técnica. A diferença entre reparar um veículo elétrico e um de combustão não está apenas na ausência do motor térmico, mas nos sistemas de alta tensão, que podem ultrapassar os 400 ou até 800 V.
Não há aqui lugar a amadorismos. Qualquer intervenção requer técnicos certificados em HV (alta voltagem) e familiarizados com procedimentos de isolamento, descarregamento e bloqueio elétrico. É, também, fundamental investir em EPI adequados, como luvas isolantes, viseiras e tapetes de borracha homologados.
Infraestrutura da oficina
A segunda frente, é a infraestrutura da oficina. O espaço deve dispor de uma zona isolada e sinalizada para trabalhos em veículos elétricos, com piso não condutivo e barreiras de segurança.
As ferramentas também precisam de estar à altura: multímetros e alicates amperímetros certificados para 1.000 V, chaves isoladas, ganchos de resgate e kits de primeiros socorros específicos para choques elétricos. Tudo deve estar devidamente calibrado e identificado.
Gestão e comunicação
A terceira dimensão, é a gestão e comunicação com o cliente. É importante explicar que o tempo de diagnóstico e os custos podem ser diferentes, já que muitos componentes são selados e exigem procedimentos controlados.
Criar um plano de manutenção preventiva para veículos elétricos — verificando cablagens, conectores, estado das baterias e sistemas de arrefecimento — é uma forma eficaz de fidelizar clientes e reforçar a imagem de confiança técnica.
Além disso, uma oficina preparar-se para a mobilidade elétrica significa, também, pensar no futuro do negócio. Instalar carregadores rápidos no espaço da oficina pode ser uma fonte adicional de receita e um atrativo para novos clientes.